Oito de dez colegas do Judiciário acompanharam apuração de votos ao lado de Moraes.
No domingo passado, segundo turno das Eleições 2022, quando o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, se deslocou até o diretor-geral da PRF para tratar uma ocorrência.
Segundo o jornal Extra, na ocasião, ele se reuniu com Silvinei Vasques da Polícia Rodoviária Federal para debater sobre as operações da corporação voltadas ao transporte de passageiros, que atrasaram a chegada de eleitores aos locais de votação, principalmente na região Nordeste.
Vasques surpreendeu ao se declarar fã do ministro quando entrou no gabinete e saiu dele garantindo suspender a blitzes, depois do magistrado cobrar providências. O bem-sucedido episódio resume a atuação de Moraes ao longo de todo o processo eleitoral.
Naquele dia, alguns de seus aliados fizeram questão de demonstrar apoio no tribunal. Naquele momento, estavam Carmen Lúcia e Ricardo Lewandowski, integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF); Carlos Horbach, Sérgio Banhos, Benedito Gonçalves e Maria Claudia Bucchianeri, do TSE; além do vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet; Luís Felipe Salomão e Mauro Campbell do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Moraes foi categórico antes de se levantar para a audiência com o comandante da PRF. O próprio TSE autorizou o transporte gratuito de passageiros durante o segundo turno, e portanto, quaisquer obstruções a esse direito configurariam crime eleitoral.
Mesmo depois de ter costurado saídas pacíficas para os problemas enfrentados, Moraes foi duramente criticado tanto por bolsonaristas como petistas. Enquanto os primeiros acusaram o ministro de pressionar a PRF para deixar de exercer sua função, os demais se queixaram por ele não ter estendido o horário de encerramento da votação, tendo em vista que apoiadores de Lula, que eram maioria nos estados nordestinos, demoraram a chegar às seções eleitorais.
24 horas antes do segundo turno
Na véspera da votação, a deputada Carla Zambelli (PL – SP) foi flagrada correndo com arma em punho atrás de um simpatizante petista que a havia xingado, na grande São Paulo. O setor de combate à desinformação e inteligência do TSE elaborou um relatório a respeito do acontecimento. Interlocutores da Corte solicitaram o aguardo das conclusões do boletim de ocorrência feito pela Polícia Civil, antes de tomar qualquer medida contra Zambelli.
Mandato
O ministro da Corte ficará na presidência do TSE até junho de 2024. Até aqui, Moraes conseguiu formar alguns consensos em torno de si, como as votações coesas entre o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Benedito Gonçalves, e os ministros do Supremo que fazem parte do TSE – Carmen Lúcia e Ricardo Lewandowski.
Relembre momentos do processo eleitoral:
Jovem Pan punida
No dia 16 de outubro, atendendo a um pedido do PT, o TSE resolveu abrir uma ação para apurar se a rádio Jovem Pan estaria deixando de tratar os candidatos à Presidência com isonomia. Cerca de três dias depois, o plenário do tribunal obrigou a emissora a entregar direito de resposta ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, proibindo-a de veicular manifestações contrárias às afirmações do petista de que teria sido inocentado e até proibiu a JP de abordar o assunto, sob pena de multa. Entidades representantes de veículos de comunicação e a própria Jovem Pan classificaram a decisão como censura.
PRF retém ônibus
No segundo turno das Eleições 2022, desobedecendo a uma determinação do dia anterior de Alexandre de Moraes, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) fez uma série de operações relacionadas ao transporte de eleitores, sendo a maior parte deles no Nordeste, onde Lula teve mais votos, fazendo com que muitos levassem horas a fio para chegar a suas seções. Moraes convocou inclusive o diretor-geral da corporação, que prometeu a suspensão das ações. Ele foi criticado por bolsonaristas que alegavam que ele estaria impedindo a PRF de fazer seu trabalho e petistas que imploraram para que o horário de votação se estendesse.
Carla Zambelli armada
Quando Carla Zambelli surgiu armada perseguindo um homem que a xingou pelas ruas da capital paulista, o tribunal sob ordem de Alexandre de Moraes mandou retirar no dia 1ª de novembro, os perfis da parlamentar do ar nas redes sociais, depois de postagens que em sua análise incentivavam comportamentos beligerantes e ilegais, e poderiam tumultuar o processo eleitoral.