Música boa pode te emocionar. Pode te comover, te fazer chorar.
Pode ser uma música que te faz rir. Mas a música que nós consideramos ruim também pode trazer outras emoções, como desconforto, irritação, desequilíbrio, incômodo, insatisfação, indisposição, perturbação, embaraço, impaciência, aversão, antipatia…
Então música boa é boa porque emociona? Músico bom é o que emociona os outros, o que se emociona?
Acredito que sentir é muito mais do que se emocionar. A emoção é uma parte muito importante do sentir, mas é uma parte.
Sentir com equilíbrio envolve o ser humano todo: pensar, sentir, agir, intuir…
E muitas vezes, sentimos sem intuição, ou pensamos sem emoção, agimos sem pensar, pensamos sem agir.
No entanto, nós somos tudo ao mesmo tempo. Sentir, pensar, agir, intuir, etc. Acredito que ser esse tudo que nós somos é ser mais nós mesmos. É ser de verdade o monte de coisa que somos.
Ao sentir só com a emoção, falta muito de nós, ficamos incompletos. Ao pensar sem agir, também somos só uma parte de nós. Da mesma forma, quando agimos sem pensar, nossas emoções mais sinceras podem estar longe de serem boas, equilibradas, autênticas ou harmônicas.
A música que emociona pode ser ruim porque pode estar ligada a emoções desequilibradas, incompletas, desarmônicas.
Assim como podemos ser desequilibrados, incompletos e cheios de defeitos, podemos nos emocionar e nos comover com música ruim.
Então, nossas emoções podem ser equilibradas, ou seja, podem estar em equilíbrio com o todo que somos, podem ser harmônicas. Música boa também pode te emocionar, porque a emoção faz parte desse monte de coisa que nós somos.
Porque a música boa é muito mais do que aquela que te emociona.
Música boa é aquela que conversa com pelo menos um pedaço do infinito que podemos ser.
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