Existem algumas pessoas que fogem da preferência sexual considerada normal pela sociedade, com um comportamento denominado necrofilia.
A necrofilia é um comportamento sexual em que a pessoa tem atração sexual por cadáveres humanos, caracterizada pela excitação ao ver, imaginar ou ter contato com alguém que já faleceu. Considerado uma parafilia, por não seguir os comportamentos sexuais típicos, a necrofilia impacta a vida e a saúde do indivíduo, sendo um risco também para terceiros.
O assunto é muito sensível e, muitas vezes, pode ser perturbador para algumas pessoas, no entanto, saber sobre o tema é importante para a sua conscientização e prevenção, de modo a construir uma sociedade mais saudável, ética e preocupada para ajudar aqueles que sofrem esse tipo de transtorno. Além disso, falar sobre o assunto também pode ajudar as famílias que já sofreram com esse tipo de comportamento incomum de terceiros.
De modo geral, pessoas com necrofilia buscam prazer realizando atos sexuais com cadáveres, violando seus restos mortais. Apesar dos casos serem raros, mas chocantes, ele costuma estar associado a atos de vandalismo de sepulturas, para que possam concretizar seus desejos. A psiquiatria diz que os necrófilos tendem a sentir prazer somente por pessoas mortas, ou pelo menos, há mais atração por elas do que por pessoas vivas.
Mesmo que a necrofilia não seja tão comum, é importante salientar que esse comportamento, aliado ao ato sexual é crime no Brasil, previsto no artigo 212 do código penal, além de também ser discriminado em outros lugares do mundo. A seguir, iremos entender melhor as características dos necrófilos, quais as principais causas e fatores para esse tipo de comportamento, bem como a conscientização do assunto para a adoção de medidas preventivas adequadas na sociedade.
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Principais características da necrofilia
A necrofilia é caracterizada pelo interesse sexual por cadáveres humanos. Os necrófilos podem apresentar uma variedade de comportamentos associados a essa parafilia. Alguns deles incluem:
Fantasias sexuais recorrentes
Os necrófilos geralmente têm fantasias sexuais envolvendo cadáveres, que podem ser intrusivas e persistentes. Essas fantasias podem envolver toques, relações sexuais ou outras formas de estimulação sexual.
Profanação de túmulos
Alguns necrófilos podem se envolver em atividades ilegais, como profanação de túmulos, para obter acesso a cadáveres. Essas práticas são consideradas crime em praticamente todas as sociedades e são punidas por lei.
Interesse em corpos em diferentes estágios de decomposição
Alguns necrófilos podem ter preferências específicas por cadáveres em diferentes estágios de decomposição. Essa variação é conhecida como “necrofilia necrofílica”, onde a atração sexual está relacionada ao estado de putrefação dos corpos.
Atração por corpos não identificados
Alguns necrófilos podem sentir atração por corpos desconhecidos ou não identificados. Essa preferência pode estar relacionada ao anonimato e à falta de conexão emocional com o cadáver.
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Devido à natureza tabu e altamente condenável da necrofilia, os indivíduos que apresentam essa parafilia geralmente vivenciam um alto grau de isolamento social. Além disso, eles enfrentam um estigma significativo e podem ser vistos como perigosos e perturbadores pela sociedade.
Transtornos psicológicos subjacentes
Muitos necrófilos têm histórico de transtornos psicológicos subjacentes, como transtornos de personalidade, transtornos de conduta ou transtornos de controle dos impulsos. Esses transtornos podem contribuir para o desenvolvimento da necrofilia.
Dificuldade em estabelecer relacionamentos afetivos saudáveis
A necrofilia está associada à dificuldade em estabelecer relacionamentos afetivos saudáveis e satisfatórios com parceiros vivos. A atração por cadáveres pode servir como uma forma de evitar a intimidade emocional e a vulnerabilidade associadas aos relacionamentos humanos.
Comportamento obsessivo-compulsivo
Os necrófilos podem apresentar comportamento obsessivo-compulsivo em relação aos cadáveres. Eles podem sentir uma forte necessidade de buscar, tocar, manipular ou até mesmo violar os corpos mortos.
Causas e fatores de risco
A causa exata da necrofilia não é completamente compreendida, mas há várias teorias e fatores de risco que podem contribuir para o desenvolvimento dessa parafilia. Alguns deles incluem:
1. Transtornos psicológicos
Estudos sugerem que certos transtornos psicológicos, como a psicopatia, a esquizofrenia e a personalidade antissocial, podem estar associados à necrofilia. Esses transtornos podem afetar a capacidade de uma pessoa de desenvolver empatia e ter relações interpessoais saudáveis.
2. Traumas e abusos na infância
Experiências traumáticas na infância, como abuso sexual ou negligência, podem desempenhar um papel no desenvolvimento de parafilias, incluindo a necrofilia. O trauma pode distorcer a sexualidade e levar a padrões de comportamento desviantes.
