Ronnie Lessa contou que Jair Messias Bolsonaro usou de sua influência na época para conseguir atendimento médico prioritário para o policial militar.
O policial reformado Ronnie Lessa, preso em 2019 sob acusação de executar a vereadora carioca Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, em 2018, revelou ter se beneficiado da influência de Jair Bolsonaro, na época deputado federal. Esta ajuda que recebeu do presidente da república ocorreu em 2009, quando Lessa perdeu a perna esquerda, em decorrência da explosão de uma bomba em seu carro.
De acordo com informações da Veja, Lessa disse que Jair Messias intercedeu para que o policial tivesse um atendimento prioritário na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR), no Rio de Janeiro.
Conforme dito em entrevista para a Veja, Lessa afirmou que Bolsonaro era patrono da Associação, ou ABBR, na época e quando soube do acidente sofrido ajudou Lessa. De acordo com o suspeito, Bolsonaro tinha o costume de ajudar policiais, visto que sempre foram uma grande base eleitoral sua, quem “lhe colocou no poder”, de acordo com Lessa. Ele acredita que Bolsonaro teria feito o mesmo por qualquer outro policial.
![Suspeito de matar Marielle Franco diz ter recebido ajuda de Bolsonaro em 2009](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/03/2-Suspeito-de-matar-Marielle-Franco-diz-ter-recebido-ajuda-de-Bolsonaro-em-2009-1-393x400.jpg.webp)
Lessa foi além e minimizou o auxílio recebido e declarou que não teve qualquer outro contato com Bolsonaro desde então. Ele teve alta duas semanas após o começo dos tratamentos na ABBR e disse ainda que, no final, ele ficou como o “mal-agradecido” da história, por não ter ido apertar a mão de Jair Messias.
De acordo com a revista, a relação de Bolsonaro com a associação que atendeu Lessa vem de longa data, além de ser pública. Entre 2004 e 2018, ele destinou ao menos R $4,6 milhões em emendas parlamentares para a ABBR.
Conforme as apurações feitas pelo veículo, essa relação entre Lessa e Bolsonaro é mais um fato que mostra a proximidade do presidente com o suspeito de assassinar Marielle Franco. Apesar do relato compartilhado, o preso reiterou que nunca foi próximo de Jair Messias ou de sua família, embora já tenha revelado que foi vizinho de Bolsonaro e um de seus filhos, Carlos, em um condomínio na Barra da Tijuca.
Ronnie Lessa descreveu Jair Messias Bolsonaro como um “cara esquisito”. O policial disse que não encontrou com o presidente mais do que cinco vezes em sua vida, mas observou que Bolsonaro era de um tipo estranho, que podia às vezes cumprimentá-lo ou ignorá-lo quando se cruzavam eventualmente. Lessa afirmou que nunca viu nenhum dos filhos de Bolsonaro.
Lessa é acusado de ser o assassino da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O caso chocou o Brasil tamanha a violência da execução: em uma emboscada, o carro em que Marielle, Anderson e uma assessora estavam foi atingidos por uma sequência de tiros: a assessora foi atingida por estilhaços e sobreviveu; Anderson levou ao menos 3 tiros nas costas e Marielle foi atingida por 4 disparos no rosto.
![Suspeito de matar Marielle Franco diz ter recebido ajuda de Bolsonaro em 2009](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/03/3-Suspeito-de-matar-Marielle-Franco-diz-ter-recebido-ajuda-de-Bolsonaro-em-2009-400x344.jpg.webp)
A brutalidade do crime chocou não somente o Rio de Janeiro, mas todo o Brasil. Marielle já era uma figura conhecida antes de sua morte, devido o seu impacto positivo como uma representante pública. Natural da comunidade da Maré, Franco foi a quinta vereadora mais votada no Rio de Janeiro nas eleições de 2016, com 46.502 votos, em sua primeira disputa eleitoral. Entre as principais pautas que defendia estavam a luta pelos direitos das mulheres, questões raciais, a violência e marginalização das pessoas pretas no Rio de Janeiro e muito mais. Uma representante que era e representava as minorias, a mulher de 38 anos se identificava como “mulher, negra, mãe e cria da favela da Maré”.
Franco, uma mulher ativista de liderança, estava voltando de um debate voltado a mulheres pretas cariocas quando foi assassinada. Depois do choque de sua morte, as redes socias foram tomadas pelo fenômeno “Marielle, presente”, uma corrente de postagens em repúdio ao seu assassinato e de Anderson, levando as pautas que representava além.