Nas redes sociais, é bastante comum encontrar vídeos que exibem moedas com erros na cunhagem, como números ausentes ou mal posicionados, por exemplo. Para colecionadores, conhecidos como numismatas, essas imperfeições podem ter um alto valor de mercado, chegando ao ponto de moedas de R$ 1 valerem até R$ 400.
Em entrevista ao G1, Leandro Tavares, um colecionador de moedas de Campinas (SP), explicou o funcionamento desse mercado de colecionismo e compartilhou detalhes sobre seu hobby, que ele pratica desde os 8 anos de idade. Apaixonado pela numismática, Leandro chegou até a realizar um curso de pós-graduação sobre o assunto.
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💰 O que é numismática?
A numismática é, de fato, o estudo de moedas e outros objetos que têm formato semelhante ao de moedas, como fichas e medalhas. No entanto, para que esses objetos se enquadrem nesse campo de estudo, é necessário que em algum momento tenham tido um valor nominal e tenham sido emitidos por uma autoridade governamental.
Conforme explicado por Tavares, a numismática não se restringe apenas ao estudo de moedas, mas também abrange cédulas, medalhas e outros objetos que foram utilizados como meios de troca ou pagamento, desde que em algum momento tenham tido um valor reconhecido e que tenham sido emitidos por uma autoridade governamental.
Isso significa que até mesmo fichas de máquinas de refrigerante e fichas de ônibus, que ocasionalmente podem ter algum valor, são consideradas objetos de estudo na numismática, desde que tenham essas características.
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O químico fala que o colecionismo de moedas é o terceiro mais praticado no mundo, atrás apenas de aquarismo e filatelia, que são a criação de peixes ou outros seres aquáticos para fins ornamentais e a coleção de selos, respectivamente.
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✨ Quais são os defeitos valiosos?
Dentro do universo do colecionismo, há pessoas que se concentram em períodos específicos, locais ou até mesmo temas particulares, como moedas comemorativas ou moedas estampadas com o rosto de personalidades históricas. No entanto, também existem colecionadores que se especializam em itens originalmente defeituosos. Essa tradição, de acordo com Leandro, teve origem nos Estados Unidos e atrai entusiastas que buscam objetos que fogem do padrão de produção e que, devido a suas imperfeições, podem ser raros e valiosos para os colecionadores.
“Quando você coleciona moedas do seu próprio país, após algum tempo, acaba adquirindo todas elas. Foi então que as pessoas começaram a buscar algo a mais, e, embora existam alguns defeitos bastante peculiares, a Casa da Moeda continua produzindo uma grande quantidade”, destaca ele. Isso evidencia como os colecionadores frequentemente buscam variedade e raridade em suas coleções, o que pode incluir moedas com defeitos únicos e incomuns.
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No entanto, devido à sua excentricidade, as moedas que apresentam algum tipo de erro acabam chamando a atenção, e os vídeos no YouTube contribuíram para a sua disseminação. Isso gerou até mesmo algumas lendas, como a história da “perna de pau”, que se tornaram populares no universo dos colecionadores de moedas com defeitos.
“Teoricamente, seria uma moeda das Olimpíadas do atletismo paralímpico, com a imagem de um atleta paralímpico em ambos os lados e sem a inscrição de R$ 1. Você pode encontrar vídeos na internet onde afirmam que essa moeda vale R$ 20.000, enquanto outros dizem que vale R$ 100.000, mas, muitas vezes, as pessoas não explicam detalhadamente no vídeo,” explica ele.
A controvérsia gerou debates entre os colecionadores e, de acordo com Leandro, chegou a obter um parecer da Casa da Moeda. Eles afirmaram ser impossível produzir uma moeda com as mesmas imagens em ambos os lados, porque os cunhos, que são as imagens gravadas nas moedas, não se encaixam nas máquinas de produção.
Isso esclarece a origem da confusão sobre essas moedas e como questões técnicas da produção numismática podem afetar as coleções.
“São produzidos intencionalmente em tamanhos diferentes para evitar esse tipo de situação. Portanto, se essa moeda realmente existe, é provável que seja falsa,” revela Leandro.
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Leandro enfatiza que erros de impressão também ocorrem em cédulas. Nesses casos, todo o lote precisa ser descartado, e uma nova tiragem é feita com a mesma numeração, mas acompanhada de um asterisco que indica a segunda edição.
Encontrar uma cédula do lote que deveria ter sido destruído é uma ocorrência rara, e embora ela não tenha valor monetário, pode alcançar preços significativos entre os colecionadores. Isso destaca como a raridade e a curiosidade desempenham um papel importante no mundo do colecionismo.
“O interesse das pessoas em possuir uma determinada moeda é um fator que pode elevar consideravelmente os preços. Alguns erros podem valer entre R$ 500 e R$ 1.000, mas valores na faixa de R$ 20.000 a R$ 100.000 são mais resultado da especulação na internet do que da realidade do mercado”, pondera Leandro.
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🏦 Como funciona o mercado?
Na busca por adquirir um item que está faltando em suas coleções, os colecionadores acabam criando um mercado que segue os princípios da oferta e da procura, conforme explica Leandro. O interesse das pessoas em possuir determinada moeda é um fator que contribui para elevar os preços.
