Um idoso faleceu após ser atacado por um pitbull no quintal de uma residência na Rua Vital, em Quintino, Zona Norte do Rio, por volta das 8h desta terça-feira (23). João dos Santos Ferreira, de 71 anos, era compositor da Acadêmicos do Salgueiro.
De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, João foi encontrado já sem vida na casa onde residia com seu filho.
O caso foi registrado na 29ª DP (Madureira), que está investigando o ocorrido. Os policiais pretendem interrogar o filho da vítima, proprietário do cachorro, e realizar outras diligências para esclarecer os fatos.
João era muito estimado por seus colegas na escola de samba.
“Ele contribuiu muito para a cultura do samba e do carnaval, muito querido por todos nós do Salgueiro. Um cara muito alegre e talentoso. Os poetas da academia e a presidente da ala estão chocados pois ele estava na feijoada do Salgueiro de domingo e na festa de sábado”, lamentou a compositora e cantora Liesbeth Nunes.
Em 2013, ele recebeu um prêmio pelo seu samba-enredo intitulado “Enredo Fama”, que abordava o tema do cinema.
O corpo de João será sepultado no Cemitério São Francisco Xavier nesta quarta-feira (24). O velório está programado para iniciar às 10h na Capela H, e o enterro ocorrerá às 16h15.
A Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que os policiais militares do 9º BPM (Rocha Miranda) foram acionados para a ocorrência. Eles tiveram que disparar contra o cachorro para conter o ataque. Somente assim, os bombeiros puderam se aproximar.
Saiba como agir em caso de ataque
No ano passado, o especialista em comportamento animal Alexandre Rossi concedeu uma entrevista ao g1 para explicar o que fazer diante de uma emergência, como um ataque de um animal de grande porte.
Segundo Rossi, se o ataque for iminente e inevitável, algumas ações podem ser tomadas para minimizar a situação:
Possível ataque
“Se você estiver andando ou correndo na rua, e avistar um animal que fique agressivo ou em posição de ataque contra você. Pare ou comece a andar em diagonal. Os animais interpretam que você está indo na direção dele (quando estamos correndo). Se você parar o movimento e deixar de ir na direção dele adotando a diagonal, ele vai entender que não está sendo mais ameaçado.”
“Se não der tempo de sair de perto, indicamos parar, congelar. É difícil, mas o cachorro deixa de se atrair por aquilo que não se mexe. Essa técnica consegue evitar até 80% dos ataques. É indicado ainda não gritar, o barulho também é interpretado pelo cão como uma ameaça.”
“É difícil, mas correr é sempre ruim. Só corra se tiver a certeza que vai escapar, como entrando em algum lugar e fechando uma porta, por exemplo.”
Início do ataque
“Se não tiver jeito e o cachorro estiver indo na sua direção, procure uma parede para tentar se apoiar e evitar que o animal te derrube no chão.”
“Se estiver com algum objeto nas mãos, uma bolsa, uma mochila, coloque na sua frente. O animal vai tender a avançar no objeto e não em você.”
Sob ataque
“Se vir alguém sob ataque, não tente puxar o cachorro. Ele estará mordendo uma pessoa e, ao ser puxado, poderá rasgar, ferir ainda mais a vítima. Se tiver como, use uma corda ou guia laçada na barriga do animal para suspender sua parte traseira. Ao sentir que está se desequilibrando, ele vai soltar a vítima.”
“Se ele estiver de coleira, você pode ainda tentar passar um pedaço de pau no local e começar a torcer para que ele comece a perder o ar. Ele vai soltar a vítima. ”
“Outra possibilidade, é jogar água no cachorro. Qualquer coisa que desperte sua atenção, cause um susto pode terminar o ataque. Se tiver uma mangueira por perto, vale jogar água na direção da boca para que ele pare de morder e se preocupe em recuperar o ar.”
Responsabilidade do proprietário
É importante lembrar que as pessoas que possuem animais de grande porte devem receber orientação sobre como lidar com o animal em todas as circunstâncias.
“Costumo comparar com um carro, que serve para transportar pessoas, mas também pode matar. Para você ter um carro, precisa de um conhecimento e tirar a carteira, que você pode perder caso faça bobagem. Para ter um animal desse tipo, as pessoas deveriam passar pela mesma coisa: receber uma instrução mínima para lidar com ele, receber uma permissão ou licença para criá-lo e serem responsabilizadas caso façam besteira. Não é só porque ele é seu bichinho, seu filhinho, que ele não pode matar alguém”, afirma Alexandre.
O especialista ressalta ainda que não são apenas animais submetidos a maus-tratos que podem apresentar comportamento violento. “Mesmo com amor e carinho, um cachorro pode atacar alguém, e você precisa saber e conseguir conter o seu animal”, diz ele.
Saiba onde denunciar:
Secretaria Municipal de Promoção e Defesa dos Animais (SMPDA): Para denúncias de abandono de animais nas ruas no município do Rio de Janeiro, entre em contato com a SMPDA por meio da Central de Atendimento ao Cidadão, pelo número 1746, ou pelo site.
Ivisa-Rio
Em casos de abandono ou maus-tratos a pitbulls ou animais raivosos, o atendimento é realizado pelo Centro de Controle de Zoonoses Paulo Dacorso Filho (CCZ), que recebe denúncias por meio do 1746 e de outros órgãos, sejam eles municipais, estaduais ou federais. Esses órgãos são responsáveis pela vigilância, prevenção e controle de doenças transmitidas por animais, que são relevantes para a saúde pública.
Delegacia
Em caso de descumprimento da lei do uso de focinheira, qualquer pessoa pode registrar uma ocorrência em uma delegacia ou online. Mesmo que não haja um ataque, é importante denunciar um animal agressivo para que o proprietário possa ser responsabilizado civil ou criminalmente no futuro.