Gloria Perez tinha um objetivo muito claro quando aceitou falar em uma série e reviver todas as memórias do assassinato da filha, Daniella, pelo colega de elenco, Guilherme de Pádua: tirar o ar novelístico que o caso ganhou.
A escritora ficou satisfeita com o resultado do que viu em “Pacto brutal: o assassinato de Daniella Perez” e prefere ignorar os comentários do responsável pelo crime.
“Tudo o que eu sempre quis foi sair do folhetim para que as pessoas vissem exatamente quem era a Dani, quem ela foi e o que se passou durante o processo. Nada do que os assassinos disseram se sustentou no tribunal. (Guilherme) quer holoforte, mas não existe mais nada a polemizar. O caso está transitado em julgado. Não tem versão tem sentença. E ela foi toda mostrada na série. Se ele tivesse algo a dizer, contestar, ele processaria o Estado por ter ficado preso. Não fez isso porque o crime saiu barato demais para os assassinos”, disse Gloria, em entrevista.
Três décadas depois da perda da filha, a autora de “Travessia”, a próxima novela das 21h da TV Globo, guarda ainda um pé da sapatilha de ponta cor-de-rosa de Daniella, que também era dançarina. O outro pé foi dado ao advogado criminalista que conduziu o processo, como agradecimento. Revisitando todo o arquivo, Gloria sente que valeu a pena e que agora pode viver o próprio luto. O que não significa que ela ainda não sinta culpa pelo ocorrido.
![Gloria Perez guarda sapatilha da filha como recordação e relembra assassinato: "Até hoje não sei como não morri junto"](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/08/dani-perez.jpeg)
“É uma culpa absurda. Eu preferia ter levado as punhaladas no lugar dela. Por que eu não estava lá? Por que eu não fui aos estúdios? Mãe sente culpa. Se eu filho cai e você não está em casa, se pergunta: por que eu não estava presente? E, no caso do assassinato da Dani, o alvo era eu. Fui eu que frustrei o sonho da grandeza dos psicopatas, ao tirar o Guilherme da trama. Que pena que não fui eu no lugar dela”.
Ao mesmo tempo, com o passar dos anos, a novelista ainda reflete sobre como encontrou forças para seguir de pé depois de tudo que enfrentou.
“Meu Deus. Até hoje não sei como não morri junto, mas eu tinha outros dois filhos. Não podia abandoná-los para me entregar só à minha dor. Acredito que foi a necessidade de ser forte que me manteve viva”.