Ex-presidente do Banco Central teme irresponsabilidades fiscais na gestão do presidente Lula.
O economista e ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, já havia declarado anteriormente que espera por ideias razoáveis no atual governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Sem arrependimentos por ter votado a favor do representante do Partido dos Trabalhadores, de acordo com a CNN Brasil, o profissional deixou claro em outubro do ano passado a sua crença de que ao longo desses anos, devem ter aprendido algo.
Posicionamento de Armínio Fraga nas eleições
Armínio Fraga iria anular seu voto de maneira a indicar pouca confiança em Jair Bolsonaro e Lula. Contudo, se viu em uma sinuca de bico e cercado pelo aumento de alguns riscos. Crítico ao governo do presidente anterior, embora pensasse nas oportunidades desperdiçadas pelo PT enquanto esteve no poder, achou melhor adotar um posicionamento frente às Eleições 2022, como apontado pela revista Exame.
Mencionou que Lula teria dificuldades para governar, tendo em vista sua preocupação referente ao maior poder no Congresso por aliados do seu adversário. A indefinição em meio ao cenário político bem polarizado chamou sua atenção, causando-lhe um certo receio e temor.
O que também estaria aumentando sua indecisão na época, era a falta de propostas por parte dos dois candidatos à presidência. Na visão de Fraga, faltou um maior aprofundamento sobre temas econômicos, políticos e sociais.
A garantia de que a qualidade democrática não seria prejudicada, foi algo bastante esperado por parte do economista a ser ouvido em meio aos debates e discursos na televisão. A troca de ofensas acabou ficando mais em evidência, pelo que os telespectadores puderam observar. Para ele, a incerteza de uma defesa da manutenção do estado democrático, impactou bastante em sua tomada de decisão, e acredita-se que na dos demais eleitores indecisos também.
Novo discurso
Porém, nesta quinta-feira (15), um novo discurso começou a partir de Armínio Fraga. Na ocasião, ele declarou estar sentindo medo após demonstrar seu apoio a Lula. Isso porque em suas palavras, os demais políticos que irão compor sua gestão, têm dado alguns indícios de irresponsabilidade fiscal.
Em entrevista ao Brazil Journal, Fraga foi categórico ao falar que o apoio ao PT ocorreu sem qualquer condicionalidade. Seguiu seu raciocínio alegando que vários sinais já foram dados, a respeito daquilo que ele mais teme acontecer. Embora não tenha conclusões definitivas em relação ao futuro, Armínio Fraga fala sobre comentários negativos que fazem jus à política de estilo intervencionista.
No geral, analisa a situação como algo preocupante para o cenário brasileiro. O ex-presidente do Banco Central critica duramente a PEC do estouro, conforme o Correio do Povo, sob análise do Congresso Nacional.
A mesma pode expandir o teto de gastos em aproximadamente R$200 bilhões, restando ao governo Lula bancar o Auxílio Brasil a cerca de R$600 e acrescentar R$150 por cada criança de até seis anos que faça parte de famílias beneficiárias da assistência governamental. Do ponto de vista macroeconômico, o especialista enxerga que o Brasil está instaurando um grave problema.
Mesmo entendendo as demandas legítimas que isso implica, ele avalia que se não houver um bom preparo para os investimentos necessários, o caos tende a ser implantado economicamente falando, de maneira que o crescimento econômico recue.
Na prática, Armínio Fraga pontua que a PEC de R$200 bilhões não deva ser aprovada. Para ele, os objetivos e metas podem ser atingidos e são importantes dentro de um governo, no entanto, eles precisam ser estabelecidos e concretizados aos poucos.
Destaca ainda que o prazo deve acontecer entre quatro a oito anos e comentou que a PEC deveria ser de no máximo R$50 bilhões. Por fim, ressalta que os sinais mostram que a situação econômica está indo na contramão do equilíbrio fiscal, sendo um caso emblemático e de configuração extremamente precária.