A jovem trabalhava na igreja, e não gostou do comentário feito pelo pastor. Entenda!
Ana Clara da Mota Santos, uma jovem de 23 anos realizou uma denúncia contra o pastor da Igreja Universal Lázaro Augusto da Rosa por conta de um comentário feito pelo homem sobre o seu cabelo.
A jovem, que trabalha como assistente de produção para Igreja, acredita que o pastor cometeu um ato de racismo ao sugerir que ela alisasse o seu cabelo afro com chapinha.
De acordo com uma matéria da UOL, as palavras usadas pelo pastor foram: “Ana, Ana, tem que passar chapinha”, e ele teria feito o comentário durante a gravação de um programa na cidade de Belo Horizonte.
A jovem disse, em entrevista ao portal de notícias, que essa se tratava de uma prática rotineira, que ela fala que dread é cabelo de mendigo, mas que dessa vez a ofensa passou nos limites e foi feita na frente de seus colegas de trabalho.
Segundo Ana Clara, a fala do pastor a levou as lágrimas, e o programa precisou ser interrompido. Em seguida, ela foi levada a uma sala, em uma espécie de reunião secreta para tentar conter o ocorrido, e teria ouvido que “se fosse à delegacia seria um problema grande”.
A assistente falou que tentaram torná-la a “louca” da situação, mas que se tratou de racismo sim. Ainda segundo ela, o diretor disse que conversaria com o pastor e ele receberia uma punição, mas que ninguém ficaria sabendo.
A decisão da denúncia
A jovem, que é cristã, mas não frequenta Igreja Universal resolveu que denunciaria o ocorrido, e contou com o apoio do seu pai, Cláudio Anderson dos Santos, que é advogado.
Ana Clara conseguiu recuperar a gravação de áudio que comprova a conversa e levou à delegacia no mesmo dia em que sofreu a agressão verbal. A polícia, que investiga o caso, ainda está analisando a suposta injúria racial. O enquadramento em injúria racial ainda está sendo analisado pela polícia, que investiga o caso.
A jovem afirmou eu o desejo de obter justiça era maior do que o medo e a possibilidade de perder o emprego, e ela se motivou em conseguir provar o que aconteceu, já que muitas vezes, conforme disse, mulheres como ela não são levadas a sério.
O que diz o pai da jovem
Cláudio Anderson dos Santos, que será o representante da filha, falou ao UOL que entrará com ação cível e trabalhista, além da criminal, que se iniciou quando procuraram a polícia. O homem se revoltou com a situação e disse que é a falta de denúncias que contribui para que esse tipo de situação continue a existir.
Desabafando, o advogado disse que as pessoas criam os seus filhos para trabalharem sua identidade, se amarem como são e compreenderem que todos são iguais, perante as leias jurídicas e divinas.
Segundo ele, “crime é para ser punido”, e através do prosseguimento do caso, eles serão capazes de mostrar às pessoas que ninguém que sofre esse tipo de violência deve se calar.
Cláudio também pontuou que ninguém da Universal havia entrado em contato com a sua família.
Posicionamento da Igreja Universal
A Igreja Universal publicou uma nota sobre o caso, afirmando que está apurando o acontecido internamente, e que o episódio “não reflete a cultura inclusiva e de total respeito a todos“. “Quem frequenta qualquer culto da Universal, em qualquer país do mundo, comprova que bispos, pastores e fiéis são de todas as origens, etnias e tons de pele, de todas as classes sociais“, ainda afirma o comunicado.
A Polícia
No último dia 17 de maio, a Polícia Civil de Minas Gerais informou que instaurou inquérito para apuração de suposta prática de injúria racial. Também foi confirmada a presença da vítima na Delegacia Especializada de Investigação de Crimes de Racismo, Xenofobia , LGBTfobia e Intolerâncias Correlatas, no dia anterior, para proceder com a devida representação criminal indispensável à atuação policial.
A nota da Polícia também dizia que não serão divulgadas as datas de oitivas do suspeito, em observância à lei de abuso de autoridade, e que outras informações serão divulgadas em momento oportuno para não prejudicar o andamento do feito.
O crime de injúria racial se refere a situações que envolvem a honra de um indivíduo específico usando características como a raça, cor, etnia, religião ou origem, geralmente por meio do uso de palavras preconceituosas. Ele está previsto no código penal.