O amor quando não dito…
O cinema, ah o cinema. Nas telas do cinema encontramos todas as nossas fantasias sobre amor e relacionamentos refletidas nos personagens.
Todas aquelas demonstrações exuberantes, muitas vezes, ditas em público com uma trilha sonora incrível. Geralmente um casal super apaixonado, com defeitos, que, inicialmente, por algum motivo, tem dificuldade em ficar juntos, mas que ao final do enredo fazem loucuras para terem seu final feliz.
Particularmente eu gosto desses romances água com açúcar, mas não acho que os da vida real sejam menos charmosos porque na tela do cinema ou nas ruas da cidade existe amor.
Porém, as demonstrações públicas e tal, nem sempre são sinônimos de amor. O amor na maioria das vezes está escondido nos detalhes. O amor, geralmente, costuma ser mais discreto por natureza. O amor não tem ego.
Ele simplesmente é. Ele costuma aparecer em uma mensagem de “boa noite, durma bem”. Costuma aparecer em perguntas básicas do dia a dia como: “está tudo bem contigo?”, “você está se alimentando direito?” ou até mesmo “Leve um casaco que vai esfriar”.
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amor costuma aparecer de mansinho lhe dizendo “Eu li um livro que você precisa ler”, “Escutei tal música e lembrei de você” ou “Comprei pizza de calabresa porque lembrei que você não curte bacon”.
E é assim que acontece. Uma indicação de música, um convite para caminhar sem rumo, uma passada de mão no cabelo, um momento que ele a faz rir quando você tá zangada. Ou até mesmo quando você se pega imaginando algum futuro onde a pessoa esteja. Você nem sempre pede para a pessoa estar ali daqui a 6 meses, não há a mínima garantia disso, mas você torce para que esteja. É provável que você associe a risada da pessoa a cada expectativa de momento bom simplesmente porque é aquela gargalhada que você tem vontade de ouvir no final de um dia difícil.
Porque o amor, minha gente, ele não vem com uma etiqueta de identificação. Ele não traz consigo balões coloridos, um vestido lindo e uma valsa num castelo. Ele traz muito mais do que isso.
Ele traz conforto. Traz consigo uma sensação de calmaria quando você se imagina com a cabeça deitada no peito da pessoa. O amor não traz nenhum contrato atrelado consigo não. Isso é invenção da sociedade. O amor traz mais. Ele traz um desejo de que a pessoa esteja do nosso lado. Mas que esteja porque quer, porque gosta. Não porque se sinta obrigado a cumprir um protocolo, o amor não caberia em algo tão raso.
Inclusive o amor, esse sacana, não se importa com afinidades. Ele não tá nem aí se você quer dançar sertanejo e ele só sai de casa se for para comer. Não liga se você gosta de dormir o dia todo enquanto ele corre maratona. Nós amamos o cheiro da pessoa. A maneira como ela tem de nos deixar mais despreocupados. Amamos a preocupação que temos com a pessoa. E o quanto ela tem a capacidade de nos fazer querer ser melhores.
Não porque ela exija isso. Mas porque desperta essa vontade na gente.
No amor há respeito. Há admiração sobre quem o outro é. E acima de tudo isso que eu citei, só no amor há espaço para que sejamos quem somos, sem precisar montar um personagem ou camuflar nossas fraquezas.
O amor é digno!
Porém, nem sempre o fato de haver amor significa que tenha que haver um relacionamento, que tenha que haver casamento. Porque as pessoas têm o direito de escolha e por mais que possa haver amor, às vezes, as escolhas são outras. E paciência. A beleza do amor consiste nisso: existe sentimento, porém o amor não deve ser encarado como uma obrigatoriedade de nada. E tudo bem.
Os filmes nos fizeram acreditar que o amor tem que ser algo de fácil distinção, tem que ser bem visível para o mundo e tem que haver um “final feliz” recheado de flores, padre e bebês.
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Porém não. Você ama uma pessoa e vai continuar amando se ela não quiser ficar com você. Vai ter uma compreensão natural de que ver a felicidade dela importa mais que querer que ela esteja contigo mesmo que ela não tenha tomado essa decisão.
Porque a amor existe por si só. E ele acontece escondido entre a rotina, sem que na maioria das vezes tenhamos nos dado conta de que ele está ali.
Porque o amor, minha gente, só é visto por quem sabe amar e quem está atento aos detalhes, pois nem sempre ele vai ser dito, gritado ou demonstrado publicamente mas isso não significa que seja menos digno.
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