Cinegrafista da BBC só conseguiu entrar no estádio Al Bayt após ligar para uma linha direta específica para atender problemas da Copa do Mundo.
Segundo a jornalista inglesa Natalie Pirks, da BBC, o cinegrafista que a estava acompanhando durante a cobertura dos jogos da Copa do Mundo no Catar, foi barrado ao tentar ingressar no estádio Al Bayt, em Al Khor, por ter em seu relógio uma pulseira e o visor com as cores do arco-íris.
Segundo o GE, o cinegrafista e a jornalista chegaram para acompanhar o jogo da Inglaterra e o segurança do estádio impediu o cinegrafista de entrar. O profissional teria ganhado a pulseira de seu filho.
Após comentar a situação em suas redes sociais, a jornalista Natalie Pirks disse que após dois minutos aguardando a entrada, ambos puderam ingressar para assistir ao jogo. Os cataris criaram uma linha direta para solucionar possíveis problemas que eventualmente pudessem acontecer. Como a homossexualidade é considerada um crime no Catar, existe um forte movimento de repressão a qualquer tipo de utensílio colorido que remita às cores do arco-íris.
Outros casos de combate à bandeira arco-íris também ocorreram no Catar. No último domingo, no jogo Estados Unidos e País de Gales, um jornalista americano ficou aproximadamente meia hora detido por usar uma camisa em apoio à causa.
Em suas redes sociais, o jornalista Grant Wahl comentou que foi impedido de acessar a área destinada aos jornalistas porque ele estava usando uma camiseta com as cores do arco-íris. Segundo Grant, um policial ordenou que ele trocasse de camiseta para só assim ele entrar na área restrita aos jornalistas. Após o incidente, o jornalista recebeu um pedido de desculpas por parte da Fifa.
No mesmo jogo, segundo o GE, a ex-jogadora galesa Laura McAllister também foi barrada ao se negar em retirar um chapéu com as cores do arco-íris.
Outra situação parecida aconteceu com o jornalista pernambucano Victor Pereira, que foi abordado por policiais cataris ao portar a bandeira do estado de Pernambuco. Os guardas acharam que era algum tipo de manifestação e quase confiscaram a bandeira do jornalista. A situação aconteceu nos arredores de Lusail, que foi o palco do encontro de Argentina e Arábia Saudita, na última terça-feira.
De acordo com as informações apuradas pelo GE, a Fifa irá investigar a abordagem feita ao jornalista brasileiro. Além de ter a bandeira retida, o jornalista Victor Pereira também teve o celular tomado por sujeitos que se identificaram como policiais. O jornalista filmou a abordagem. Segundo o jornalista, o celular só foi devolvido quando ele mostrou ter apagado o vídeo que fez da abordagem policial.
O jornalista disse que o guarda teria arrancado a bandeira do estado de Pernambuco e a jogado no chão, quando começou a pisar a bandeira. A reação, segundo Victor Pereira, foi de filmar a situação para poder depois noticiá-la sobre a abordagem que recebeu dos policiais cataris. Um dos policiais percebeu que o jornalista estava gravando e ordenou que ele deletasse o conteúdo na frente dos demais. A abordagem, segundo o GE, foi filmada por outras pessoas que compartilharam a situação em suas redes sociais.
O Catar vem enfrentando uma série de denuncias relacionadas à quebra dos direitos humanos, como no caso dos trabalhadores migrantes que trabalharam nas obras antes da Copa do Mundo.
De acordo com o Código Penal do Catar, a homoafetividade é proibida para homens e mulheres. Segundo o código, a pena máxima para quem violar a normativa pode chegar até o apedrejamento.