Que não tenhamos medo das mudanças, pois elas são a única oportunidade que temos de nos refazer.
Geralmente minha mente ferve com palavras…ferve as palavras!
Uma folha de papel em branco é como um prato vazio sendo estendido por um esfomeado implorando como banquete meus próprios termos.
À medida que eu ponho à “mesa” a minha fartura vocabular, vou esvaziando meu caldeirão mental e servindo-me com o que sobra…um vácuo sublime de paz!
No entanto, naquela segunda-feira, num horário gritante de fome – meio dia – minha panela mental parecia não ferver nada…ou não queria ferver coisa alguma!
Somente o eco chato do silêncio ressoava há dias como uma constante em minha razão.
Apenas o que de fato efervescia era um litro de água para preparar o macarrão que meu filho implorava para comer.
Ao jogar de forma apressada e de uma só vez aquele macarrão na água borbulhante, senti-me resistente como ele. Sim…era minha mania de querer ser inquebrantável.
Medo da água quente…da mudança. Em meio a estas reflexões já começando a fervilhar na minha mente, meu pequeno filho faz uma pergunta difícil de responder:
– Mamãe! Qual seu maior medo!
– Não sei! – Respondi sem querer responder.
– Vai mãe! Diz!
E o macarrão querendo ser resistente até as perguntas que se referiam a água quente do medo.
– Tenho medo do medo! Pronto!
-Respinguei água fria para não ferver mais. Estava com medo de responder. Queria minha mente vazia.
– Medo do medo?
– E ele me questionou achando graça. – Mãe…o medo não existe! Sabia? O medo é como se a gente estivesse num quarto escuro. Se acendermos a luz veremos que ele nunca esteve ali!
E eu ria e chorava com a lição que meu pequeno sábio me dava mais uma vez.
Ele tinha toda razão! O medo é nós que criamos…está dentro de nós e nunca fora.
É preciso enfrentá-lo às claras! Ele tem que ser a nossa água quente de impulsão para amolecer a resistência às mudanças.
Então…que não tenhamos medo das mudanças, pois elas são a única oportunidade que temos de nos refazer. As mudanças impõem que nos arrisquemos em meio à confusão para tentarmos ser felizes do nosso jeito.
Izabella Procópio