Uma jovem de 28 anos cortou os pulsos para ser levada ao hospital e denunciar a agressão que sofreu do marido em Goiânia, Goiás.
Após o ocorrido, ela prestou queixa contra o companheiro, porém, dias depois, retirou a denúncia contra o homem na Polícia Civil. Segundo apurado pelo Terra, ela passou a ser representada no processo pela mesma advogada que defende o suspeito.
Em entrevista ao portal, a delegada Priscila Souza Silva Ribeiro, da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), informou que o homem foi preso no início de janeiro suspeito de agredir a esposa.
“Ela chegou ao hospital com os pulsos cortados e, no local, contou para a equipe médica que havia se cortado porque ficou atordoada com todas as violências que tinha sofrido aquele dia. Ela relatou que estava sendo impedida de sair de casa, sofrendo ameaças, xingamentos, violência psicológica. E também informou que havia levado um tapa no rosto do marido”, explicou a delegada.
A equipe médica acionou a polícia, e o homem foi preso em flagrante. “Dois dias depois, ela procurou a delegacia para retirar a queixa. Eu conversei com ela, e ela me enviou comprovantes médicos afirmando que ela não estaria bem psicologicamente, que estava em surto, sem uma percepção real dos acontecimentos.”
A delegada informou ainda que, apesar da vítima ter retirado a representação contra o suspeito, o homem foi indiciado, na segunda-feira, 9, pela contravenção de vias de fato, devido à suspeita de agressão contra a mulher. O homem está solto, após ser liberado em audiência de custódia.
“O inquérito foi paralisado com relação aos crimes que dependiam da desistência dela, como ameaça e perseguição. Mas tinha no meio uma contravenção por crime de vias de fato, que é pela agressão, o tapa que ela relatou. Com relação a esse crime, não depende da vítima dizer se representa contra ele ou não. Por isso, concluímos o inquérito, e ele foi indiciado por vias de fato. Eu encaminhei o processo ao judiciário”, afirmou.
Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) informa que os fatos apresentados são graves e, se comprovados, podem trazer consequências ético-disciplinares. “Eventual processo ético é sigiloso e nada será feito sem observar o contraditório e ampla defesa”, afirmou.
Se você presenciar um episódio de violência contra a mulher ou for vítima de um deles, denuncie o quanto antes através do número 180, que está disponível todos os dias, em qualquer horário, seja através de ligação ou dos aplicativos WhatsApp e Telegram.
O mesmo número também atende denúncias sobre pessoas idosas, pessoas com deficiência, pessoas em restrição de liberdade, comunidade LGBT e população em situação de rua. Além de denúncias de discriminação étnica ou racial e violência contra ciganos, quilombolas, indígenas e outras comunidades tradicionais.