Para ex-juiz e senador eleito, Moro, abstenção deve ser reduzida para barrar uma possível vitória de Lula.
O ex-juiz Sergio Moro, que se elegeu senador pelo Paraná (União Brasil), pediu aos brasileiros que não deixassem de comparecer às eleições do segundo turno. Em tweet, o agora eleito senador, disse que estava convocando a “32 milhões de brasileiros” que não votaram. A ideia é trazer esses eleitores às urnas para conter uma possível vitória do opositor do atual presidente Jair Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.
Em Porto Alegre, Rio de Janeiro, Goiânia e Curitiba o número de abstenções foi alto, o que preocupa o ex-magistrado e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro. “A capital da Lava Jato teve grande abstenção. Vamos votar e derrotar o PT”, escreveu em suas redes.
De acordo com dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) coletados pela CNN, o número de abstenções no primeiro turno bateu a casa dos 32,6 milhões de pessoas, representando a cerca de 20,94% do total de eleitores aptos a votar. O índice é parecido ao das eleições de 2018, que foi de 20,33%, equivalente a 29.3 milhões de pessoas, um número bastante expressivo que tem deixado os apoiadores do atual presidente preocupados.
Ainda segundo dados apurados pelo TSE e informados pela revista Exame, os estados com maior taxa de abstenção foram Rondônia (24,6%), Mato Grosso (23,4%) e Rio de Janeiro (22,7%). Nos três estados, o presidente Jair Bolsonaro venceu no primeiro turno.
Ainda segundo a Exame, o primeiro turno de 2022 teve o pior comparecimento dos eleitores desde 1998, quando Fernando Henrique Cardoso foi reeleito em primeiro turno. Foi a primeira eleição para o cargo presidencial pós-ditadura e com menor abstenção: somente 12% do eleitorado deixou de comparecer às urnas.
Entre as figuras envolvidas na investigação da Lava Jato, o ex-procurador, Deltan Dallagnol (Podemos), eleito deputado federal pelo Paraná, também declarou apoio ao atual presidente, Jair Bolsonaro.
Apoio a Bolsonaro
Para o ex-juiz e ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, Lula “não é uma opção eleitoral”, devido aos vários escândalos que aconteceram quando o agora senador eleito estava à frente da Lava Jato. “Contra o projeto de poder do PT, declaro, no segundo turno, o apoio para Bolsonaro”, escreveu em suas redes sociais.
Moro, figura icônica do “lavajatismo” passou por várias fases durante o governo Bolsonaro. O ex-magistrado fez parte da equipe ministerial do presidente, como chefe da pasta da Justiça e Segurança Pública e ficou no cargo até abril de 2020, segundo informações do Estadão.
O ex-magistrado se demitiu alegando que Bolsonaro tentava interferir na Polícia Federal. Bolsonaro afastou e desligou, nessa época, o diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo, sem expor quais teriam sido os motivos para sua demissão. Valeixo foi indicado por Sergio Moro para ocupar o alto mando da PF.
Após deixar a gestão Bolsonaro, Moro se filiou brevemente ao Podemos e logo depois se filiou ao União, após abrir mão de concorrer à presidência. À época, Moro disse que “para ingressar no novo partido, abro mão da pré-candidatura presidencial”. O partido Podemos afirmou, também na mesma época, que soube do desligamento do ex-magistrado pela imprensa. A troca de partidos foi feita no penúltimo dia hábil da janela partidária.
Após os inúmeros desentendimentos durante sua estadia no ministério, Moro passou a focar seus ataques contra Lula e Jair Bolsonaro, para tentar se aproximar do eleitor de centro. Depois das eleições do 1º turno, as desavenças teriam sido superadas. Segundo o site Poder 360, Bolsonaro disse que não teria “nada desabonador para criticar” o ex-magistrado.
O senador eleito acompanhou o atual presidente e candidato à reeleição no debate na Rede Bandeirantes, como também participou de um comercial de Bolsonaro. Para o presidente, a aliança foi reatada após uma ligação, onde teria dito que ambos “estão se dando muito bem”.