A Defensoria Pública coletou amostra da bermuda usada por Ricardo Rufino nas buscas pelo sobrinho, Lucas Rufino, de 21 anos, para tentar fazer exame de DNA. Lucas é considerado um dos quatro desaparecidos na tragédia em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, que deixou 233 mortos após o temporal de fevereiro.
Mas o tio afirma que, com a ajuda de vizinhos, retirou e carregou o corpo do sobrinho um dia depois do temporal, e que a mancha de sangue na bermuda é do Lucas.
Para a Defensoria Pública, o material, enviado para um laboratório conveniado na última quarta-feira (9), pode ajudar a esclarecer o caso, já que a Polícia Civil afirma que o Instituto Médico Legal (IML) não registrou a chegada do corpo de Lucas, que, segundo a família, foi levado pelos bombeiros.
A defensora Luciana Lemos afirma que o estado precário da bermuda deixa o trabalho de coleta mais difícil, porém será feito de tudo e no menor espaço de tempo possível, já que pediu urgência.
“O material já está com o laboratório conveniado e obtive a informação de que tem um trâmite que demora um pouquinho, porque o laboratório disse que essa calça tá num estado precário, mas que eles estão fazendo o possível para extrair esse material genético, e que os exames pós-morte, em regra, demoram 90 dias, mas nós da Defensoria Pública pedimos urgência”, conta a defensora.
Urgência que o pai do jovem, Adalto Vieira da Silva, suplica aos prantos. Ele quer saber onde o filho está para seguir até os pais, que moram no estado da Bahia, para receber o consolo que tanto precisa neste momento.
“Trabalha comigo na estamparia. Fala ‘pai, esse ano vai ser o nosso ano’. Meu filho, gente, não deixava nem eu pegar nada, tudo ele pegava, porque ele era forte. Ele me protegia e eu protegia ele. Ele tinha um sonho de crescer junto e falava ‘pai, eu vou te dar tudo pai!’. Eu moro aqui há 30 anos, sou baiano, nascido e criado em Ilhéus. Tudo que tô precisando é resolver isso, gente, quero ir lá abraçar meu pai e minha mãe”, desabada Adalto.
O Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) informou que abriu um inquérito para apurar o desaparecimento.
Já a Polícia Civil disse que pode ter havido um mal-entendido, já que outro corpo, com as mesmas características, foi encontrado no local. Veja íntegra da nota abaixo:
“A Polícia Civil informa que, até o momento, não há confirmação da entrada do corpo de Lucas Rufino da Silva no Instituto Médico Legal (IML) de Petrópolis. Um outro cadáver, com características físicas semelhantes às dele e que foi resgatado na mesma localidade, pode ser fruto do mal-entendido. Gilberto Martins foi reconhecido por meio de exame papiloscópico e liberado para a família. Inclusive foi coletado material para exame de DNA em um despojo que deu entrada no IML no mesmo dia em que parentes afirmam que o corpo de Lucas teria dado entrada”, disse em nota.
A família afirma que as pessoas que ajudaram no resgate sabem que o corpo foi retirado. E diz que as buscas no local são em vão.
Ricardo Rufino, tio que tirou o jovem da lama com a ajuda dos vizinhos, disse que a família conhece o Gilberto e que as características são diferentes.
“Impossível, porque o Gilberto, se tivesse 1,70 metros era muito. O meu sobrinho tinha 1,92 metros. Era um menino enorme. O Gilberto tinha uma tatuagem no pescoço escrito fé. Tinha o nome da mãe do braço. Meu sobrinho, ele não tinha nenhuma tatuagem. Impossível de confundir”, explica o tio.