De todos, o FOGO é o elemento mais nobre. Único capaz de juntar em um só ato ciência e espiritualidade. Como admirar o fogo sem sentir sua força sagrada na alma? Ou como fazê-lo sem tentar entender suas razões científicas?
Quem nunca gostou de sentar ao redor de uma fogueira em uma noite escura para contar histórias? Quem nunca testemunhou batismos e rituais preparados com fogo? Até as igrejas mantêm uma chama acesa em seus pontos mais sagrados. Uma energia misteriosa e brilhante, capaz de hipnotizar e levar nossa mente às mais profundas divagações.
Nosso fascínio pelo fogo data da Idade da Pedra, quando controlar este elemento selvagem era sinônimo de Poder e Proteção. O mais divino dos elementos, já que água, ar e terra eram facilmente acessíveis, ao passo que, por muito tempo, o fogo permaneceu reservado apenas aos Deuses, que de vez em quando “emprestavam” esta energia aos homens através de incêndios nas matas.
Mas afinal, o que é o fogo cientificamente falando? O que são suas chamas dançantes que tanto nos seduzem?
A origem do fogo só é explicada através do mundo quântico, mais precisamente nos átomos. O aquecimento de certos materiais chamados “combustíveis” (em regra formados por átomos de carbono e hidrogênio) enfraquece suas ligações atômicas, que passam do estado sólido ou líquido para o estado gasoso (processo chamado de “pirólise”). Estes gases, por sua vez, encontram átomos de “oxigênio” no ar, quando reagem quimicamente e movimentam seus elétrons de uma órbita para outra, causando a liberação de fótons (partículas de luz). Estas, são vistas como um brilho azul. Claro, que seria impossível enxergar a emissão de um único fóton saindo de um átomo. Porém, como são trilhões de átomos liberando luz no mesmo processo, enxergamos o que para nós é visto como uma “chama azul”.
O curioso é que esta chama azul NÃO É QUENTE. Poderíamos “tocá-la” sem nos queimar, SE não fosse o fato de que os átomos envolvidos, após suas reações químicas (transformando o combustível e o oxigênio em água e dióxido de carbono) estão vibrando a grandes velocidades. Quando aproximamos nosso o dedo destes átomos, os nossos próprios átomos (do dedo), são friccionados pelos átomos em vibração e tendem a vibrar também em alta velocidade. Neste instante, os átomos de nosso dedo se aquecem pelo atrito, causando a sensação de calor e a queimadura de nossas células.
Já as chamas amarelas, laranjas e vermelhas são um subproduto da queima. Quando já não há mais oxigênio suficiente para a emissão da chama azul (“pura”), começam a “sobrar” átomos de carbono nas reações químicas envolvidas. Estes átomos são a “fuligem” que, no meio do “calor” causado pelas vibrações dos átomos acaba incandescendo e brilhando (assim como quando se coloca uma agulha no fogo e ela “brilha”). Como são trilhões de átomos de carbono envolvidos e incandescendo, podemos observar este fenômeno na forma de uma “chama” amarelada, alaranjada e/ou avermelhada.
Portanto, a chama azul é emissão de luz do próprio átomo (“fogo puro”), enquanto as demais cores são resultados do aquecimento de átomos de carbono (incandescência), ou seja, da fuligem (“fogo impuro”).
Mas se por um lado a ciência explica a origem do fogo, como fugir da crença das salamandras (ou “Espíritos do Fogo”) quando as chamas mexem tão profundamente com nossa alma? Como ignorar a milenar purificação do corpo e do espírito pela cremação, incineração de detritos esta que devolve os elementos básicos da matéria ao Sol? Como não comparar sua “luz e calor” àquilo que nossa essência busca a cada dia de nossas vidas?
Afinal, fótons, vibrações de átomos, incandescência, chamas flamejantes e luz são, em última instância, subprodutos de uma Força muito maior que os átomos em si. De uma Energia, que está no imo do Universo e de todas as coisas, e que resulta na vida e em sua beleza.
No fundo das chamas, as salamandras continuam a brincar…
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Por: danielkaltenbach.com