O ministro do Supremo Tribunal Federal foi hostilizado em frente a um hotel, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e afirmou que eles “merecem e terão aplicação da lei”.
Após um resultado inesperado pela extrema-direita nas eleições presidenciais deste ano, várias manifestações antidemocráticas e pedidos de intervenção militar têm ocorrido em algumas partes do Brasil e até mesmo em outros países. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, foi hostilizado por apoiadores do atual chefe do Executivo Jair Bolsonaro (PL), em frente a um hotel em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Na ocasião, Moraes declarou, de acordo com reportagem da Carta Capital, que os “extremistas antidemocráticos merecem e terão a aplicação da lei”. Além disso, ele explicou em seu Twitter que a população brasileira tinha se manifestado livremente, e que a Democracia tinha vencido. “O Brasil merece paz, serenidade, desenvolvimento e igualdade social”, afirmou.
Mas não foi apenas Moraes que sofreu ataques da extrema-direita, o ex-presidente Michel Temer (MDB) e os ministros Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Carmen Lúcia e Ricardo Lewandowski também foram vítimas da hostilidade. Todos estavam participando do Lide Brazil Conference, um encontro de empresários brasileiros no Harvard Club of New York (HCNY).
Nas imagens que circulam nas redes sociais, os manifestantes gritam e xingam as figuras públicas enquanto se deslocavam até um veículo estacionado na frente ao hotel, e é possível ouvir frases em tom de ameaça a Gilmar Mendes, que diziam: “O que é seu está guardado, seu bandido”. Eles ainda seguravam cartazes pedindo a intervenção militar e vestiam as cores da bandeira do Brasil, sinais apontados como frequentes em manifestações antidemocráticas.
O ministro Luís Roberto Barroso acabou sendo abordado por uma mulher na Times Square, que gravou a interação dos dois, e ainda fazia afirmações que declaravam que a democracia brasileira iria cair. “Nós vamos ganhar essa luta. O senhor está entendendo? Que a gente vai ganhar essa luta, cuidado. O povo brasileiro é maior do que a Suprema Corte”, disse nas gravações.
Diante da abordagem agressiva da mulher, Barroso acabou entrando em uma loja para que ela parasse de segui-lo. “Não seja grosseira. Tchau, minha senhora. Passar bem”, disse o ministro como as imagens registram. No local onde a maioria das manifestações antidemocráticas ocorreram, os ministros estavam hospedados, por isso a repercussão.
Deputada eleita e barrada em evento
Ainda no mesmo evento, a deputada eleita pelo PL, Carla Zambelli tentou se infiltrar no Lide Conference Brazil, mas como não tinha ingresso, acabou tentando invadir o local. A jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, foi quem explicou a situação em sua coluna, e por mais que ela tentasse articular com figuras importantes no evento a sua possível liberação, ainda assim acabou ficando de fora.
Zambelli viajou para os Estados Unidos depois de perseguir um homem negro nas ruas de São Paulo, alegando que tinha sido empurrada e xingada pelo eleitor. De acordo com as imagens, e com os depoimentos de testemunhas no local, a parlamentar não chegou a ser empurrada, e a discussão não tinha passado do nível verbal até que ela se desequilibra sozinha e passa a perseguir o homem, entrando em estabelecimentos e passando ao lado de transeuntes, sob forte risco de atingir pessoas inocentes.
A deputada entrou em contato com bancos e corretoras para ter o acesso liberado na conferência, mas explicou à colunista da Folha que não tinha conseguido. “Não consegui, infelizmente. Eu iria hoje”, explicou para Bergamo. O evento foi organizado pelo ex-governador de São Paulo, João Dória, e contou com a participação dos magistrados.