O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira que o seu adversário no segundo turno da eleição presidencial, o presidente Jair Bolsonaro (PL), “se comporta como se fosse” pedófilo. A declaração foi dada durante entrevista ao podcast Flow.
Lula falava sobre o episódio em que Bolsonaro diz, em uma entrevista, que foi à casa de adolescentes venezuelanas depois que “pintou um clima”.
“Ele foi lá com segundas intenções” disse o ex-presidente.
Indagado pelo apresentador se acreditava mesmo que Bolsonaro era pedófilo, Lula respondeu:
“Ele se comporta como fosse. O tratamento que ele dá às mulheres. Ele vai terminar um mandato de presidente e nunca reuniu nenhum agrupamento de organização da sociedade, nem favelado, nem trabalhadores, nem sindicatos, nem mulher, nem negro, nada. Ele vive por conta de alimentar os milicianos deles de mentira. Ele tem um exército poderoso para divulgar mentiras e vive disso.”
Na sequência, o petista prosseguiu:
“O comportamento no caso das meninas da Venezuela é o comportamento de um pedófilo. E ele percebeu isso. Por isso é que ele ficou apavorado e tentou se explicar o mais rapidamente possível.”
Lula também foi questionado se o PT não deveria fazer autocrítica em razão dos erros que cometeu e disse:
“Se eu fizer autocritica todo dia eu não preciso de oposição.”
Em relação às denúncias de corrupção na Petrobras, o petista afirmou que “deve haver”.
“Houve os problemas de corrupção da Petrobras? Deve haver porque a Petrobras tem 82 mil trabalhadores, milhares de engenheiros, milhares de servidores, milhares de pequenas e médias empresas. Quando você descobre a corrupção o que você faz? Prende o ladrão, mas não prejudica os trabalhadores.”
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Durante a entrevista, o petista foi questionado se liberaria a maconha em um eventual governo.
“Essa não é uma questão que o governo tem que tratar. Essa é uma questão que ou o Congresso Nacional trata ou a Suprema Corte cuida” respondeu.
Lula aproveitou a pergunta para rebater a notícia falsa, propagada por apoiadores de Bolsonaro, de que pretende criar banheiros unisex nas escolas.
“A questão que ele (Bolsonaro) fala: “o Lula vai fazer banheiro unisex”. É absurdo. Esses caras não tem respeito. Eu sou pai de cinco filhos, oito netos, dos quais quatro são meninas. Eu tenho uma bisneta menina. Esses caras acham que podem mentir de qualquer jeito e as pessoas acreditarem. Não é possível as pessoas terem o desplante de contar uma mentira dessa dentro de uma igreja. A igreja é um lugar pra tratar da espiritualidade.”
Em outro momento, também reafirmou que é contra o aborto.
O petista rebateu ainda a afirmação de que o Brasil foi beneficiado durante os seus governos do boom mundial do preço das commodities, o que teria feito a economia crescer além da média mundial.
Lula ainda disse na resposta que o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que o apoia agora no segundo turno, não deu certo, apesar de ter as mesmas condições.
“Se criou o fetiche que Lula deu certo por causa do boom das commodity. Por que que não deu certo (o governo) Fernando Henrique Cardoso? É porque meio nós fizemos com que as coisas acontecessem colocando o pobre dentro do orçamento. Sabe quantos empregos nós criamos no nosso governo? Vinte e dois milhões com carteira assinada.”
Ao responder se foi Bolsonaro ou o antipetismo que determinou o resultado da eleição de 2018, Lula respondeu que ganharia se não tivesse sido preso em abril daquele ano por causa de condenação por corrupção e lavagem de dinheiro na Lava-Jato no caso do tríplex do Guarujá.
“Eu ganharia as eleições no primeiro turno.”
O apresentador também perguntou se Lula ficou bravo por Neymar ter declarado apoio a Bolsonaro.
“Não fiquei puto com Neymar. Ele tem direito de escolher quem quiser para ser presidente. Eu acho que ele está com medo que se eu ganhar as eleições, todo mundo vai saber que o Bolsonaro perdoou a dívida do imposto de renda dele. Obviamente que Bolsonaro fez um acordo com ele e agora ele está com um problema com imposto de renda na Espanha, mas isso não é um problema do presidente. É da Receita Federal e não meu” disse.
Questionado sobre a estranheza que a aliança com Geraldo Alckmin pode ter causado na base petista, Lula afirmou querer conversar “com muita gente, com muito empresário, para salvar o Brasil”, caso seja eleito.
“O Alckmin consegue conversar com um grupo de pessoas que eu não consigo conversar. Aumenta o leque de pessoas que podemos conversar” disse.
Por fim, o candidato do PT a presidente foi perguntado se pretendia fazer a regulação dos meios de comunicação e respondeu:
“Eu não vou citar aqui, mas tem canal de televisão que só fala asneira, grosseria, ofende. Nós temos que ter uma regularização. A última é de 1962. Nós temos que chamar a sociedade para discutir. A gente pode fazer uma legislação como a inglesa ou americana. Ninguém quer uma regulação como Cuba. Ninguém quer uma rádio ou televisão que só fala o que interessa ao governo. Ninguém assiste” disse.
Confira o podcast: