Atriz indígena Sacheen Littlefeather falece na Califórnia, no dia 2 de outubro.
A atriz e ativista indígena, Sacheen Littlefeather, nativa americana descendente yanqui e apache, morreu aos 75 anos na cidade de Novato, na Califórnia. Fontes informaram à Rolling Stone que a atriz estava acompanhada de seus familiares mais próximos. Em 2018, Littlefeather foi diagnosticada com câncer de mama em estágio 4, com metástase.
Pouco antes de sua morte, a atriz recebeu um pedido formal de desculpas por parte da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas após ter sido vaiada enquanto subia ao palco em 1973. Segundo o site Rolling Stones, aquela era a primeira vez que uma mulher indígena norte-americana subia ao palco da premiação da Academia. Seu discurso foi transmitido para 85 milhões de telespectadores no mundo inteiro.
“Lamentavelmente não posso aceitar este prêmio tão generoso. A razão para isso é o atual tratamento dos indígenas norte-americanos pela indústria do cinema e televisão”, teria dito ao subir ao palco na cerimônia do Oscar em 1973.
Cinquenta anos depois do episódio humilhante, o pedido de desculpas para a atriz partiu de David Rubin, que é atualmente o presidente da Academia de Hollywood. “O abuso que você sofreu foi injustificado. Por muito tempo a coragem que você mostrou não foi reconhecida”, disse em pedido de desculpas o presidente da Academia a Littlefeather.
Não há muitas informações sobre como Sacheen Littlefeather conheceu Marlon Brando. Em um dos relatos, ela teria dito que ambos se conheceram porque Brando tinha um grande interesse pelo movimento indígena.
Em 1972, Marlon Brando interpretou Vito Corleone, em um dos maiores filmes de todos os tempos, segundo a crítica especialista, O Poderoso Chefão. Por sua atuação, Brando foi indicado para Melhor Ator. Antes da premiação, segundo a revista Monet, Brando teria pedido a Littlefeather que ela aparecesse em seu nome. Sacheen disse depois que ela era o “estereótipo dos nativos americanos no cinema e televisão”. Foi nesse momento que Littlefeather recusou receber o prêmio que seria em nome de Marlon Brando.
Ainda segundo a revista Monet, Brando teria entregue a Littlefeather um discurso de oito páginas, que ela não conseguiu ler devido às restrições de tempo da cerimônia. O jornal New York Times publicou três dias depois, na íntegra, o discurso que seria realizado pelo ator. Depois do ocorrido, Sacheen disse que seu nome aparecia em uma “lista de indesejáveis da indústria cinematográfica”, o que terminou prejudicando a atriz para conseguir novos papéis.
Sua morte ocorreu após duas semanas de ter recebido os pedidos de desculpa da Academia, onde ela falou sobre seu fim eminente. “Estou cruzando em breve para o mundo espiritual e não tenho medo de morrer”, disse ela no evento organizado pela Academia, onde foi homenageada.
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À época, em 1973, Littlefeather, tinha 26 anos. Ela compareceu à cerimônia de premiação no lugar de Marlon Brando e seu boicote ao prêmio foi um ato de protesto contra o tratamento de Hollywood aos indígenas e uma tentativa de reconhecimento do Movimento Indígena Americano de Wounded Knee.
Vida pessoal
Marie Louise Cruz, mais conhecida como Sacheen Littlefeather, nasceu em Salinas, Califórnia, em 1946. Seu pai era nativo americano (Apache e Yanqui) e sua mãe tinha ascendência europeia. Após se recuperar de um problema em seus pulmões aos 29 anos, ela se forma em Saúde Holística e Nutrição com ênfase em medicina nativa americana, pela Universidade de Antioch. A atriz já teve câncer de cólon nos anos 90 e em 2018 desenvolveu câncer de mama em estágio 4, que era decorrente de um câncer de mama que ela estava em tratamento desde 2012.
Em uma entrevista de 2021 dada à revista americana The Wrap, Littlefeather disse pela primeira vez que o câncer havia metástase para o pulmão e que estaria em estado terminal.
Segundo informações da Rolling Stones, ela residia no norte da Califórnia e faleceu dia 2 de outubro de 2022, aos 75 anos de idade.