“Já podeis, da Pátria filhos/Ver contente a mãe gentil/Já raiou a liberdade/No horizonte do Brasil/Já raiou a liberdade/Já raiou a liberdade/No horizonte do Brasil” – é o começo do Hino da Independência e um convite para se comemorar a declaração de liberdade que representou o grito de Dom Pedro I, em 1822.
Ele será entoado com orgulho nestes dias de reinauguração do Museu do Ipiranga e de festejos cívicos do bicentenário.
Na versão definitiva, a letra, composta por Evaristo da Veiga, recebeu a melodia do próprio Dom Pedro I, que era excelente músico, tocava clarinete, fagote e violoncelo, e deixou várias outras obras para a posteridade. O hino, porém, é a mais transbordante de emoção.
A partir da Proclamação da República, a música ficou esquecida por conta do esforço de se apagar os símbolos do passado monárquico.
Foi recuperado em 1922, nas festas do centenário. E durante o Estado Novo prevaleceu a melodia do hino proposta pelo imperador, resgatada por Heitor Villa-Lobos e cantada exaustivamente pelas crianças no pátio das escolas nas décadas seguintes, mais exageradamente nos tempos da ditadura militar. Agora ele retorna retumbante com sua mensagem emancipatória.
O que vai se festejar dentro uma semana é o momento feliz e épico em que o Brasil cortou sua relação de dependência com Portugal e se tornou uma Nação realmente livre e soberana.
A Independência foi o ato primordial de declaração de autossuficiência e de capacidade do País para administrar seu destino e desenvolver sua própria cultura.
Na festa de inauguração do Museu do Ipiranga, que se inicia no dia 6 de setembro, o hino será tocado e ecoará por toda a Nação.
O evento, que reunirá cerca de 1,5 mil convidados, entre patrocinadores e autoridades, é um marco civilizacional do século 21. No dia 7, o museu estará aberto para os trabalhadores das obras de restauração e ampliação e seus familiares e, no dia 8, passa a ser liberado normalmente para o público.
A inauguração do novo complexo museológico leva a um importante momento de reflexão sobre a nacionalidade e sobre o projeto do Brasil para as décadas vindouras. Ainda há muito a ser feito.
Mas em 200 anos, o País deu um salto de gigante e se impôs como uma das dez maiores economias do mundo, e como um lugar próspero e com uma forte identidade cultural. O que Dom Pedro I conseguiu, no final das contas, foi tornar a Pátria livre. “Longe vá, temor servil/Ou ficar a Pátria livre/Ou morrer pelo Brasil.”