Fechar a tampa do vaso sanitário antes de dar descarga é um hábito que muitas pessoas adotam para reduzir a dispersão de microrganismos pelo banheiro, um conselho respaldado por especialistas.
No entanto, um novo estudo da Universidade do Arizona concluiu que essa prática tem pouco impacto significativo na contaminação do ambiente.
Publicado na revista científica American Journal of Infection Control, o estudo analisou a trajetória da chamada “nuvem de privada” que se forma com a agitação da água durante a descarga.
Essa nuvem é composta por gotas grandes e pequenas gotículas que podem percorrer grandes distâncias, carregando microrganismos como a bactéria E. coli ou vírus presentes nas fezes ou urina da pessoa que usou o vaso.
Os primeiros experimentos para investigar se essa nuvem poderia contaminar superfícies foram realizados nos anos 1950.
Em 2022, especialistas da Universidade do Colorado conseguiram visualizar as partículas ejetadas do vaso sanitário utilizando uma combinação de laser verde e câmeras.
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Eles descobriram que essas partículas alcançam até 1,5 metro acima do vaso em apenas oito segundos. As menores partículas, com menos de 5 mícrons, permanecem suspensas no ar por mais de um minuto.
A prática de fechar a tampa do vaso antes de dar descarga já foi recomendada por alguns estudos anteriores. E
m 2019, pesquisadores da University College Cork espalharam sensores de aerossóis em um banheiro compartilhado durante uma semana.
Eles concluíram que manter a tampa do vaso fechada durante a descarga reduzia a quantidade de partículas entre 30% e 60%.
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Apesar dessas recomendações, o estudo mais recente da Universidade do Arizona sugere que a diferença na contaminação ambiental é mínima, questionando a eficácia desse hábito como medida preventiva significativa contra a dispersão de microrganismos.
No novo estudo, os cientistas observaram que “o benefício de fechar a tampa antes da descarga para reduzir a contaminação não foi demonstrado empiricamente” e, liderados pela pesquisadora Stephanie Boone, decidiram investigar a questão.
O experimento foi realizado utilizando a bactéria E. coli e o colífago MS2, que não é patogênico para humanos ou animais, mas é um modelo conveniente para estudos de contaminação. Os pesquisadores utilizaram um banheiro dentro de um escritório como cenário para o experimento.
As privadas foram contaminadas com MS2 e a descarga foi ativada. Após um minuto, amostras foram coletadas de várias superfícies do banheiro, incluindo o assento e o interior do vaso, três pontos do piso e as paredes laterais. Essas amostras foram então analisadas em laboratório.
Resultados do estudo
A conclusão foi que não houve diferença estatisticamente significativa entre as amostras coletadas com a tampa do vaso fechada ou aberta.
A principal distinção entre os dois cenários foi a trajetória da nuvem de partículas: no caso da tampa fechada, as partículas faziam uma curva em direção ao chão, em vez de serem lançadas para o alto.
Para a nossa surpresa, a contaminação por MS2 no assento do vaso, tanto na parte de cima quanto na de baixo, ficou baixa, independentemente de a tampa estar fechada ou aberta na hora da descarga escreveram os pesquisadores
Eles acreditam que o uso de um banheiro público no teste, com uma descarga mais potente, pode ter lançado as partículas mais longe da origem.
Recomendações de higiene
De acordo com a pesquisa, o uso de um desinfetante, como lisofórmio, antes da descarga na água do vaso, junto com a escovação do interior do vaso, ajuda a reduzir a contaminação.
Os pesquisadores enfatizam que a limpeza constante do vaso sanitário é especialmente importante no caso de alguém na casa ter o sistema imunológico comprometido. Se há uma pessoa infectada por vírus em um ambiente compartilhado, também é crucial redobrar os cuidados com a higienização do banheiro.
Em resumo, o estudo sugere que, embora fechar a tampa do vaso sanitário antes de dar descarga possa alterar a trajetória das partículas, não há evidências empíricas significativas de que isso reduz a contaminação do ambiente.
A limpeza regular e o uso de desinfetantes continuam sendo as melhores práticas para manter a higiene do banheiro.