Voos comerciais evitam cruzar a Antártida, optando por rotas alternativas que desviam da América do Sul em direção à Austrália.
Essa escolha se deve às rígidas regulamentações da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), especialmente as regras conhecidas como ETOPS (Operações de Voo com Tempo de Sobrevoo Estendido).
Anteriormente chamadas de Padrões de Desempenho de Operação de Aeronaves Bimotoras de Longo Alcance, as regras ETOPS exigem que aeronaves bimotoras possam chegar a um aeroporto adequado em até 60 minutos de voo, o que as impede de sobrevoar áreas como desertos, oceanos e regiões polares.
Essa limitação, no entanto, foi flexibilizada ao longo do tempo, permitindo que alguns modelos bimotores realizem voos de longa distância que antes eram proibidos.
A sigla ETOPS é às vezes reinterpretada como “Engines Turn Or Passengers Swim” (Motores Ligados ou Passageiros Nadam), destacando a importância da confiabilidade dos motores nesse tipo de operação.
Uma aeronave certificada pela ETOPS deve ser capaz de voar por até 60 minutos com apenas um motor funcionando, garantindo um pouso seguro em caso de falha do outro motor.
Essa regra foi estabelecida na década de 1950, quando as aeronaves bimotoras eram menos confiáveis e um tempo de 60 minutos para alcançar um aeroporto alternativo era considerado adequado para emergências.
As condições extremas da Antártida, com temperaturas que podem atingir -70°C, representam desafios sérios para as aeronaves.
O frio intenso pode afetar os motores, sistemas hidráulicos e até congelar o combustível abaixo de -47°C. Além disso, os fortes ventos e as tempestades de neve aumentam o risco de acidentes, tornando a região desfavorável para voos comerciais.
Em caso de pouso de emergência, os passageiros enfrentariam um ambiente extremamente hostil, necessitando de roupas especiais para suportar o frio extremo.
No entanto, equipar todos os voos com esse tipo de equipamento é impraticável para as companhias aéreas, dada a complexidade e custo envolvidos.
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O que é a ETOPS?
A certificação ETOPS, que em inglês significa Extended Twin Engine Operations e em português é traduzida como “Operações Prolongadas com Aviões de Dois Motores”, é uma autorização crucial no cenário da aviação.
Ela permite que aeronaves bimotoras operem em rotas que estejam a mais de 60 minutos de um ponto de pouso alternativo, garantindo a segurança em casos de panes ou emergências durante o voo.
Essa limitação de tempo foi estabelecida como uma norma de segurança pela FAA, Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos, nos anos iniciais da década de 1950.
Posteriormente, tornou-se uma recomendação da ICAO (Organização Internacional de Aviação Civil) a todos os países signatários da Convenção de Chicago de 1944, visando padronizar e garantir a segurança nas operações aéreas em todo o mundo.
Pela primeira vez, um Boeing 787 pousou na Antártida
![Por que não se pode sobrevoar a Antártida?](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2024/04/boeing_pousado_antartida.jpg.webp)
Um Boeing 787-9, transportando cientistas noruegueses, concluiu seu primeiro pouso na Antártida no final da noite do dia 15/11/2023
A aeronave, registrada como LN-FNC e pertencente à Norse Atlantic Airways, partiu de Oslo (OSL) na segunda-feira (13/11), fazendo uma parada na Cidade do Cabo (CPT), África do Sul, onde permaneceu por dois dias.
Por volta das 18h (horário de Brasília), iniciou sua jornada para a estação de pesquisa Troll (QAT), sob controle do governo norueguês, completando o pouso cinco horas depois.
A estação, operacional durante todo o ano, tem capacidade para abrigar até seis pessoas durante o inverno antártico, com possibilidade de expansão no verão. Situada cerca de 230 km da costa, na região de Jutulsessen, oferece condições propícias para pesquisas científicas diversas.
A companhia aérea responsável pelo voo possui uma frota composta por 15 aeronaves exclusivamente do modelo Boeing 787-9, todas elas com histórico de serviço anterior na Norwegian Air, em três países europeus distintos.