O mexicano Jorge Jaime está no Twitter há apenas um mês e já conta com mais de 35 mil seguidores.
Um dos principais motivos é que ele ama os animais. Prova disso é que ele foi mordido por uma cachorrinha, mas decidiu “inverter o mal” ao cuidar da vira-lata.
Os cachorros de rua, mesmo os mais dóceis, são capazes de atacar e morder. Afinal, para sobreviver, eles precisam se defender dos muitos perigos que os cercam.
Jorge Jaime vive na Cidade do México, capital do país, e se orgulha do amor pelas mascotes. Ele sai diariamente para alimentar os cães de rua que encontra no caminho e conta com o apoio dos internautas, que sempre contribuem para as boas ações do rapaz.
Jaime é muito bem-humorado. Em um dos seus posts, ele exibiu o seu cartão bancário, informando que estava sem fundos. Em poucas horas, ele conseguiu o necessário para encher os comedouros que espalha pelas ruas da cidade.
Em outra ocasião, uma mulher o parou na rua, perguntando se ele vendia tacos (uma iguaria muito popular no México). Ele respondeu que não, mas a bolsa estava sempre cheia de alimentos, para compartilhar com os cachorros da rua.
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O ataque
Alguns cachorros precisam ser alimentados através de grades, porque são muito bravos.
Mas Jaime não se importa e segue “fazendo o bem sem olhar a quem”. Quando alguém se admira por vê-lo dando comida através de muros e cercas, o mexicano simplesmente diz que “não pode entrar em propriedade privada”.
O mexicano coleciona algumas mordidas e muitos avanços dos cachorros com quem encontra no seu itinerário. A maioria dos peludos já o reconhece e se aproxima fazendo festa, mas, algumas vezes, os mais tímidos e medrosos atacam. É o caso desta vira-lata caramelo.
Ele a encontrou pouco depois de fazer a conta no Twitter, mas a cachorra não quis saber de muita conversa. Quando tentou acariciá-la, ela arreganhou os dentes e partiu para o ataque. O mexicano ficou com cicatrizes no braço.
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Mas, para o benfeitor quase anônimo, não basta oferecer apenas comida e água. Ele sabe que os pets – especialmente os que estão abandonados nas ruas – também precisam de afeto: um afago, uma conversa carinhosa, um gesto de incentivo. Por isso, ele insistiu com a vira-lata caramelo.
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Jorge insistiu no contato. A cachorrinha aceitou a comida. No início, ela estava desconfiada e se mostrou muito arisca. Com o passar do tempo, a cachorra se acostumou com a presença do amigo e hoje faz festa para ele diariamente. No Twitter, ele contou a história destes primeiros encontros – e obteve até o momento mais de 350 mil likes, 41 mil retweets e 2.500 comentários:
“Ela me mordeu e eu paguei com amor. Hoje, eu a alimento diariamente. Cães abandonados não são ruins, só que às vezes na rua eles têm de lutar pela vida. Agora, basta ela me ver e já corre na minha direção. Isso vale mais que uma mordida.”
A cachorrinha deve ter encontrado, em Jorge, um tipo de humano que ela não conhecia. Ela simplesmente reagiu da maneira como a natureza “equipa” os animais: atacou, antes que fosse atacada.
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Mas o mexicano sabia o que fazer para convencer a vira-lata de que não era uma ameaça, muito pelo contrário.
O abandono tende a embrutecer os seres. A cachorra vira-lata tentou se desvencilhar de um possível perigo e não são raros os casos em que animais investem contra humanos, gatos e cachorros: eles incorporam a máxima que diz que “a melhor defesa é o ataque”.
“Amor com amor se paga”, diz um velho ditado. Este mexicano, que serve de exemplo para todos nós, decidiu pagar ódio com amor. Ao praticar esse gesto simples, o ódio desapareceu, porque perdeu a razão de existir. A sombra é apenas a ausência (provisória) da luz.
Para Jorge, o ataque da cachorra não representou um perigo. Ela não era uma presença ameaçadora, mas um ser desesperado por comida e, mais do que isso, pela atenção que pudessem lhe dedicar – mesmo que a vira-lata ainda não soubesse disso.