3. Distúrbios de identidade sexual
Algumas teorias sugerem que distúrbios de identidade sexual e confusão de gênero podem contribuir para a atração por cadáveres. No entanto, é importante observar que nem todas as pessoas com esses distúrbios desenvolvem necrofilia e nem todos os necrófilos têm distúrbios de identidade sexual.
Tratamento e intervenções
O tratamento da necrofilia é um tema complexo e desafiador devido à natureza perturbadora e ilegal desse comportamento. É importante destacar que a busca por ajuda profissional é fundamental para os indivíduos que apresentam essa parafilia.
A terapia comportamental é uma abordagem comumente utilizada no tratamento da necrofilia. Esse tipo de terapia tem como objetivo ajudar o indivíduo a identificar e modificar os pensamentos distorcidos e fantasias relacionados à atração por cadáveres. Através de técnicas como a dessensibilização sistemática, o paciente é exposto gradualmente a estímulos que ativam sua atração pela necrofilia, enquanto aprende a controlar suas respostas e desenvolver comportamentos saudáveis e respeitosos.
A terapia psicodinâmica também pode ser útil no tratamento da necrofilia. Essa abordagem busca compreender as causas subjacentes do comportamento e explorar questões emocionais, traumas passados e conflitos internos que podem estar contribuindo para o desenvolvimento da parafilia. Através da psicoterapia, o indivíduo pode trabalhar no desenvolvimento de uma compreensão mais profunda de si mesmo e na resolução de questões que possam estar relacionadas ao seu comportamento necrófilo.
Em alguns casos, o tratamento farmacológico pode ser considerado como uma opção complementar. O uso de medicamentos como inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) pode ser prescrito para ajudar a controlar impulsos sexuais indesejados e reduzir a intensidade das fantasias e comportamentos necrófilos.
É importante ressaltar que o tratamento da necrofilia requer uma abordagem multidisciplinar, com o envolvimento de profissionais de saúde mental, médicos, psicólogos forenses e assistentes sociais. O suporte contínuo, a monitorização e a supervisão adequada são essenciais para garantir a segurança do indivíduo e da sociedade.
É fundamental que o tratamento seja conduzido com base na ética profissional, respeitando a privacidade do paciente e seguindo todas as leis e regulamentações vigentes. Além disso, o tratamento da necrofilia deve estar em conformidade com as leis criminais, garantindo a proteção das vítimas e o cumprimento das sanções legais.
Em resumo, embora não exista uma cura definitiva para a necrofilia, o tratamento visa reduzir o comportamento desviante, controlar os impulsos sexuais indesejados e promover o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis e respeitosos. A terapia comportamental, a terapia psicodinâmica e, em alguns casos, a intervenção farmacológica podem ser componentes importantes no processo de tratamento. No entanto, é necessário um acompanhamento cuidadoso e uma abordagem multidisciplinar para garantir a segurança do paciente e o respeito às leis e normas legais.
Prevenção e conscientização
A necrofilia é uma parafilia extremamente perturbadora e ilegal que envolve a atração sexual por cadáveres humanos. É importante destacar a necessidade de prevenção e conscientização sobre essa prática para proteger a dignidade dos mortos, bem como prevenir danos psicológicos e sociais aos indivíduos envolvidos. Abordar a necrofilia de forma científica e educativa é fundamental para promover uma sociedade mais saudável e ética.
Educação sexual abrangente
A prevenção da necrofilia começa com uma educação sexual abrangente e adequada. É fundamental que as instituições de ensino incluam em seus currículos informações sobre sexualidade saudável, consentimento, respeito aos limites e aos direitos dos outros, destacando a ilegalidade e imoralidade da necrofilia.
Conscientização sobre as consequências legais e éticas
É importante que a sociedade compreenda as graves consequências legais e éticas da necrofilia. Divulgar informações sobre as leis que criminalizam essa prática e as penalidades associadas a ela pode ajudar a dissuadir potenciais necrófilos e a promover um ambiente de respeito e cuidado com os mortos.
Abordagem em programas de saúde mental
Os profissionais de saúde mental desempenham um papel crucial na prevenção e tratamento da necrofilia. Programas de saúde mental devem incluir a orientação e o suporte adequados para aqueles que apresentam desejos ou tendências necrófilas, auxiliando-os a compreender e controlar seus impulsos, além de abordar quaisquer transtornos subjacentes.
Campanhas de conscientização pública
Campanhas de conscientização pública desempenham um papel fundamental na prevenção da necrofilia. Essas campanhas devem fornecer informações claras e acessíveis sobre os riscos e consequências dessa prática, destacando a importância do respeito aos mortos e a necessidade de denunciar casos suspeitos.
