A Inteligência Artificial (IA) já é um fato: ela está entre nós. Com a popularização de ferramentas como o ChatGPT, em novembro do ano passado (2022), as novas tecnologias podem acabar substituindo tarefas que exigiam aptidões humanas, chegando até a automatizar vários processos dentro da própria tecnologia.
Segundo o site O Globo, as máquinas, até então, substituíam o trabalho mais braçal, operacional e repetitivo, oferecendo uma maior agilidade e rapidez nas linhas de produção de algumas empresas. Mas seu avanço tem sido tão rápido que algumas habilidades em algumas profissões correm o sério risco de perder espaço para a Inteligência Artificial.
Vários profissionais têm relatado que a Inteligência Artificial tem feito o trabalho, que antes exigia o esforço intelectual, como o de programadores, em tempo recorde. Tanto é que muitos estão aderindo às configurações e somente corrigindo os códigos que as ferramentas têm entregado. Isso pode significar um risco para alguns profissionais que não se atualizarem, e pode gerar novas demandas e habilidades, cada vez mais sofisticadas.
Alguns pesquisadores do banco americano Goldman Sachs acreditam que pelo menos 300 milhões de trabalhos possam deixar de existir com a automatização e a popularização da Inteligência Artificial. No relatório, os pesquisadores acreditam também que cerca de 18% do trabalho, a nível mundial, possa ser informatizado e automatizado, sendo os efeitos mais sentidos em países com economias mais avançadas que nos mercados em crescimento.
Ainda no relatório, como ponto positivo, os pesquisadores preveem um crescimento econômico com o uso generalizado da Inteligência Artificial, o que pode até aumentar a produtividade no trabalho. Uma das consequências imediatas seria que o PIB global pode até aumentar em um período de 10 anos em 7%.
Existem muitas especulações sobre o que pode resultar no futuro com a popularização das ferramentas tecnológicas. Alguns especialistas são mais alarmistas e alertam que a Inteligência Artificial pode fazer com que a brecha salarial seja maior ainda e que a desigualdade de renda entre profissionais da mesma área.
Entrevistado pelo jornal O Globo, o professor de Relações Internacionais e de Ética e Inteligência Artificial no Ibmec-SP, Gustavo Macedo, afirma que o debate sobre o uso da IA deve ser multilateral. “Será preciso mesmo substituir tantos postos de trabalho por automação?”.
Profissões ameaçadas pela Inteligência Artificial
Segundo um estudo publicado na revista arXiv, os pesquisadores conseguiram detectar quais habilidades humanas poderão ser substituídas pela Inteligência Artificial, bem como quais profissões correm o risco de perder espaço para a automação.
Entre as habilidades estariam a tradução, a geração de imagens e a modelagem de linguagem, como também a compreensão e alguns trabalhos manuais. Nas profissões consideradas como “de base”, os profissionais de telemarketing têm o maior risco de perderem seus empregos.
De acordo com os pesquisadores, as respostas dos clientes podem alimentar a Inteligência Artificial em tempo real e “solicitações relevantes e específicas podem ser transmitidas a um operador de telemarketing quando necessário”. Os pesquisadores também alertam que algumas atividades podem terminar sendo substituídas por bots, que serão alimentados através da modelagem de linguagem.
Algumas profissões também correm o risco de perderem espaço para a Inteligência Artificial. História, Geografia, Sociologia e Inglês são algumas das 20 ocupações de ensino superior que os pesquisadores conseguiram catalogar.
Outros pesquisadores sugerem que trabalhos braçais possam também deixar de existir. Um grupo de investigadores da Ecole Polytecnique Fédérale de Lausanne revelou que limpadores, trabalhadores de serviços gerais e de limpeza, os que trabalham em frigoríficos e construtores têm o risco maior de serem substituídos por máquinas.
Para o professor Rafael Lalive, que faz parte do estudo, um dos maiores desafios da atualidade é saber como os profissionais podem se tornar resilientes e driblar a automação.