Para novo delegado, Adélio Bispo pode estar escondendo possíveis mandantes da facada.
O laudo de saúde mental de Adélio Bispo, autor da facada contra o então candidato Jair Messias Bolsonaro, em 2018, foi pedido pelo delegado da Polícia Federal, Martín Bottaro Purper, responsável pelo inquérito e investigações, quem quer ouvir novamente Adélio.
Bottaro pediu à Justiça Federal de Campo Grande (MS), onde Adélio está preso, o laudo do mesmo, alegando ter intenções de identificar os possíveis mandantes ou financiadores do autor. O acesso foi negado devido ao laudo estar sob sigilo, estando restrito a somente os envolvidos.
Segundo fontes ouvidas pela CNN Brasil, nas anteriores investigações, a PF tinha concluído que Adélio agiu sozinho em setembro de 2018. A facada foi dada em Juiz de Fora (MG), quando Bolsonaro, então candidato presidencial pelo PSL fazia campanha no centro da cidade mineira, quando foi atingido por Adélio.
À época, Adélio havia sido conduzido para a sede da PF do município mineiro. É a Polícia Federal quem faz a segurança dos presidenciáveis.
Relembre o caso
Bolsonaro estava sendo carregado por apoiadores em sua visita a Juiz de Fora (MG), quando foi atingido por uma faca. Adélio teria sido imobilizado pelos apoiadores e logo em seguida foi capturado pelos agentes de segurança que estavam também no local.
Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, no local havia tumultos, muita tensão e bate-boca, o que terminou marcando a visita do então presidenciável ao hospital filantrópico da Associação Feminina de Prevenção e Combate ao Câncer (Ascomer).
Os pacientes do hospital tinham enfrentado grande dificuldade para ingressar ao hospital, devido ao cordão de isolamento feito pelos integrantes do movimento conservador da cidade.
Reabertura de caso
Para Bottaro, quem assumiu as investigações este ano após a PF reabrir a investigação, é crucial saber quem eram os mandantes do crime. O delegado está na corporação há 17 anos.
Rodrigo Fernandes, delegado quem estava conduzindo até então as investigações sobre a facada, chegou a dar por concluída as investigações em duas ocasiões. Em um primeiro momento, afirmou que Adélio teria agido sozinho e que não houve mandante por trás do atentado contra o agora presidente Jair Bolsonaro.
Fernandes saiu do caso após sua conclusão ter sido contestada por apoiadores do presidente. Em dezembro do ano passado (2021), foi conduzido para uma força tarefa da Polícia Federal que atua nos Estados Unidos, estando naquele país desde então.
Adélio Bispo continua preso em ala psiquiátrica em um presídio em Mato Grosso do Sul, desde 2018, ano em que cometeu o atentado contra o atual presidente. Seu laudo apresenta a seguinte consideração, que o autor da facada estaria acometido por “distúrbios que alteram a percepção de sua realidade”.
Para a 5ª Vara Federal de Campo Grande (MS), Adélio deve continuar em internação psiquiátrica, porque um dos laudos fornecidos atesta que o envolvido não baixou seu potencial de “periculosidade”, isto é, continua sendo visto como uma pessoa que pode atentar novamente contra a vida alheia.
Em julho deste ano (2022), novo laudo médico foi expedido, assinado pelos peritos José Brasileiro Dourado Júnior, Leonardo Fernandez Meyer e Bárbara Andréia Milagres Feijó, onde atestam que Adélio tem “comportamento inadequado”, que fala sozinho em muitos momentos e que não tem convívio com os demais presos, conforme apurado pelo Portal R7.
Preso tem falta grave disciplinar por desobediência
Para os peritos, no momento da avaliação, o quadro de Adélio parece ser instável. “Ele apresenta delírios de cunho religioso, persecutório e político e se nega a fazer uso das medicações prescritas”.
O autor da facada teria sido diagnosticado com transtorno delirante permanente paranoide, que é a condição em que o paciente não consegue diferenciar os fatos ocorridos.
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Todas as informações foram devidamente repassadas ao Ministério Público Federal (MPF), que mantém a internação de Adélio, que só poderá ser solto após a verificação de cessação do transtorno.