Nicolas precisa ajudar sua mãe no sustento dos sete irmãos vendendo bolos pelas ruas de Porto Alegre, sem conseguir realizar o sonho de estudar.
As dificuldades financeiras de algumas famílias mostram que a desigualdade social está presente em nossa sociedade e vem ganhando forças com as atuais crises econômica e sanitária do Brasil e do mundo.
O desemprego, o fechamento das escolas, a disseminação do coronavírus sem medidas cautelares dos municípios e governos trazem insegurança alimentar e tornam cada vez mais difícil suprir as necessidades mais básicas.
A redução do auxílio emergencial trouxe ainda mais instabilidade, e dados do estudo do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo (USP) mostram que 61,1 milhões de pessoas estão em situação de pobreza no Brasil e 19,3 milhões em extrema pobreza.
Segundo critério adotado pelo Banco Mundial, as pessoas pobres são classificadas dessa forma quando vivem com renda mensal per capita inferior a R$ 469 por mês. Os extremamente pobres são classificados dessa forma quando vivem com R$ 162 por mês.
Cada vez mais famílias têm passado por isso, assim como a de Nicolas Oliveira, de apenas 12 anos, que precisa ajudar a complementar a renda da sua casa vendendo bolo nas ruas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
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O caso foi compartilhado nas redes sociais pela criadora de conteúdo digital Kika, que afirmou que Tatiane, mãe solo das oito crianças, apesar das dificuldades enfrentadas, sempre se esforçou para que nunca faltasse alimento para nenhuma delas.
Aos 40 anos, Tatiane explica que não recebe ajuda de nenhum dos pais das crianças. Uma das crianças tem apenas um ano de idade, o que torna impossível que ela trabalhe fora. O filho mais velho, com 21 anos, tem caso grave de epilepsia, que também torna complicado que seja contratada em qualquer local, já que precisa cuidar dos dois integralmente.
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Uma das alternativas que encontrou foi fazer bolos para vender nas ruas, para que a renda consiga complementar o auxílio de R$ 200 que recebem. O benefício é insuficiente, assim como nem sempre o que vende consegue suprir as necessidades dos oito filhos, mas todo dinheiro que entra serve para comprar a comida para o dia.
Nicolas precisava ajudar a vender os bolos com a mãe, enfrentando o frio das ruas de Porto Alegre, tornando impossível conseguir conciliar com os estudos. Aos 12 anos, ele está no sexto ano, mas precisa acompanhar as aulas on-line por conta do fechamento das escolas com a pandemia, mas ele não tem notebook ou smartphone, e só consegue assistir quando a mãe lhe empresta o dela.
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A jovem que encontrou Nicolas naquela situação iniciou uma grande rede colaborativa e compartilhou em suas redes sociais a situação da família. Conversando com a mãe Tatiane, ela descobriu que a família mora em uma casa muito simples, em condições precárias, sem móveis, sem porta ou mesmo piso.
Eles não têm telhado, o que faz com que as crianças passem muito frio durante a noite, principalmente quando o tempo está muito úmido. Em apenas dois cômodos, os irmãos precisam dividir um único colchão na hora de dormir.
Com uma renda baixíssima e com muitos filhos, Tatiane precisa de apoio neste momento, por isso uma vaquinha on-line foi aberta para ajudar a família nessa situação. A vaquinha chegou a bater recordes, com mais de R$ 100 mil em menos de 10 horas, e atualmente está quase com R$ 116 mil de arrecadação.
A família vai poder reformar a residência, para que não precise mais passar frio dentro da própria casa, a mãe pode investir parte do dinheiro na produção de bolos, além de comprar itens pessoais para todas as crianças e material para Nicolas, como computador.