Nunca fui do tipo de pessoa que sonha com casamento, festas grandes e roupas caras, nunca fiquei sonhando com um “casa comigo? ”, sempre sonhei mesmo com um “viaja comigo?” ou com um “eu pago tua passagem”, sério, de verdade. Nada contra com quem gasta centenas de reais com isso, claro, mas eu prefiro consumir cada vez menos pra experimentar cada vez mais.
Nós somos humanos e, como humanos nossos desejos acompanham as “tendências”, eles se transformam e terminam como desinteresse, isso porque coisas materiais tem uma “data de validade”. Você trabalha, junta o dinheiro e consegue comprar o tão sonhado objeto, dentro de uma semana já vão ter lançado outro melhor, mas eu nunca tive essa tal necessidade de materialismo.
Sempre foi necessário pra mim conhecer o mundo além dos livros, além dos mapas, ver cada parte do mundo com meus próprios olhos.
Me perder nas montanhas que parecem ter sido pintadas com guache, na China, tomar cerveja na Alemanha e vodca na Rússia, cruzar os Estados Unidos de carro pela rota 66 e ficar com os pés congelando de frio na Noruega pra tentar ver as auroras boreais, ter uma noite incrível em Vegas, passar quinze minutos olhando para as ruínas em Macchu Picchu e falar pra todo mundo que passei mais tempo, comer um cachorro quente em Nova York, ficar olhando os anúncios na Times Square e ficar andando por horas nas ruazinhas que parecem terem saído de filmes em Paris.
Criar histórias nas folhas do passaporte, ir sem data pra voltar, se perder e rir sozinho sem saber como voltar para o hotel, ir para o restaurante e pedir “mesa pra um” (pra dois, ou três, um grup… ah, vocês entenderam) e responder aos olhares curiosos com sorrisos, viver literalmente em plenitude.
Carregar na mochila -e no coração- os beijos dados, os sorrisos e os lugares visitados, as pessoas conhecidas, as experiências vividas, e usar tudo isso como motivação pra continuar essa constante mudança de cenários.
Ainda que minha vida não seja vista como um exemplo pela maioria por não possuir muitos bens, uma casa, um carro, ou o que quer que seja, o importante é lembrar que tudo o que for vivido em viagens não pode ser desvalorizado e roubado, e como diria o poeta, viajar é trocar a roupa da alma.