Leandro lembra de uma moeda de R$ 1, lançada em 1998, que apresentava a Declaração dos Direitos Humanos em uma das faces. Apesar de ter uma tiragem considerada baixa, com apenas 600 mil unidades, essa moeda adquiriu um alto valor entre os colecionadores devido à sua escassez e ao interesse específico pelo tema.
“Todo mundo queria essa moeda em sua coleção, então, apesar de ser uma moeda de R$ 1, o preço dela agora está estabilizado em torno de R$ 300 a R$ 400,” explica Leandro. Isso ilustra como a demanda entre os colecionadores pode fazer com que o valor de uma moeda seja muito maior do que seu valor facial.
Dessa forma, a antiguidade não é necessariamente o único fator que determina um valor mais alto para uma moeda. Moedas do fim do Império e início da República, que foram produzidas em grande quantidade, podem ser encontradas por cerca de R$ 20, enquanto outras mais recentes, como a moeda de R$ 1 com a bandeira olímpica de 2012, podem valer entre R$ 100 e R$ 150.
Essa mesma lógica se aplica a itens estrangeiros. Segundo o colecionador, é possível encontrar moedas do Império Romano sendo vendidas por R$ 50. Isso evidencia como a raridade, a demanda e o interesse específico dos colecionadores desempenham um papel crucial na determinação do valor de uma moeda, independentemente de sua antiguidade.
“O Império Romano era muito vasto, e eles produziam uma grande quantidade de moedas, pois não havia outras formas de dinheiro na época. Para atender a uma região tão extensa, com milhões de habitantes, eles emitiam uma grande quantidade de moedas. Quando as pessoas partiam para a guerra, essas moedas muitas vezes eram enterradas. Se alguém morresse durante a guerra, por exemplo, as moedas ficavam lá enterradas até que alguém as desenterrasse. Hoje, temos uma quantidade considerável dessas moedas como resultado desse processo,” explica o colecionador. Isso ilustra como a história e o contexto histórico podem influenciar a disponibilidade de moedas antigas.
Assim como acontece com as cédulas, alguns colecionadores buscam números de série específicos, como aqueles que formam palíndromos, ou seja, números que podem ser lidos da mesma forma da esquerda para a direita e vice-versa. Esse é um aspecto adicional que adiciona um elemento de diversão e desafio ao hobby de colecionar dinheiro e moedas.
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💸 Qual a diferença entre falso e falsificado?
Dentro do vasto universo do colecionismo, que movimenta um mercado intenso de trocas, compras e vendas, uma questão que pode surgir é a falsificação. Leandro aponta que esse tema se divide em duas vertentes: os itens falsos e os falsificados.
O primeiro grupo configura mais uma possibilidade de coleção. São moedas que foram falsificadas em algum momento devido ao seu valor monetário, mas agora são colecionadas por sua singularidade como peças falsas.
O segundo grupo, por outro lado, envolve a fraude, em que itens são produzidos atualmente para parecerem antigos e enganar os colecionadores. Isso destaca a importância de os colecionadores estarem atentos à autenticidade dos itens que adquirem, especialmente quando se trata de objetos de valor histórico e colecionável.
“É comum encontrar moedas falsas, e há até uma categoria de colecionismo dedicada a moedas falsas de época […] a moeda falsificada é produzida com materiais diferentes dos originais, mas com a aparência que reproduz uma moeda famosa ou de alto valor para colecionadores,” explica Leandro. Isso demonstra como o colecionismo é um campo vasto e diversificado, que abrange até mesmo moedas falsas historicamente interessantes.
Leandro observa que, na maioria das vezes, a falsificação ocorre com itens que originalmente seriam feitos de prata e ouro, mas são produzidos com outros materiais, o que pode ser percebido por diferenças no peso e no diâmetro.
Felizmente, existem instituições especializadas que analisam e emitem certificações para garantir a autenticidade das moedas, auxiliando os colecionadores na identificação de itens genuínos. Isso ressalta a importância da autenticidade e da verificação de itens valiosos no mundo do colecionismo.
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🧩 O que compõe uma coleção?
Comecei com oito anos, quando ganhei uma moeda da Prússia do meu bisavô […] Aquilo me fascinou, e eu fiquei imaginando nas mãos de quem essa moeda de prata já passou. O que será que dava para comprar naquela época?, recorda o químico.
Leandro começou a comprar qualquer moeda que encontrasse e, aos 12 anos, sua coleção começou a se concentrar em moedas de diferentes países. Atualmente, ele possui cerca de 600 itens em sua coleção, que incluem moedas com a representação de personagens famosos da história. Essa história destaca como a paixão pelo colecionismo muitas vezes começa cedo e pode levar a uma coleção diversificada e enriquecedora.
“Eu tenho moedas de Marco Antônio, Cleópatra, Alexandre o Grande, Genghis Khan, figuras icônicas da história. Eu tento encontrar uma moeda emitida para cada um desses personagens”, diz Leandro. Sua coleção de moedas com representações de figuras históricas ilustra como o colecionismo pode se tornar uma jornada fascinante de exploração e aprendizado sobre o passado.
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