A Maçonaria moderna, de origem inglesa, é uma instituição com propósitos filosóficos, filantrópicos e educacionais, visando o progresso e a melhoria contínua de seus membros. O Grande Oriente do Brasil (GOB), a mais antiga associação de lojas maçônicas brasileiras, define-a dessa maneira.
Segundo a Super Interessante, o termo “maçonaria” vem do francês “maçon”, que significa pedreiro. A entidade surgiu durante o período em que grandes construções em pedra, como castelos e catedrais, eram comuns.
O símbolo maçônico remete aos instrumentos utilizados pelos pedreiros que eram hábeis na construção em pedra e guardavam esse conhecimento como um segredo.
Um ambiente de mistério
Cercada de mistérios, a Maçonaria é composta principalmente por homens, que se reúnem em lojas para estudo e planejamento de ações. Segundo a BBC, uma das percepções sobre os maçons é que “eles usam suas posições sociais e profissionais para beneficiar outros membros e a própria organização”. No entanto, os próprios maçons negam isso, considerando-o um “mito”.
Profissionais de diversas áreas, como políticos e médicos, são convidados a ingressar na associação por membros mais antigos.
Eles passam por um processo de entrevistas, análise de histórico e rituais, que são restritos aos integrantes e não costumam ser detalhados.
Como as religiões encaram a maçonaria
Em 1738, o Papa Clemente 12º emitiu uma proibição que impedia os católicos de se tornarem membros de lojas maçônicas.
Posteriormente, em um documento redigido pelo então cardeal Joseph Ratzinger, que mais tarde se tornaria o Papa Bento 16, a Igreja Católica declarou que “os fiéis que fazem parte das associações maçônicas estão em um estado de pecado grave e não podem receber a Sagrada Comunhão”.
Apesar disso, os católicos maçons não são mais sujeitos à excomunhão, como costumavam ser no passado. Entretanto, a visão dos evangélicos é um tanto distinta.
Quando os primeiros protestantes chegaram ao Brasil, foram bem recebidos pelos maçons, que os consideravam um grupo civilizatório capaz de contribuir para o processo de emancipação e desenvolvimento cultural do país.
Contudo, a presença de protestantes e pastores em lojas maçônicas começou a causar problemas. Um dos motivos que levaram à divisão na Igreja Presbiteriana do Brasil, resultando na criação da Igreja Presbiteriana Independente, foi a influência da maçonaria.
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Durante o século 20, as críticas católicas à maçonaria foram incorporadas pelos grupos evangélicos brasileiros. A maçonaria começou a ser associada ao satanismo, e essa aversão se disseminou principalmente entre os pentecostais, levando outras denominações a endossarem essa crítica.
Para muitos evangélicos, a maçonaria era vista como parte de um sistema com ambições de dominar o mundo.
Por se envolver em uma organização tão secreta, repleta de rituais e símbolos, a participação de um evangélico na maçonaria era considerada incompatível com a fé cristã.
Atualmente, em grande parte das igrejas evangélicas, ser maçom é considerado um pecado. No entanto, é importante ressaltar que essa visão não é unânime.
Algumas denominações mantêm uma postura de respeito em relação à maçonaria, embora alertem seus membros a não participarem de organizações que contradigam a fé cristã. A Igreja Metodista é um exemplo disso.
Atos reservados
Segundo informações da BBC, cada loja maçônica oficialmente se reúne quatro vezes por ano para cerimônias de admissão de novos membros, as quais podem durar cerca de uma hora. O que é discutido nesses eventos geralmente permanece confidencial entre os membros.
A mesma fonte destaca que as lojas maçônicas desaprovam que seus membros abordem questões políticas e religiosas. No entanto, um dos requisitos para ingressar nessas associações é a crença em um poder superior, pois os ateus não são admitidos.
Assistência fraternal
Segundo informações do Brasil Escola, a maçonaria, presente em todos os continentes, adota como lema a ciência, a justiça e o trabalho.
Seu foco reside na promoção da liberdade individual e coletiva, sem distinção de religião, raça ou nacionalidade. Baseia-se na fraternidade entre todos os seres humanos, considerando-os filhos do mesmo criador.
Os membros da maçonaria se auxiliam mutuamente e se referem uns aos outros como “irmãos”. Embora anteriormente fosse secreta, atualmente seus membros são identificados por assinaturas, símbolos ou mesmo pela discussão aberta sobre o tema.
Quanto à simbologia maçônica, a maior parte está relacionada a instrumentos utilizados na construção civil. Segundo o Brasil Escola, essa temática ressalta a importância do aprimoramento moral, intelectual e espiritual.
De acordo com a BBC Brasil, estima-se que existam mais de seis milhões de maçons em todo o mundo.
Quem são os maçons?
Personalidades históricas renomadas passaram pela instituição, como o político Winston Churchill e os escritores Oscar Wilde, Rudyard Kipling e Arthur Conan Doyle.
No contexto brasileiro, figuras como D. Pedro I, José Bonifácio, Gonçalves Lêdo, Duque de Caxias (Luis Alves de Lima e Silva), Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto, Prudente de Morais, Campos Salles, Rodrigues Alves, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Wenceslau Braz, Washington Luiz e Rui Barbosa fizeram parte da organização.
O atual senador pelo Rio Grande do Sul, general Hamilton Mourão (Republicanos), é membro do grupo. Durante uma sessão solene no Congresso Nacional em 2019, ele afirmou que “a contribuição do maçom à vida pública, política e social vem de longa data e distintas geografias”, como registrado pela Agência Senado. O ex-ministro do governo Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, também é maçom.
Segundo a BBC, em diferentes períodos históricos, a maçonaria foi acusada de conspirar e influenciar os bastidores políticos. De acordo com a coluna de Rubens Valente de 2020, uma parte significativa da maçonaria apoiou a campanha de Jair Bolsonaro em 2018.
A presença da maçonaria na história do Brasil é inegável, tendo inclusive desempenhado papel no governo. O maçom Benjamim Constant hospedou uma reunião em sua casa que decidiu pelo fim do Império em novembro de 1889.
Participaram Campos Sales, Prudente de Moraes, Silva Jardim, Rangel Pestana, Francisco Glicério, Ubaldino do Amaral, Aristides Lobo e Bernardino de Campos.
Com o apoio de um militar de destaque, também maçom, Deodoro da Fonseca, eles consumaram o golpe final, de acordo com o Brasil Escola, contra o regime que ajudaram a estabelecer. Assim começou um período de três décadas de influência nos destinos do país.
A ordem maçônica alcançou o auge do poder político, uma era que durou até 1930, com a ascensão de Getúlio Vargas à presidência.