Silvia Susana sempre fez questão de mostrar às demais pessoas que identidade e orientação sexual são coisas completamente diferentes.
A população mundial costuma encontrar dificuldades em diferenciar orientação sexual de identidade de gênero, termos talvez considerados recentes para a maioria das pessoas, mas que, para a academia e a comunidade LGBTQI+, é uma constante há décadas.
A orientação sexual se refere às preferências dos indivíduos, à maneira de exercer sua sexualidade e os desejos afetivos e/ou sexuais. Na orientação sexual, inserem-se as pessoas heterossexuais, as bissexuais, homossexuais, pansexuais e assexuais. Vale lembrar que não falamos de opção sexual, porque ninguém escolhe de quem vai gostar.
A identidade de gênero é algo completamente diferente e faz referência à forma de cada um se compreender no mundo, de maneira completamente íntima e particular. Nem todas as pessoas se sentem confortáveis com o gênero que foi escolhido para elas no momento do nascimento, por isso podem escolher mudar de gênero, ou transicionar entre eles, por isso existem as pessoas transgênero e as cisgênero, aquelas que se identificam com o gênero que lhes foi atribuído.
Para Silvia Susana Jácome, a sensação de que se identificava mais com o universo feminino veio ainda na primeira infância. Segundo reportagem do Infobae, ela se lembra de, já aos 2 ou 3 anos, querer entrar no mundo das meninas, dançando como elas, vestindo-se e socializando como elas.
Foi aos 7 anos, ao lado dos primos, que começou a perguntar se queria ser homem ou mulher. Eles tinham o hábito de se reunir para interpretar contos de príncipes e princesas, como uma espécie de teatro amador, mas certa vez uma das primas se ausentou, então Silvia se ofereceu para ser a princesa principal. As roupas a fizeram sentir-se bem, e mesmo que trouxesse conforto, a palavra transexual não existia naquela época.
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Mas as mulheres trans não necessariamente precisam se sentir atraídas por homens, e foi justamente isso que Silvia começou a compreender conforme crescia. Que as mulheres trans podem ser heterossexuais, preferindo sair com homens, lésbicas, preferindo mulheres, bissexuais ou até mesmo pansexuais, atraindo-se por todos os gêneros e identidades.
![Mulher trangênero lésbica recebeu críticas da mãe: “Por que transicionar, se não gosta de homens?”](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/04/capa-site-Mulher-trangenero-lesbica-recebeu-criticas-da-mae-Por-que-transicionar-se-nao-gosta-de-homens.jpg)
Foi durante um casamento, já adulta, que Silvia decidiu passar a se vestir como mulher, vivendo dessa forma, mas isso não agradou à companheira. Como ela não se sentia lésbica, viver com uma mulher se tornou um grande problema, e a separação acabou sendo o melhor caminho. Mas Silvia percebeu, nesse momento, que era lésbica, algo de que já tinha desconfiado a vida toda, mas que apenas a vivência pode trazer à tona.
A primeira pessoa que indagou dela a identidade de gênero, por conta da orientação sexual, foi a própria mãe. “Lembro que, depois de um tempo, minha mãe me perguntou se agora eu teria namorado ou marido. Dizendo a ela que não, que eu ainda gostava de mulheres, ela quase teve um ataque cardíaco”. Esse foi o momento em que a mãe passou a cobrar da filha os motivos de transicionar, se ainda “fazia coisas de homem”.
Se as pessoas não entendem completamente as pessoas trans, elas o fazem menos quando, como no caso delas, têm orientações sexuais diversas. “Há uma enorme confusão em muitas pessoas que pensam que orientação sexual e identidade de gênero são a mesma coisa. Para mim é importante que as novas gerações não se preocupem em se encaixar nos estereótipos que dizem que se você é uma mulher trans você deve necessariamente gostar de homens”.
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Silvia não se incomoda de mostrar que as pessoas trans não precisam se encaixar em estereótipos, pelo contrário, devem negá-los sempre.