Um grupo de crianças brincava em um campinho de futebol em uma comunidade na região de São Mateus, zona leste de São Paulo, quando encontraram o corpo de um homem no meio de um matagal nesta última segunda-feira (10/04).
As crianças estavam jogando, quando ao chutar forte a bola, ela ultrapassou a grade do campo, vindo a cair na área da mata, ao lado do campinho de futebol.
Uma das crianças correu para buscar a bola quando viu o corpo do homem. Segundo o R7, o cadáver tinha uma marca de tiro na testa e estava com os braços e as pernas amarradas.
Até o momento, de acordo com a Polícia Militar, o corpo foi identificado como sendo de um homem de aproximadamente 30 anos de idade, além de estar em estado avançado de decomposição. Uma das hipóteses levantadas é que ele foi assassinado pelo tribunal do crime, já que o matagal é conhecido pelos moradores da região como lugar de desova.
![Crianças acham corpo em decomposição ao correrem atrás de bola de futebol em SP](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/04/futebol-matagal-corpo-zl-sp-10042023094144617.jpeg.webp)
Como age o “Tribunal do Crime”?
O Tribunal do Crime, que existe em várias cidades do país, é conhecido por promover sessões de tortura em pessoas que cometeram algum tipo de crime contra alguma facção ou contra a comunidade a qual a facção tem domínio.
As vítimas são submetidas ao cárcere privado e passam por uma espécie de julgamento que tem um veredito decretado por integrantes da facção criminosa, que decidem qual a punição da vítima.
De acordo com o UOL, a maioria das facções tem códigos de conduta que proíbem crimes como assédio e abuso sexual.
No caso do Primeiro Comando da Capital (PCC), também estão situações como a delação de outros criminosos e integrantes da facção às autoridades, conversas que possam entregar planos internos, até infrações entendidas como leves, desde urinar nas ruas justificam a punição do tribunal do crime.
“Para aquele que praticar ato de traição, o preço é a morte”, revela a desembargadora Ivana David.
No PCC existe um estatuto que é denominado por “cartilha de condução”. Existem uma série de penalidades que variam de acordo com o ato cometido, desde uma suspensão até o assassinato.
Quando são julgadas como culpadas pela facção criminosa, as vítimas podem ser mortas a tiros, enforcadas ou terem a cabeça decepada. Para se livrarem dos corpos, as facções desovam em áreas de pouco acesso, em malas, em veículos – que terminam sendo abandonados – alguns sendo até enrolados em cobertores.
Tido como pena capital, os assassinatos só ocorrem se os membros da cúpula da facção autorizarem a execução da vítima. Uma vez julgada, os parentes das vítimas passam a ser observados por integrantes da facção, como medida de retaliação para evitar qualquer outra dissidência.
De acordo com investigações, em São Paulo, a favela de Paraisópolis é o lugar onde se concentram mais tribunais do crime, mas no país inteiro existem várias ramificações.
Alguns crimes, cometidos no Pará, chocam pelo nível de violência ao qual as vítimas são expostas. A dinâmica é semelhante em todas as execuções: os captores mandam que as vítimas revelem a razão de estarem sendo punidas.
Essas ações são frequentemente gravadas e servem como aviso para as comunidades e familiares das vítimas, que se caso desrespeitarem as normas de conduta das facções, essas pessoas terão o mesmo fim.
Segundo o portal DOL, em 2020 um homem foi espancado por praticar crimes na Grande Belém, no Pará. Ele foi levado para uma obra, que estava em construção, e foi acusado de atrair a polícia para a região.
Em Manaus, capital do Amazonas, em 2019, um adolescente de 17 foi resgatado após a polícia receber uma denúncia de tiros de arma de fogo. O adolescente estava amarrado e foi espancado com um taco de beisebol.