A independência financeira e a autonomia da mulher são inegavelmente cada vez maiores. Mas o que podemos chamar de “independência emocional”, ou seja, a capacidade de nos sentirmos à vontade sem companhia, às vezes não segue o mesmo ritmo. Esse descompasso é responsável por muitas mulheres ainda não se aventurarem a viajar sozinhas. Sobretudo as que têm acima de 40 anos.
Conheço inúmeras moças na faixa dos 20 a 30 anos que acham uma bobagem o medo de viajar sozinha. Põem o pé na estrada ou no avião e vão ao encontro de emoções e aventuras, hospedam-se em albergues, fazem novas amizades e aproveitam a vida com segurança e confiança.
Já entre as um pouco mais velhas, muitas vezes separadas, com filhos criados e boa conta no banco, viajar sozinha é um desafio. Não faltam desculpas como medo da violência, de não falar outro idioma, de se perder, de ser enganada, de se sentir solitária, de não ter com quem conversar e por aí vai.
O fato é que a cultura brasileira ainda considera a mulher sozinha como abandonada ou com algum problema de relacionamento. Ainda temos muito viva a imagem de nossas mães sempre acompanhadas por seus maridos, quando muito por amigas. A mensagem pode ser inconsciente mas é tão forte que poucas são as que enfrentam essa crença e tomam a decisão de se aventurar em uma viagem solo. Não ter companhia é mais comum do que parece. Então por que não acabar com esse impedimento?
Se você está entre as que querem muito experimentar a liberdade de ir e vir pelo mundo mesmo sem companhia, aqui vão algumas dicas de quem enfrentou o mesmo medo e descobriu que não há independência maior do que a de estar onde quiser, quando quiser.
1. O primeiro passa é livrar-se do preconceitos de que mulher sozinha é mal amada. Você se ama e quer dar-se de presente uma viagem.
2. Imagine bem o roteiro que te faria se sentir bem. Não adianta escolher um local onde só existem casais, por exemplo. Busque itinerários que te agradem muito. Pode ser uma praia sossegada se seu objetivo é descansar lendo um livro, meditar, pensar na vida. Pode ser uma cidade cosmopolita com museus, bares e restaurantes onde sentar-se sozinha não vai atrair olhares reprovadores. Encontre seu roteiro de viagem ideal tendo em mente que você precisa se sentir plenamente confortável nele.
3. Aprenda a apreciar um almoço ou jantar em sua própria companhia. Existem alguns truques para não nos sentirmos tão sozinhas num restaurante, como ter um livro ou revista à mão para se distrair, usar o momento para colocar alguma conversa pela internet em dia, checar as fotos que foram tiradas, mas o que mais sugiro é você prestar atenção à sua volta. Enquanto você se delicia com seu prato e bebida preferidos, observe as pessoas, o local, como tudo funciona. Há restaurantes onde se pode interagir com o garçom, com um vizinho de mesa. Sinta-se à vontade e você verá que a refeição pode trazer boas surpresas.
4. Esteja atenta às oportunidades de conversa e interação. Estar sozinha abre absurdamente as portas para novos conhecimentos. Mais uma vez, a chave é prestar atenção. Seja educada e simpática, mas saiba quando sua presença não é tão bem-vinda e afaste-se para não incomodar. Sem melindres, é claro. Aceite as pessoas que conhecer com naturalidade. Não critique, não seja indelicada, nem invasiva.
5. Não caia na armadilha de achar que vai encontrar o príncipe encantando durante a viagem. Desta forma, o momento que poderia ser libertador, um verdadeiro encontro consigo mesma, pode tornar-se uma grande decepção. Paquerar é bom, você até pode conhecer uma pessoa interessante, mas por favor, aja com cautela. Se estiver em outro país, cautela tripla.
6. Carregue pouca bagagem. Como você não terá alguém para te ajudar, saiba que vai carregar sua mala em escadas de estações, nas ruas, em aeroportos. Seja comedida e só leve o que puder transportar sozinha.
7. Não tenha medo de perguntar. Ficou perdida? Pergunte. Tem dúvida de qual ônibus ou metrô pegar? Pergunte. Viajar sozinha exige perder a vergonha.
8. Planeje bem o seu roteiro.Tenha reservas de acomodações feitas, saiba previamente como vai se locomover, conheça os trajetos e os tenha em mãos, evite chegar tarde da noite a um novo local e não deixe de ter um bom seguro-saúde. Manter-se em segurança é sua obrigação.
9. Não ter às vezes com quem conversar pode ser uma excelente forma de apreciar o local com mais atenção. Concentre-se nisso e curta cada minuto que você passa em sua própria companhia sem distrações. Aprenda a ver o lado positivo do momento em que estiver só.
10. Comece sua independência de viagem devagar. Se não estiver muito à vontade com a idéia, procure uma excursão, pacotes em grupo ou até mesmo uma viagem de estudos, nas quais você terá sempre companhia de outras pessoas. Caso já esteja pronta para partir sozinha, saiba que a experiência de se virar, de resolver perrengues, de conhecer novas pessoas e de se colocar no mundo com total autonomia é transformadora. Que tal experimentar?