Após ser explorado por quase 2 anos em uma propriedade rural na Baixada Fluminense, o homem foi resgatado e sente a liberdade de viver novamente em paz.
Nesta terça-feira (28), um homem de 51 anos foi retirado de uma situação análoga à escravidão após passar quase 2 anos trabalhando em uma propriedade rural no bairro de Austin, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, sob condições miseráveis. De acordo com as informações do jornal O Globo, o homem, que é um pedreiro natural de Minas Gerais, permaneceu na propriedade sem que suas necessidades básicas fossem atendidas, além de também não receber um salário.
O pedreiro conta que o dono da propriedade não havia lhe prometido nada, mas em troca da moradia, ele cuidava dos porcos para o patrão. No local, o homem morava em uma espécie de quitinete inacabada com três cômodos, que não tinha banheiro e parte do teto estava destelhado. Além disso, ele afirma que não sabia que estava sendo explorado pelo proprietário, mas garante que agora irá dar a volta por cima.
Segundo o jornal O Globo, o homem não tomava banho de chuveiro fazia mais de 1 ano, pois no local era apenas banho de balde com a água que pegava de um vizinho. Quanto à comida, ele explicou que havia dias que não fazia nenhuma refeição, por isso, acabava comendo a comida que era servida aos porcos, separando os restos de arroz, frutas e legumes. Além disso, o pedreiro também afirmou que só tinha comida de verdade quando conseguia algum trabalho eventual e, com o dinheiro, podia comprar algo para se alimentar.
![Livre do trabalho escravo, homem desabafa: “Foi bom dormir numa cama e tomar café. Me senti mais digno”](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/03/Screenshot_2-13.jpg)
Apesar do que viveu nos últimos anos, felizmente, homens da patrulha ambiental do município retiraram o pedreiro do trabalho escravo que se encontrava. Segundo o homem, quando eles chegaram, pensou que iria ser preso, mesmo sem ter cometido nenhum crime. Apesar do medo, ele afirmou que se isso acontecesse, pelo menos teria um lugar onde pudesse vencer a fome e a sede.
Ainda segundo O Globo, a patrulha encontrou o homem deitado em cima de um colchão velho, armado sobre três engradados plásticos, como se fosse uma cama improvisada. Livre, ele finalmente pôde dormir em uma cama de verdade e tomar banho de chuveiro, depois de ter sido encaminhado a um abrigo que funciona no Centro de Acolhimento da Rede Socioassistencial do município. O pedreiro conta com alegria que foi muito bom dormir na cama e tomar café com pão e manteiga, pois se sentiu mais digno.
Agora, apesar de ter família no Rio de Janeiro, o homem tem o desejo de dar a volta por cima sem dar trabalho para os seus familiares. Ele diz que não é orgulhoso, só não quer dar trabalho para as pessoas e já tem ciência de que não pode voltar para o local que estava. O pedreiro, que tem problemas de saúde como hipertensão, sinusite e uma ferida que custa a fechar em sua perna, afirma que não sabe como vai ser daqui para frente, mas quer viver uma nova história e superar tudo o que aconteceu.
![Livre do trabalho escravo, homem desabafa: “Foi bom dormir numa cama e tomar café. Me senti mais digno”](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/03/11487223_x240.jpg.webp)
Vale ressaltar que, segundo o artigo 149 do Código Penal Brasileiro, o trabalho escravo é dito como a redução de um ser humano, no qual a pessoa é submetida a trabalhos forçados, jornadas exaustivas, condições degradantes de trabalho, privação da liberdade, ofensa à dignidade do ser humano e outros. Para o combate ao trabalho escravo nos dias atuais, é necessário o engajamento de toda a sociedade, bem como dos órgãos e entidades públicas. Caso você conheça alguém que esteja passando por esta situação, denuncie imediatamente informando as autoridades pelo disque 100.
Para casos não emergenciais, basta ligar para o 180 ou para o Disque 100, ambos os canais estão disponíveis todos os dias, em qualquer horário e oferecem orientações às vítimas de violência doméstica, seja através de ligação ou dos aplicativos WhatsApp e Telegram.
Os números também atendem denúncias sobre pessoas idosas, população LGBT, pessoas com deficiência, pessoas em restrição de liberdade e população em situação de rua. Além de denúncias de discriminação étnica ou racial e violência contra ciganos, quilombolas, indígenas e outras comunidades tradicionais.