Roseli Kuster, de 45 anos, viu a vida mudar através da educação. Estudante do último semestre de pedagogia, ela se apaixonou pela profissão ao trabalhar como auxiliar de serviços gerais em uma escola de São José, na Grande Florianópolis.
Foi no corredor da instituição onde hoje dá aula que entendeu a importância do processo de aprendizado desde a infância.
Uma lição que carrega desde então, e que relembra no dia 15 de outubro. A data celebra nacionalmente o Dia do Professor.
“A educação mudou a minha vida, mudou tudo ao meu entorno e me incentivou, inspirou. A educação é fundamental para mim. A gente repete muito isso, mas é verdade, muda a nossa vida e sem ela a gente não consegue realizar nossos sonhos” afirma.
Natural de Rancho Queimado, a estudante saiu da cidade com cerca de 2, 8 mil aos 32 anos após terminar um relacionamento que mantinha desde os 16.
Tinha apenas até a 4ª série do ensino fundamental quando chegou na região da Grande Florianópolis. Na capital, buscou emprego, onde trabalhou como doméstica e foi incentivada a voltar a estudar.
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Depois, encontrou uma vaga para serviços gerais em uma escola de São José, onde atuou com limpeza e se apaixonou pela educação.
“Sair como auxiliar de serviços gerais e voltar como professora é uma vitória” se orgulha.
Volta aos estudos
Ao aceitar o incentivo de avançar nos estudos “na cidade grande”, como relembra a mulher, foi matriculada com a ajuda de uma colega da escola na Educação de Jovens e Adultos (EJA) e finalizou o segundo grau através do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). Logo depois, emendou a faculdade.
Chamada de Rose pelas colegas do Centro de Educação Infantil (CEI) Los Angeles, em São José, a estudante atualmente é auxiliar de sala. Responsável por dois alunos, trabalha com educação especial desde maio deste ano.
Havia deixado a unidade em fevereiro de 2022, quando pediu demissão da empresa terceirizada responsável pela limpeza das unidades escolares do município para começar um estágio na área de educação em uma escola particular. Retornou cerca de três meses depois, quando passou pelo processo seletivo para a admissão de professores em caráter temporário.
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O trabalho com alunos que possuem deficiência foi outra paixão que descobriu ao dar os primeiros passos na carreira. “Uma colega disse que eu tinha esse perfil, aí fui para esse lado”, explica a mulher que também é mãe de menino de 10 anos com diagnóstico autista.
Apesar de voltar aos estudos quando mais velha, o fascínio e curiosidade de Rose com a escola vem desde a infância. A estudante de pedagogia ainda lembra do cheiro que a sala de aula da 4ª série revelava.
“Eu amava a escola, sempre amei. Era apaixonada pela professora, o giz no quadro, a borracha, era um lugar especial” comenta.
Antonieta de Barros criou data 15 anos antes da lei nacional
A data é uma lembrança também de uma das figuras públicas do Estado. Antonieta de Barros, primeira deputada negra do país, professora e jornalista catarinense, foi quem instituiu ainda em 1948 a data como o dia do professor no Estado. Somente 15 anos depois, um decreto federal foi assinado pelo então presidente da República João Goulart, em 1963.
A data escolhida por Antonieta faz referência a 15 de outubro de 1827, quando o imperador D. Pedro I lançou o decreto que instituiu o Ensino Elementar no Brasil. O documento previa as diretrizes curriculares e as condições de trabalho dos professores.
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Na justificativa para a criação da data, a catarinense enfatizou a importância do educador no desenvolvimento da sociedade: “Não há quem não reconheça, à luz da civilização, o inestimável serviço do professor”.
Antonieta nasceu em 1901 na antiga Desterro, atualmente Florianópolis, e foi eleita deputada na Assembleia Legislativa de Santa Catarina em 1934.