Apoio às famílias e comunidades enlutadas
A prevenção da necrofilia também envolve o apoio às famílias e comunidades enlutadas. É essencial fornecer suporte emocional, acesso a serviços de luto e recursos que ajudem as pessoas a lidar com a perda de seus entes queridos de maneira saudável. Isso pode reduzir a vulnerabilidade de cadáveres a possíveis atos necrófilos.
Pesquisa e estudos científicos
O avanço do conhecimento científico sobre a necrofilia é fundamental para a prevenção e tratamento dessa parafilia. Investimentos em pesquisas e estudos que buscam entender as causas subjacentes, fatores de risco e possíveis abordagens terapêuticas são cruciais para desenvolver estratégias eficazes de prevenção e intervenção.
Colaboração entre profissionais e autoridades
A prevenção da necrofilia requer uma colaboração estreita entre profissionais de diversas áreas, como psicólogos, psiquiatras, profissionais de saúde pública, legisladores e autoridades policiais. Essa colaboração pode ajudar a identificar casos suspeitos, melhorar os protocolos de investigação e garantir que os infratores sejam responsabilizados legalmente.
O que diz a lei brasileira?
A legislação brasileira aborda a necrofilia como um crime e estabelece penalidades para aqueles que se envolvem nessa prática perturbadora. De acordo com o Código Penal Brasileiro, a necrofilia é considerada um delito contra o respeito aos mortos, previsto no artigo 212 do código.
O artigo 212 estabelece que “violar ou profanar sepultura ou urna funerária” é crime, punível com detenção de um a três anos, além de multa. Essa disposição legal visa proteger a integridade e dignidade dos mortos, reconhecendo a importância de tratar com respeito os restos mortais das pessoas falecidas.
Além disso, é importante destacar que a necrofilia também pode ser considerada um agravante em outros crimes, como estupro de cadáver. Caso alguém pratique atos sexuais com um cadáver, estará sujeito às penalidades previstas para o crime de estupro, acrescidas das circunstâncias específicas relacionadas à violação de um cadáver.
No contexto da legislação brasileira, a necrofilia é claramente considerada uma conduta criminosa e imoral. O Código Penal busca proteger o respeito e a dignidade dos mortos, garantindo que atos de profanação ou violação de sepulturas sejam punidos de acordo com a gravidade do delito.
É fundamental que a sociedade esteja ciente das leis que criminalizam a necrofilia, a fim de prevenir e combater essa prática abominável. Além da dimensão legal, é importante promover a conscientização sobre os danos psicológicos, éticos e sociais que a necrofilia causa, enfatizando a importância de tratar os mortos com dignidade e respeito.
Em suma, a legislação brasileira considera a necrofilia como um crime contra o respeito aos mortos, sujeito a penalidades previstas no Código Penal. A lei busca proteger a integridade e a dignidade dos mortos, reforçando a importância do respeito aos restos mortais e garantindo que os infratores sejam responsabilizados por seus atos.
Palavras finais
Como dito anteriormente, a necrofilia, apesar de não ser completamente compreendida pelos estudiosos, é um comportamento em que o indivíduo se sente atraído sexualmente por pessoas que já faleceram. Considerado uma prática ilegal e moralmente repugnante para a maioria das pessoas, ela pode deixar marcas profundas tanto na vida dos necrófilos, quanto nos amigos e familiares que tiveram um ente querido violado do seu próprio túmulo.
Neste artigo, também pudemos entender que a necrofilia em si traz consigo trauma, abusos sexuais ou negligências durante a infância que podem levar a essa distorção do comportamento. Distúrbios como esquizofrenia ou de identidade sexual também podem ser um dos fatores que desencadeiam esse comportamento, por isso, é muito importante a conscientização das pessoas perante o assunto, como forma de prevenção.
Falar sobre educação sexual de modo abrangente e conscientizar as pessoas sobre o assunto, no geral, é fundamental para combater a necrofilia e garantir que a sociedade esteja informada sobre os riscos e consequências envolvidos. Além disso, também ajuda a proteger a dignidade das pessoas falecidas, o sofrimento de suas famílias e os danos psicológicos e sociais que esse comportamento pode desencadear.
Também é muito importante as campanhas de conscientização pública, programas de saúde mental, pesquisas científicas e a colaboração de profissionais da saúde para erradicar essa prática, promovendo uma sociedade mais saudável. Além disso, o tratamento de necrófilos precisa ser feito com profissionais multidisciplinares, como psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais, para ajudá-lo a identificar e tratar esse desvio de comportamento sexual.
Por fim, vale ressaltar também que preservar e respeitar a dignidade dos falecidos é o mínimo aceitável na sociedade atual. Para isso, as leis brasileiras servem como exemplo para que a conduta criminosa e imoral seja erradicada, e que seus atos sejam punidos de acordo com suas respectivas gravidades. O Código Penal garante assim a proteção e preservação dos restos mortais de todo ser humano, para que descansem em paz na eternidade.
*Nota: As informações e sugestões contidas neste artigo têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.