Passava das 21h, desta segunda-feira (04), quando Carlos Alberto Marques Soares, de 62 anos, foi passear com seus dois cachorros, um yorkshire e um golden retriever.
O professor costumava sair diariamente com os animais pelas ruas de Vila Isabel, na Zona Norte do Rio. No entanto, para tristeza dele e da sua família, um ataque de cerca de dois minutos transformou a caminhada em tragédia. Um casal de pibulls sem coleira nem guia correu na direção dele e de seus cães, que levaram várias mordidas. O yorkshire Dedé, que tinha 10 anos e vivia em sua casa desde que era um filhote de dois meses , acabou morrendo.
“Nunca poderia imaginar que meu cachorro fosse morrer desse jeito.”, conta Carlos aos prantos ao lado do local do ataque.
Na manhã desta terça-feira o professor registrou um boletim de ocorrência e quer que os donos dos animais sejam punidos. Segundo Carlos, os pitbulls estavam completamente sozinhos no momento que partiram para cima dele e dos seus animais. O professor relata que tentou de todas as formas alcançar a boca dos cachorros e proteger seus cães, mas não conseguiu. Carlos caiu no chão e sofreu lesões no joelho e arranhões pelo corpo.
O ataque só teve fim com a ajuda de um motorista que passava pelo local naquele momento. O condutor subiu com seu carro, um Fiat Uno na calçada, acendeu o farol e buzinou para tentar assustar os cachorros. Sem sucesso, saiu do carro e se juntou a Carlos para tentar separar os pitbulls com socos e pontapés.
“Por sorte, esse senhor me ajudou. Se não fosse isso, eu não sei se estaria aqui hoje. Aqueles cachorros estavam tão vorazes que eram capazes de matar todos nós.”
Com muito esforço os dois conseguiram parar os cachorros, mas já era tarde. Com a ajuda do motorista, Carlos levou os cachorros para uma unidade veterinária que fica a 50 metros do local do ataque, mas o yorkshire já chegou morto. Ele será cremado.
Imagens mostram pitbulls correndo para atacar
Uma câmera de segurança conseguiu captar imagens dos cachorros momentos antes e também a mobilização de quem passava pela Rua Hipólito da Costa. No vídeo, é possível ver ainda alguns moradores correndo com medo dos pitbulls.
Cachorro estava com a família há mais de 10 anos
Abalado com a perda, Carlos se emociona ao falar sobre o Dedé, que ele considerava um companheiro de vida. O professor se ressente de não ter feito mais para salvar Dedé.
“Eu fiquei com a cabeça do lado desse pitbull assassino. Ele podia largar o cachorro e matar, mas eu me arrisquei. Eu queria salvar os dois.”
Carlos conta que seu outro cachorro, um golden retriever, ficou traumatizado. Na manhã desta terça, ele se mostrou inquieto e com medo de sair novamente. Um dos filho de Carlos, Marcelo Araujo Soares, de 27 anos, que é psicologo e adestrador de cães teme que ocorram novos ataques:
“Aqui é uma rua movimentada, há muitas crianças. É muito perigoso qualquer cachorro, independente da raça, ficar solto. A culpa nunca é do animal. A culpa é do seu tutor.”, destaca o adestrador.
A lei estadual 4.597, de 16 de setembro de 2005, estabelece que cães das raças pitbull, fila, doberman e rotweiller só podem circular por locais públicos, como ruas, praças, jardins e parques, se conduzidos por pessoas com mais de 18 anos e através de guias com enforcador e focinheira apropriados.
O texto sancionado em 2005 pela então governadora Rosinha Garotinho, deixa claro que os proprietários ou condutores de cães de raças como pitbull “são responsáveis pelos danos que venham a ser causados pelo animal sob sua guarda, ficando sujeitos às sanções penais e legais existentes”.
Além disso, o artigo 7º da mesma lei diz que o não cumprimento das regras dispostas acarretará ao infrator, proprietário ou condutor ainda uma série de sanções.Uma delas é multa, que vai de 5 a 5 mil UFIRs (que chega a R$ 20,4 mil), que deverá ser aplicada em dobro e progressivamente nos casos de reincidência.
Carlos foi à 20ª DP (Vila Isabel) e fará um exame de corpo de delito. O professor diz que vai entrar com um processo contra os donos do cachorro, que devem, de acordo com ele, se responsabilizar pelo ataque. O delegado Cristiano Maia informou que os donos dos pitbulls serão intimados e que as investigações estão em andamento.
Criança atacada há uma semana
Entre os casos recentes de ataque de pitbull está o de Nicolas Souza, de 9 anos. Por volta das 19h30 de segunda-feira, dia 27, ele e o irmão Guilherme Souza, de 14, soltavam pipa na rua em que moram, no bairro Agostinho Porto, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, quando notaram a aproximação do cachorro. As crianças começaram a tentar afastar o animal, que continuava acompanhando os dois. O mais velho, então, pegou o caçula no colo para protegê-lo, enquanto tentava fazer com que o pitbull saísse de perto deles. O vídeo mostra que, em determinado momento, o cachorro morde a perna esquerda de Nicolas e, a partir de então, com a ajuda de um vizinho que chegava em casa do trabalho, todos começam a tentar fazer com que o pitbull soltasse o menino.
A mãe de Nicolas, Roberta Paz de Souza, peregrinou por quatro hospitais até conseguir atendimento no Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, após o filho ser atacado pelo cachorro e ter a perna dilacerada. O menino passou por uma cirurgia de reconstrução da panturrilha. E, como o cachorro ainda não foi localizado, Nicolas está tomando as doses da vacina antirrábica. Roberta acredita que o filho vai precisar de acompanhamento psicológico depois do episódio.
“Ele sempre gostou muito de bicho, quando via um cachorro ou gato na rua, queria levar para casa e cuidar. Não sei como vai ser daqui para frente quando ele vir um animal. Embora ele seja muito destemido, acho que vai ficar um trauma.”, disse a mãe da criança.
![Casal de pitbulls ataca e mata cão no Rio; "Nunca imaginei que ele fosse morrer assim", diz professor](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/07/Casal-de-pitbulls-ataca-e-mata-ca%CC%83o-no-Rio-22Nunca-imaginei-que-ele-fosse-morrer-assim22-diz-professor-2.jpg)
A Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) vai investigar o caso. A especializada aguarda apenas que a vítima tenha alta para que a mãe dele, a manicure Roberta Paz de Souza, compareça à delegacia para prestar depoimento.