Quantas vezes você deixou de postar uma foto nas redes sociais porque acreditou que alguma sobra, celulite ou gordura estava aparecendo?
O uso das redes sociais e dos aplicativos que modificam as fotografias é cada vez mais popular. Estudos mostram que eles podem ter relação direta com a constante insatisfação que a maioria das pessoas têm com seus corpos, aumentando inclusive a procura por cirurgias plásticas que deixem os pacientes parecidos com filtros.
Pode parecer bobeira, mas um olhar mais profundo, principalmente entre os usuários mais novos das redes sociais, pode escancarar uma realidade dolorosa: jovens têm se sentido cada vez mais insatisfeitos com a própria imagem, e o principal vilão podem ser os filtros e programas de edição de imagem.
Desde 2020, documentos e estudos internos de redes como o Facebook estão chegando ao público, mostrando que as adolescentes são extremamente prejudicadas com as redes sociais. Segundo reportagem do The Wall Street Journal, 32% das meninas relataram que o Instagram as fazia se sentir mal em relação aos próprios corpos. Outros dados ainda mais chocantes mostram que 13% dos adolescentes britânicos e 6% dos americanos afirmaram que o desejo de tirar a própria vida veio do Instagram.
No fim de 2018, o Journal of The American Society of Plastic Surgens publicou uma pesquisa que mostrava que os médicos estavam percebendo uma tendência entre os jovens: eles estavam em busca de cirurgias plásticas no rosto que os deixassem mais parecidos com os filtros dos aplicativos de fotos. Os pesquisadores chamaram o fenômeno de “dismorfia do Snapchat”, e relataram preocupação, já que as pessoas estavam em busca de uma aparência inatingível.
A explicação para isso está justamente na constante exposição nas redes sociais a realidades construídas para ser perfeitas, e fotografias em que não se enxerga nenhuma mancha na pele ou linha de expressão. Obcecadas por sua aparência, as pessoas sentem necessidade de parecer com o que enxergam em suas fotografias, que deixam os limites entre o real e o imaginário completamente borrados.
Mas algumas mulheres estão em busca de quebrar esse ciclo da “perfeição” usando as redes sociais para mostrar como são os corpos reais em fotografias sem a aplicação de filtro ou edição de imagem. O movimento de mulheres que querem normalizar os corpos verdadeiros cresce a cada ano, e vai muito além de emanar positividade e gratidão com o biotipo dessas mulheres, mas reconhecem suas existências como políticas.
A quantidade de mulheres que mostram sua verdadeira aparência, questionando os limites dos impactos das redes sociais é enorme, e muitos usuários enxergam nelas a possibilidade de se sentir novamente livres das amarras da “perfeição” e dos padrões de beleza inatingíveis. Confira abaixo algumas mulheres que usam seus perfis para normalizar os corpos reais:
Mik Zazon
![Mulheres compartilham fotos “cruas”, sem edição, para normalizar corpos reais](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/02/2-Mulheres-compartilham-fotos-cruas-sem-edicao-para-normalizar-corpos-reais-315x400.jpg)
A influenciadora tem mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e fecha parceria com marcas apenas se puder manter sua máxima: “Normalize corpos normais”. Fotos de vários ângulos, manchas na pele e dobras na barriga, uma quantidade enorme de traços que todas as pessoas possuem, mas que ninguém ousa tornar públicos. O movimento que Mik Zazon alimenta auxilia milhares de jovens a aceitarem seus corpos exatamente como são, impactando positivamente na autoestima de cada um.
Danae Mercer
![Mulheres compartilham fotos “cruas”, sem edição, para normalizar corpos reais](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/02/3-Mulheres-compartilham-fotos-cruas-sem-edicao-para-normalizar-corpos-reais-400x393.jpg)
Com 2,4 milhões de seguidores, a jornalista Danae usa seu perfil para ajudar outras mulheres a se sentirem mais confortáveis nos próprios corpos, normalizando sobras, manchas, celulites e até usando os comentários depreciativos dos usuários para fomentar um debate saudável sobre os limites e o respeito na internet. Posando de diferentes ângulos, para mostrar aos seguidores que as fotos nas redes sociais são montadas e editadas, ela mostra que não existe perfeição, apenas enquadramento.
Abigail Beckwith
![Mulheres compartilham fotos “cruas”, sem edição, para normalizar corpos reais](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/02/4-Mulheres-compartilham-fotos-cruas-sem-edicao-para-normalizar-corpos-reais-400x400.jpg)
Com 62 mil seguidores, Abigail busca não apenas mostrar seu corpo real, mas também que é comum se sentir inseguro em relação à aparência. Em suas publicações, ela questiona o exagero da positividade corporal, exigindo que as pessoas se sintam extremamente gratas com suas aparências e felizes, algo fora da realidade. Em alguns dias, vamos nos sentir vulneráveis, inseguras e vamos questionar nossa beleza, mas isso não nos impede de tratar o corpo com carinho e celebrar cada dia como se fosse único.
Brynta
![Mulheres compartilham fotos “cruas”, sem edição, para normalizar corpos reais](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/02/5-Mulheres-compartilham-fotos-cruas-sem-edicao-para-normalizar-corpos-reais-400x366.jpg)
Outra influenciadora destaque quando o assunto envolve realidade corporal é Brynta, que tem 85 mil seguidores e uma infinidade de publicações falando abertamente sobre a necessidade de conversarmos sobre nossos sentimentos e não nos punir por não fazer parte do padrão de beleza. Odiando o próprio corpo por 26 anos, ela conta que nutriu expectativas surreais, acreditando que só seria feliz se fosse magra, mas concluiu que essa não é a realidade e não precisamos viver dessa forma.
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