Apesar de ter sido escanteada na TV aberta e ficado restrita ao Globoplay, “Todas as Flores” tem conquistado o público pela história forte e dramática e também pela escalação acertada do elenco.
Inevitavelmente, surgiram comparações com Travessia, novela das nove exibida na Globo e que não tem agradado tanto assim o telespectador.
A comparação pode até ser válida, afinal as duas tramas estrearam com poucos dias de diferença.
Além disso, “Todas as Flores” iria substituir Pantanal (2022) no horário nobre da líder de audiência. Mas a emissora preferiu adiantar o folhetim de Gloria Perez e transferiu a trama de João Emanuel Carneiro para o streaming – o que teria deixado o autor frustrado.
No entanto, não é lá muito justo comparar as novelas. Logo nos primeiros capítulos, as histórias de Maíra (Sophie Charlotte) e Vanessa (Leticia Colin) se mostraram bem mais interessante de acompanhar do que a futilidade de Chiara (Jade Picon) e as decisões nem um pouco sábias de Brisa (Lucy Alves).
Até porque é bem difícil de engolir que a maranhense tenha escondido seu nome para a polícia e também não consiga entrar em contato com a família desde que foi solta mesmo tendo uma conta nas redes sociais. As mentiras da protagonista ficaram sem sentido – e nem com muito esforço o público tem conseguido “voar” para embarcar nessa, como já sugeriu Gloria Perez no passado.
Enquanto isso, os personagens de Carneiro enfrentam dramas pesados. O mocinho sofredor Diego (Nicolas Prattes), por exemplo, caiu nas graças dos internautas pela sequência de desgraças em tão pouco tempo: o rapaz ficou sem casa e comida, tem uma mãe doente, dois irmãos pequenos e ainda caiu num golpe ao trocar sua liberdade por dinheiro – que não recebeu. Na cadeia, o ex-garçom já tem motivos suficientes para planejar uma vingança daquelas.
Há ainda outro fator que coloca “Todas as Flores” em vantagem: a química dos casais principais. Vanessa e Pablo (Caio Castro) sempre elevam a temperatura nas cenas de pegação.
Maíra e Rafael (Humberto Carrão) também deram liga logo nas primeiras sequências juntos. É muito mais fácil torcer por esses romances do que para o insosso envolvimento de Chiara e Ari (Chay Suede).
As performances de Leticia Colin e Regina Casé como vilãs também merecem entrar na lista de motivos para acompanhar com mais empenho o folhetim do Globoplay. Destilando absurdos e ofendendo diversas minorias, Vanessa é quase uma sucessora de Flora (Patricia Pillar), de A Favorita (2008).
Desde a semana de estreia, “Todas as Flores” virou o produto mais visto do Globoplay na lista Top 10 – “Em Alta” e superou “Travessia”. Raramente uma novela das nove no ar na TV aberta perde o posto de primeiro lugar no ranking da plataforma.
Enquanto isso, a saga de Brisa tem decepcionado no quesito audiência. A história não manteve os bons índices de Pantanal e fez até a emissora reviver o trauma de “Um Lugar ao Sol” (2021), maior fracasso do horário, ao atingir apenas 19,9 pontos na Grande São Paulo no último dia 22.