Entenda mais sobre o caso da paciente!
Segundo estimativas do governo norte-americano, cerca de 38 milhões de pessoas convivem com o HIV em todo o mundo, um número muito elevado para um vírus que provoca doença tão grave.
Quando o paciente não é devidamente tratado, a infecção pelo vírus pode levar os pacientes a desenvolver a síndrome da imunodeficiência adquirida, ou AIDS. Apenas em 2021, aproximadamente 690 mil pessoas morreram de doenças relacionadas à AIDS no mundo todo.
O HIV há décadas é foco de pesquisas em busca de oferecer melhor qualidade de vida aos pacientes que convivem com o vírus. Recentemente, eles conquistaram uma grande vitória, que representa uma ótima notícia para todos nós.
Segundo o britânico The Guardian do último dia 15, cientistas conseguiram curar a terceira vítima do HIV, e primeira mulher, por meio do transplante de células-tronco. O New York Times informou que o método de tratamento da paciente, envolveu sangue do cordão umbilical ao invés de células-tronco adultas, mais frequentemente usadas em transplantes de medula óssea. O interessante sobre isso é que as células-tronco do cordão umbilical não precisam ser compatíveis com o receptor como as células da medula óssea.
“Estimamos que existam aproximadamente 50 pacientes por ano nos EUA que poderiam se beneficiar deste procedimento”, informou Dr. Koen van Besien, um dos médicos envolvidos no tratamento. Ele ainda acrescentou que “a capacidade de usar enxertos de sangue de cordão umbilical parcialmente compatíveis aumenta muito a probabilidade de encontrar doadores adequados para esses pacientes”.
Na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas em Denver, nos Estados Unidos, os cientistas também detalharam o caso em especial. A paciente beneficiada com o tratamento está sendo chamada de “paciente de Nova York” pela equipe, porque recebeu o tratamento no New York-Presbyterian Weill Cornell Medical Center.
Ela recebeu o diagnóstico de HIV em 2013. Quatro anos depois, outra descoberta médica alarmante: leucemia. Em um procedimento cirúrgico, a mulher recebeu sangue de cordão de um doador parcialmente compatível para tratar-se do câncer. Além disso, também conseguiu sangue para impulsionar seu sistema imunológico de um familiar próximo.
Os pacientes que passam por transplantes de sangue do cordão umbilical também recebem células-tronco adultas adicionais. Essas últimas crescem com rapidez, mas acabam sendo substituídas por células do sangue do cordão umbilical.
O sangue do cordão umbilical, embora mais adaptável do que as células-tronco adultas, não tem volume de produção suficiente para servir como tratamento eficaz contra o câncer em adultos. Por esse motivo, o transplante adicional de células-tronco ajuda a compensar a escassez de células do sangue do cordão umbilical.
“O papel das células do doador adulto é acelerar o processo de enxerto precoce e tornar o transplante mais fácil e seguro”, disse Van Besien.
A mulher entrou em remissão da leucemia desde o transplante, há mais de quatro anos. Três anos depois, ela e seus médicos interromperam o tratamento anti-HIV. Desde então, nenhum vírus apareceu.
A paciente é mestiça e recebeu a doação de um paciente caucasiano. Como a maioria dos doadores nos registros também tem ascendência caucasiana, de acordo com os cientistas, trabalhar apenas com correspondências parciais pode ser um caminho para tratar pacientes com HIV e câncer, e aqueles de origens raciais mais diversas.
“O fato de ela ser mestiça e ser mulher é muito importante cientificamente e muito importante em termos de impacto na comunidade”, disse o especialista em AIDS da Universidade da Califórnia (EUA), Dr. Steven Deeks, ao Times.
Embora Deeks não tenha trabalhado no caso, ele compartilhou a sua opinião, dizendo que casos como esse são inspiração. O médico acrescentou que “as células-tronco umbilicais são atraentes”, finalizando que há algo mágico sobre elas e sobre o sangue do cordão umbilical, que são capazes de oferecer um benefício extra aos pacientes.
O trabalho é parte do Impaact, iniciativa financiada pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH), que envolve uma série de estudos científicos acerca do HIV e da AIDS.
De acordo com o NIH, apenas outros dois casos de remissão do vírus HIV haviam sido observados até hoje. No primeiro, do “paciente de Berlim”, o homem desfrutou da cura por 12 anos, até morrer de leucemia, em setembro de 2020. O segundo é o do “paciente de Londres”, que está em remissão do HIV há mais de 30 meses.