Eu poderia iniciar aqui com qualquer comentário clichê sobre o quanto o cheiro dele é peculiar, sobre as vezes que ele fica me olhando em silêncio como se aquele momento não fosse acabar nunca mais. Eu não tenho como costume eternizar em mim quem chega anunciando de uma forma sutil sua partida, é muito mais sobre mim, sobre me proteger do que é muito, muito bom e perigoso ao mesmo tempo. Lembrando aqui, ele também é engraçado, eu acho que foi aí que ele me pegou sabe, em um mundo onde as pessoas em sua maioria nos causam dores e decepções ele me fez sorrir, da maneira mais simples e mais eficaz. Ele também tem um abraço que fala, aquele tipo que aperta a gente, que envolve todo o corpo e diz bem baixinho, “oh, eu estou aqui viu”.
Ok! Eu não sei muito sobre ele, mas e daí? Sobre mim ele só sabe o trivial e que sou muito louca, (ele sempre repete isso e eu gosto). Para que eu teria que saber o que ele planeja daqui, sei lá dez anos, se eu não sei nem se estaremos juntos no próximo fim de semana.
A gente, depois de algumas dores, passa a querer programar as coisas, tentar identificar quem seria a pessoa ideal para a vida da gente, não existe esse negócio de metade da laranja, acredita em mim, como você pode não estar inteira o suficiente para receber a pessoa que estava a sua procura? Sabe a história do jardim, das borboletas de Mário Quintana? Pois é, é nossa responsabilidade cuidar do jardim, e eu tenho feito muito isso sabe.
Enfim, o meu “ele” não sei se é o certo, não sei por quanto tempo fica, não sei se preparo um café ou a vida, mas de uma coisa eu tenho certeza, enquanto ficar vai ser bom, vai ser recíproco, vai ser engraçado, cheio de grandes aventuras, risadas, vai ter sono, abraço, conchinha, vai ter eu e ele, e o ” Nós” a gente vai deixando para descobrir amanhã e amanhã e amanhã. Que seja eterno enquanto for recíproco!