Três suspeitos de envolvimento no sequestro e cárcere privado do policial militar e de sua noiva foram presos na tarde de 19 de setembro.
Nas metrópoles, o termo “tribunal do crime” costuma aparecer com frequência em notícias e publicações, relatando o envolvimento de membros de facções criminosas em uma espécie de julgamento que decidirá se uma pessoa ficará viva ou morta. No dia 19 de setembro, de acordo com reportagem do “Cidade Alerta”, da RecordTV, um policial militar estava sendo levado ao tribunal do crime quando foi resgatado em Franco da Rocha, São Paulo.
Segundo informações, o PM tem 39 anos, e estava em um baile funk na noite do dia 18 com a noiva, de 34 anos, quando foi sequestrado em Osasco, na Grande São Paulo. A mulher foi libertada em Jundiaí, e o cabo Beuristton Gomes Silva, que trabalhava na área administrativa do Comando de Policiamento da Área Metropolitana 8, estava de folga no dia em que tudo aconteceu.
O sequestro ocorreu porque, de acordo com relatos, aconteceu um desentendimento entre o PM e os frequentadores da festa, mas fontes alegam que os suspeitos já sabiam o nome do agente, o que pode indicar que o crime tenha sido planejado. Na manhã de 19, um carro modelo Celta que possuía queixa de roubo passou em um radar “inteligente” na região de Osasco, fazendo com que os policiais acompanhassem o veículo.
Em Franco da Rocha, o motorista não obedeceu a ordem de parada dos policiais, e pouco depois acabou se envolvendo em um acidente. Após a colisão, quatro suspeitos que estavam no interior do automóvel fugiram para dentro de uma mata próxima, mas três deles foram capturados pela PM. O cabo Beuristton Gomes Silva foi encontrado ainda com vida dentro do carro. O caso foi registrado na Delegacia de Franco da Rocha e é investigado.
Entenda o são os “tribunais do crime”
De acordo com reportagem do UOL, os “tribunais do crime” funcionam como uma espécie de julgamento de facções criminosas, a partir de denúncias de pessoas envolvidas nas organizações, o que culmina em uma condenação ou absolvição. Delações de criminosos, falar o nome da facção em conversas com terceiros e até mesmo infrações mais leves, como urinar em local público, podem servir como justificativa para que os tribunais sejam instaurados.
O alvo da facção é sequestrado e levado até um cativeiro, onde é frequentemente torturado, ameaçado e submetido a sessões de tortura pelos integrantes da organização, que seguem as ordens de uma cúpula superior. O acusado será submetido a um “júri”, composto de integrantes soltos e presos, que debatem até chegar a um “veredito”.
Caso o acusado seja considerado culpado, ele pode sofrer punições como espancamento, ter a cabeça decepada, ser assassinado enforcado ou a tiros. As fontes oficiais ainda não sabem o local exato do tribunal do crime, principalmente porque nem sempre eles ocorrem com todos os membros presentes, muitas vezes o chefe de uma facção pode ser contatado por telefone dentro do presídio.
Regras do PCC
De acordo com policiais civis, magistrados e promotores que se especializaram em investigações do PCC, crimes envolvendo assédio e abuso sexual são proibidos. A facção possui um estatuto chamado “cartilha de condução”, e as investigações apontam que existem penas que podem ir de “suspensão até exclusão”.
Nos últimos meses, segundo registros policiais, dezenas de corpos foram encontrados em porta-malas de veículos ou em locais abandonados, enrolados em cobertores e com pés e mãos amarrados. Os assassinatos do “tribunal do crime” só ocorrem quando a cúpula autoriza, e depois dos crimes, os parentes das vítimas passam a ficar na mira da facção criminosa.