A mulher trans de 33 anos que teve 40% do corpo queimado, após um adolescente ter ateado fogo nela, teve o braço esquerdo amputado durante uma cirurgia na noite do sábado (26).
A amputação foi necessária devido à gravidade dos ferimentos, segundo o Hospital da Restauração, onde ela está internada desde que foi vítima da tentativa de homicídio, na madrugada da quinta-feira (24).
Ainda de acordo com o hospital, localizado no bairro do Derby, na área central do Recife, a paciente identificada apenas como Roberta “permanece sob cuidados médicos e em estado grave”. Ainda na nota, a unidade de saúde disse que ela está “na sala de recuperação pós-anestésica” desde que saiu da cirurgia.
Roberta permanece intubada, respirando com ajuda de ventilador mecânico. A intubação foi realizada, na manhã do sábado (26), após a paciente apresentar pressão arterial instável, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde.
A codeputada Robeyoncé Lima, do mandato coletivo Juntas (PSOL), foi até o Hospital da Restauração para conversar com a vítima, na sexta-feira (25). Após a visita, a parlamentar contou que Roberta acredita que foi vítima de LGBTfobia.
Repercussão
Postando no Twitter pela primeira vez após a morte do filho, o humorista Whindersson Nunes disse que enviou flores e um bilhete para Roberta. No sábado (26), ele publicou uma mensagem nessa rede social dizendo que um amigo levou os presentes para a paciente e que o crime “corta o coração” dele mais do que já está.
Nessa mesma rede social, mas na sexta-feira (25), o prefeito do Recife, João Campos (PSB), chamou de “intolerável” o que aconteceu com Roberta e disse que esse caso de violência atinge todos que são comprometidos “com a causa dos direitos humanos e do enfrentamento à qualquer tipo de violência e preconceito”.
Crime
A tentativa de homicídio ocorreu perto do terminal de ônibus do Cais de Santa Rita, na área central do Recife. Segundo o boletim de ocorrência, testemunhas do crime disseram à Polícia Militar que um adolescente estava com a mulher trans, que é moradora de rua, em um barraco de lona e ateou fogo no corpo dela.
Em seguida, ele tentou fugir, mas foi apreendido por policiais militares que faziam rondas nas proximidades. O adolescente foi autuado em flagrante por “ato infracional análogo a homicídio doloso tentado”, segundo a Polícia Civil, que registrou o caso na 7ª Delegacia de Plantão da Criança e do Adolescente, no Recife.
O delegado José Renato informou que o adolescente foi levado para a Unidade de Atendimento Inicial (Uniai) da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase).
Estatísticas
Até maio de 2021, 13 pessoas da população LGBTQIA+ foram vítimas de Crime Violento Letal Intencional no estado, o que corresponde a 0,9% dos 1.429 registros desse tipo de ação criminosa no período, conforme informado pela Secretaria de Defesa Social de Pernambuco.
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Também nos cinco primeiros meses deste ano, Pernambuco contabilizou 23 denúncias de crimes contra a população LGBTQIA+ e 43 violações, como violência física e psicológica, ameaça e injúria, de acordo com a Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos.