Em podcast, a atriz rasgou o verbo, e se posicionou contrária ao atual governo, e acredita que o povo brasileiro precisa de um governante capaz de trazer um “tempo de paz”.
Em ano eleitoral, muitos são os famosos e artistas que escolheram se posicionar publicamente, mostrando quais são suas preferências políticas. Como lidam diretamente com o público, muitos fãs defendem que uma das melhores formas que têm de ser transparentes com os espectadores e consumidores de seus trabalhos.
Desde 2017, muitos artistas têm ficado contra Jair Bolsonaro (PL), principalmente por conta da forma como conduziu a pandemia em seus momentos mais drásticos, pelos comentários pejorativos que tece contra jornalistas, artistas e quem se manifeste contrário a ele, além das condutas e decisões políticas.
A atriz Dira Paes, de 52 anos, foi mais uma das artistas que se posicionaram contrárias ao atual governo, abordando questões ambientais, por exemplo. A entrevista foi concedida ao podcast Expresso Ilustrada, da Folha de S. Paulo, onde ela falou um pouco sobre sua personagem Filó, em Pantanal, além de questões políticas, como o genocídio indígena e a ausência de compromisso com o meio ambiente.
Carreira
Nascida no Pará, em 1969, Dira Paes se graduou em Filosofia e Artes Cênicas pela Unirio, e sempre alimentou o sonho de atuar, mas a infância simples impediu que ela pudesse investir na carreira. Em 1985, ela se inscreveu para uma seleção realizada pelo produtor John Boorman, para escolher uma atriz brasileira para atuar em um filme nos Estados Unidos.
Mesmo sem nenhuma formação oficial, Dira se destacou e foi escolhida entre mais de 500 candidatas, estrelando o filme A Floresta das Esmeraldas. Desde então, sua carreira apenas cresceu, realizando produções brasileiras e em outros países. Além do cinema, a atriz passou a aparecer em produções televisivas, popularizando ainda mais seu trabalho, fazendo com que acabasse se tornando conhecida por sua versatilidade.
Dira já foi indicada 12 vezes ao prêmio Grande Otelo, vencendo como Melhor Atriz em 2013, além de três Prêmios Guarani, dois Prêmios APCA, dois Prêmios Qualidade Brasil, três Kikitos do Festival de Gramado, cinco Candangos do Festival de Brasília e um Prêmio Extra. Além disso, a atriz ainda é uma das dirigentes do Movimento Humanos Direitos.
Posicionamento político
Em entrevista, Dira Paes explica que é impossível falar de meio ambiente na “era Bolsonaro” e, de acordo com ela, o governo tem criminalizado frequentemente ações ambientalistas. Conhecido por ser o governo que mais liberou pacotes de agrotóxicos, chegando a 1.629 em 1.158 dias, sendo que muitos possuem formulações proibidas em outros países do exterior, devido aos altos riscos que podem causar às pessoas e ao ambiente.
A atriz ainda explica que o atual chefe do Executivo busca atrair atenção para a autodepreciação, criando uma espécie de holofote onde não deveria existir. Enquanto isso, seu governo não é humano, nem em termos econômicos, ideológicos ou mesmo artísticos. Dira ainda defende que ele possui “fragilidade de ego, de inteligência e de sensibilidade”, além de ser lamentável que a população brasileira precise passar pelo que tem acontecido.
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Justamente por isso, a atriz defende que este é o “ano da mudança”, fazendo referência ao ano eleitoral e às pesquisas que mostram o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) em primeiro lugar. Para ela, a população brasileira precisa de paz, ao invés de precisar, diariamente, defender as necessidades básicas.
Dira ainda explica que costuma ver uma grande quantidade de propagandas eleitorais do atual presidente que mencionam a família, mas que ele esquece que existem muitas pessoas que não fazem parte da concepção tradicional de família defendida por seus aliados. Para ela, isso demonstra a fragilidade do atual governo, que não sabe verbalizar coisas simples. Além disso, ela acredita que o genocídio indígena seja um assunto urgente à população brasileira, e que muitos perdem tempo acompanhando a Ucrânia, mas temos uma guerra similar muito próxima a nós, em Altamira.