Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), informou à Polícia Federal que entregou pessoalmente o dinheiro proveniente da venda das joias oficiais a Bolsonaro.
A Veja divulgou essa declaração, obtida por meio dos depoimentos do coronel após seu acordo de delação premiada que resultou em sua libertação em 9 de setembro, após 4 meses de detenção.
Antes de sua libertação, ele deu declarações à Polícia Federal (PF), admitindo sua envolvimento em dois casos sob investigação pelo Supremo Tribunal Federal (STF): a falsificação de cartões de vacinação e a tentativa de comercialização de joias, relógios, canetas e outros presentes recebidos por Bolsonaro de outras nações durante seu mandato como ex-presidente.
No episódio envolvendo a venda das joias, o coronel confessou sua participação na transação de dois relógios de alta gama recebidos pelo ex-presidente, confirmando também que entregou o valor obtido no negócio a Bolsonaro.
“O presidente estava preocupado com a vida financeira. A venda pode ter sido imoral? Pode. Mas a gente achava que não era ilegal” disse Cid em depoimento.
No caso dos cartões de vacinação, Cid admitiu a responsabilidade na tentativa de falsificar os registros do Ministério da Saúde ao criar documentos indicando que ele, sua esposa e filhas tinham recebido as doses contra a Covid-19. Segundo o militar, a intenção era obter um tipo de ‘salvo-conduto’ para eventual proteção em caso de perseguições futuras após o término do governo.
Roteiro golpista
O ex-ajudante de ordens também teve que esclarecer um roteiro de natureza golpista encontrado em seu celular, que mencionava a anulação das eleições do ano passado, uma intervenção no Supremo Tribunal Federal (STF) e a convocação de um novo pleito.
Na delação, conforme divulgado pela revista, Cid declarou que, dada a natureza de suas funções, seu telefone recebia inúmeras mensagens sobre variados temas e mais de uma pessoa lhe enviou planos extravagantes.
“Eu recebia um monte de besteira nesse sentido, de gente que defendia intervenção, mas não repassava para o presidente. Qual o valor daquele texto encontrado no meu celular?”, disse.
O coronel está agora sujeito a uma série de condições, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, permanecer em casa durante a noite e nos fins de semana, bem como comparecer semanalmente ao tribunal em Brasília.
A Polícia Federal não faz comentários sobre investigações em curso. O Correio buscou a defesa de Mauro Cid e Jair Bolsonaro, mas não recebeu resposta.