Operação é considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, deixando 28 mortos que as famílias agora precisam reconhecer no IML.
Considerada a operação mais letal do Rio de Janeiro, 28 pessoas foram assassinadas na comunidade do Jacarezinho. Segundo reportagem do G1, Thaynara Paes, de 22 anos, afirmou que seu marido, Rômulo Oliveira Lúcio, foi executado pela polícia dentro de casa, depois de já ter se rendido. De acordo com a jovem, ele se rendeu, mas um dos oficiais disse “perdeu” e ele foi executado a facadas.
Os familiares das vítimas foram ao Instituto Médico Legal (IML), na manhã do dia 7, reconhecer os corpos, e a Polícia Civil chegou a informar que não identificou nenhum ferimento causado por arma branca nos mortos. Thaynara explica que o marido tinha 29 anos e estava na condicional, mas os oficiais contradizem o depoimento, e afirmam que Rômulo e mais dois outros homens que morreram na operação foram denunciados pelo Ministério Público, sendo procurados por tráfico de drogas.
O Ministério Público está conduzindo uma investigação independente para apurar os fatos, e enviou um perito do órgão para acompanhar os exames no IML. Como é considerada a operação mais letal do Rio de Janeiro, é preciso cautela, sem contar que os moradores relatam excessos e execuções dos policiais civis, que negam.
Segundo informações do Souza Aguiar, dos 20 corpos que foram levados ao local, 13 continuam na unidade. Os oficiais relataram que entre as vítimas, um era policial civil, e os outros 27 eram criminosos procurados. Um dos familiares do mototaxista Marlon Santana de Araújo, de apenas 23 anos, explicou que o que ocorreu no Jacarezinho não foi uma operação, e sim assassinato, já que a maioria tinha se rendido. O parente ainda explica que, antes de morrer, Marlon ligou para a mãe dizendo que ia se entregar, mas que, logo em seguida, mandou um áudio pedindo que ela orasse por ele.
A família de Jonas do Carmo dos Santos, de 32 anos, informou que ele acordou e logo saiu para ir a uma loja de material de construção e à padaria. A familiar explicou que foi quando ouviu o barulho do helicóptero, e que se soubesse que estava tendo uma operação, teria pedido que ele ficasse em casa. Ela só soube que ele tinha morrido através de outro familiar, e pediu que mandassem uma foto para confirmar, assim que viu a imagem, teve certeza que era ele.
Os familiares explicam que Jonas tinha passagem pela polícia, mas cumpriu três anos de prisão e estava usando tornozeleira, e era uma boa pessoa. Ele deixou dois filhos órfãos, um de sete anos e outro de seis meses.
Três pessoas que morreram na operação foram denunciadas pelo Ministério Público por tráfico e já era procuradas pela polícia, conforme aponta a investigação. A polícia civil afirma que 18 mortos foram identificados até o momento, mas não informou os nomes. A Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RJ) fez uma lista com 15 identificados pelas famílias no IML, mas ainda está checando todos os dados.