A cena choca. Uma criança, acompanhada por um homem, entra no elevador com a mão direita na altura do nariz. Aparentemente ela busca ajeitar a máscara de proteção que usa no rosto.
O homem se aproxima, curva-se um pouco, aparenta querer ajudar, abaixa a máscara do rosto do menino e, num gesto de fúria, usa a mão espalmada para empurrar, com força, o rosto do pequeno contra o espelho do elevador. Ele chega a usar o peso do próprio corpo para aumentar a pressão contra a cabeça do garoto, parece querer sufocá-lo.
A cena de violência, capaz de indignar imediatamente quem quer que a veja, foi toda flagrada pela câmera de segurança do elevador de um prédio em Niterói. O agressor é Victor Athur Pinho Possobom, padrasto do menino de apenas 4 anos de idade. No vídeo é possível ver a data e a hora da agressão: 22 de fevereiro de 2022 às 14h36.
Em outro momento, no sofá do saguão do prédio, Victor pratica novas agressões contra a criança, desta vez com dois golpes em sequência — uma cotovelada e um soco — contra a cabeça da vítima indefesa. Em seguida tenta de novo sufocar o garoto. Ao notar a presença de mais uma pessoa no local, interrompe as agressões. Logo após, grita com a criança. O primeiro registro do caso teria sido feito à época da agressão, em fevereiro deste ano.
De acordo com o RJTV, um funcionário do condomínio viu o vídeo e teria mostrado ao síndico, que procurou a 77ª DP (Icaraí) e o conselho tutelar. Sem informar quem seria o autor do registro, a delegada Raissa Celles confirmou que o caso já era de conhecimento da polícia.
“Sim, mas o registro não foi feito pela mãe nem pela família. E as imagens só foram disponibilizadas hoje. Não sabíamos o teor da agressão — disse. A polícia civil informou por meio de nota que “a 77ª DP (Icaraí) instaurou inquérito e investiga o caso. A delegacia analisa as imagens registradas da agressão e realiza demais diligências para esclarecimento dos fatos”.
A mãe da criança, Jéssica Jordão de Carvalho, 30 anos, esteve ontem na 77ª DP acompanhada da advogada. Ao GLOBO ela disse que só soube das imagens nesta quinta-feira e espera que seja feita justiça.
“Eu tive acesso total a essas imagens agora, foi ontem. Eu fiquei desesperada, uma sensação de impotência, não sei nem explicar. Eu espero que seja feita Justiça, em breve”.
Segundo ela, embora sofresse agressões físicas e psicológicas por parte do companheiro — contra quem move processo por “maus tratos” na Justiça — não percebia comportamento agressivo dele contra as crianças. O casal tem uma filha com um ano de idade.
“Ele era supercarinhoso com as crianças, normal botar de castigo, corrigir, mas nada desse tipo. Eu fique impactada, não sabia que estava vivendo com um monstro desses” — afirmou.
Se você presenciar um episódio de violência contra crianças ou adolescentes, denuncie o quanto antes através do número 100, que está disponível todos os dias, em qualquer horário, seja através de ligação ou dos aplicativos WhatsApp e Telegram.
O mesmo número também atende denúncias sobre pessoas idosas, mulheres, pessoas com deficiência, pessoas em restrição de liberdade, comunidade LGBT e população em situação de rua. Além de denúncias de discriminação étnica ou racial e violência contra ciganos, quilombolas, indígenas e outras comunidades tradicionais.
Também é possível denunciar casos de maus-tratos e negligência a crianças e adolescentes nos Conselhos Tutelares, Polícias Civil e Militar e ao Ministério Público, bem como através dos números Disque 181, estadual; e Disque 156, municipal.