A barba começou a nascer quando ela chegou na puberdade, e desde então não parou mais, fazendo com que precisasse se depilar semanalmente.
A beleza da mulher é um tema público. Ao contrário do que muitos pensam, até mesmo questões mais íntimas como vida sexual, questões de saúde e até mesmo depilação são tratadas como de propriedade da sociedade. Não importa a idade, até mesmo meninas são colocadas no mesmo saco, sendo julgadas por seus cabelos, roupas e corpos.
Quando a mulher não está inserida nos padrões considerados convencionais de beleza, passa então a sofrer ainda mais com o preconceito, sendo excluída dos espaços, ganhando apelidos pejorativos e vendo até mesmo o círculo social diminuir. Para Dakota Cooke, de 30 anos, atingir a puberdade foi um dos momentos de maior desespero em sua vida.
Segundo reportagem do Metro, foi esse o momento em que percebeu que uma massa de cabelo estava crescendo em seu rosto. A insegurança em não se parecer feminina o suficiente, ainda mais em uma época confusa na vida de todos os indivíduos, acabou fazendo com que começasse a depilar o rosto duas vezes ao dia, com lâmina de barbear.
O julgamento começou aos 13 anos, e foram justamente homens que notaram que ela tinha pelos mais grossos e compridos no rosto. Ela conta que tudo começou com uma penugem de pêssego, mas que com o tempo começou a ficar mais longo e escuro. Um amigo da família foi quem apontou ao padrasto, que a levou ao médico e, posteriormente, ao salão de beleza, onde fez sua primeira depilação.
Dakota explica que sua adolescência acabou passando em uma época em que o estigma dos pelos – principalmente faciais em mulheres – era ainda maior, e sentiu desconforto em precisar se depilar com tanta frequência. Nos 10 anos seguintes, ela entrou no que chama de “espiral de vergonha”, tentando sempre esconder seu rosto em fotos e se depilar tanto quanto fosse possível.
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!["Mais sexy do que nunca." Mulher barbuda não se sente menos feminina por ter pelos faciais](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/08/4.jpeg)
A fase em que encarou a lâmina de barbear duas vezes ao dia foi quando conseguiu um de seus primeiros empregos no varejo, mais especificamente no departamento de maquiagem. Como os pelos eram visíveis, ela conta que raspava o rosto pela manhã e outra no intervalo, tudo para se encaixar no padrão estereotipado de beleza.
Como passava a lâmina com muita frequência no rosto, acabou ficando com cicatrizes e diversas erupções cutâneas, que disfarçava embaixo de quilos de maquiagem. O resultado era que o rosto estava sempre vermelho e irritado, carregando essas marcas até hoje. Mas tudo mudou quando decidiu mudar o rumo de sua vida, trabalhando em um local onde poucos imaginariam.
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Em 2015, um amigo contou sobre um trabalho no circo, e Dakota acabou se apaixonando pela ideia de se tornar uma mulher barbuda no palco, abandonando completamente as lâminas e a depilação, permitindo que seus pelos crescessem livremente. Foi essa possibilidade que acabou se transformando em um estopim para que começasse a se amar, mas o processo foi longo.
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Dakota revela que sentiu muito desconforto no começo, e precisou se esforçar muito para não se livrar dos pelos. Depois que a barba cresceu, ela ainda teve que lidar com a sensação de receber olhares com frequência, e passou da ansiedade para o estágio em que optou por não se importar mais com a opinião alheia.
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Atualmente, ela segue trabalhando no circo, interpretando a mulher barbuda, martelando pregos no nariz e andando sobre o vidro. A família e os amigos acabaram abraçando a personalidade de Dakota, e ela se sentiu ainda mais acolhida e amada, além disso, em suas redes sociais, passou a receber apoio do público, recebendo palavras de carinho com frequência.
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Apesar de fazer vários testes, não está claro o que causou os pelos faciais de Dakota, mas os médicos acreditam que seja algo a ver com suas glândulas suprarrenais, que produzem níveis elevados de testosterona. Dakota garante que, apesar de ser não-binária, gosta muito de se vestir de maneira feminina, usando maquiagem e vestidos.
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