Há aproximadamente um ano, o ator Jeff Machado mantinha trocas de mensagens de áudio com seu amigo e produtor de TV Bruno Rodrigues, considerado pela investigação como o principal suspeito do homicídio do ator ocorrido em janeiro deste ano.
Durante essas conversas, Jeff compartilhava com Bruno o sonho que tinha de conseguir um papel em uma novela. Além disso, por confiar nele, o artista revelava a Bruno suas dificuldades financeiras, o desejo de seus avós de vê-lo em um grande papel e o receio de ter que retornar para Santa Catarina, o estado onde nasceu.
“Oi, Bruno! Bom dia! Ontem, meu avô de 98 anos e minha avó de 92 me pediram para ligar. Meu avô disse: ‘meu filho, vai demorar muito para você fazer uma novela? Porque estou ficando velhinho e gostaria de te ver na televisão’. Achei aquilo tão… E pensei em falar com Bruno. Como você é um cara sensível e ficou muito triste com a perda de sua avó e sua mãe, achei que deveria te contar isso porque você tem sido tão especial para mim, tem me ajudado e me indicado”, diz parte da mensagem de voz enviada pelo ator ao amigo.
No áudio de 3 minutos e 42 segundos, Jeff pediu várias vezes a Bruno que o auxiliasse a conseguir um papel em uma novela. A principal linha de investigação da polícia é que o ator tenha sido vítima de um golpe, já que tanto durante o período em que esteve desaparecido quanto nos dias anteriores, realizou pagamentos no valor de R$ 20 mil aos supostos criminosos.
“Bruno, não desista de mim. Me dê uma força. Eu queria entrar logo para que meu avô me visse. Minha avó me deu um conselho: ‘quando você quer algo, tem que ser insistente e ir atrás, mesmo sendo inconveniente’. Não vou ligar para você diretamente, mas enviei essa mensagem de voz tranquilamente, em casa, e não estou ansioso. Eu preciso trabalhar, Bruno. Meu dinheiro acabou. Eu realmente preciso. Quero me reinventar. Você conhece minha história, e minha vida vai mudar. É o que eu quero. Não quero voltar para o Sul. Não sei por que você cruzou meu caminho”, diz o ator em outro trecho do áudio.
Durante a mensagem, Jeff também mencionou que conheceu o produtor por acaso e não sabia que ele trabalhava na TV. Além disso, o artista desabafou que gostou de Bruno porque ele o apoiava “sem pedir nada em troca”.
“Conversei com você e nem sabia que trabalhava na TV Globo, gostei de você. Depois que me perguntou o que eu fazia e eu disse que fazia figuração, achei tudo uma coincidência. Me dê uma previsão, só para eu ter uma ideia. Obrigado, querido. Nunca vou esquecer que você está me apoiando sem pedir nada em troca. Um abraço forte. Quando quiser vir aqui em casa, me avise que eu te busco”, conclui Jeff.
A conversa entre Jeff e o amigo já está registrada no inquérito que investiga a possibilidade de o assassinato do ator ter ocorrido após uma promessa de trabalho falsa. Além do áudio, a polícia está analisando as transações bancárias realizadas no cartão de crédito de Jeff em datas posteriores ao seu desaparecimento.
Até o momento, nenhum mandado de prisão foi emitido para Bruno Rodrigues. De acordo com a polícia, pelo menos três pessoas, incluindo o amigo de Jeff, são suspeitas de homicídio e ocultação de cadáver.
O que se sabe sobre o caso até agora:
Jeff estava desaparecido desde janeiro, e a Polícia Civil do Rio de Janeiro conduzia as investigações para descobrir seu paradeiro.
O sumiço do ator, que atuou na novela “Reis” da Rede Record, foi revelado quando uma ONG entrou em contato com a família após encontrar oito cães abandonados em sua residência.
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A mãe de Jeff foi quem procurou a polícia em janeiro para relatar o desaparecimento de seu filho. Ela notou que o rapaz, que costumava responder por mensagens de áudio, passou a responder apenas por texto, usando uma linguagem incomum. Ela pediu para ouvir a voz dele, mas ele afirmava não poder enviar áudios.
Após o desaparecimento, uma postagem foi feita em sua conta no Instagram com a legenda “Recomeço. Gratidão!”.
Em 22 de maio, a polícia encontrou o local onde o corpo do ator estava. Ele foi descoberto e levado para o Instituto Médico Legal (IML), onde foi identificado. O laudo confirmou, por meio das impressões digitais, que era o corpo do ator desaparecido.
O corpo estava dentro de um baú de madeira, com as mãos amarradas, enterrado e concretado a dois metros de profundidade em um terreno na Rua Itueira, em Campo Grande, Zona Oeste do Rio.
O baú pertencia à vítima e fazia parte da decoração de sua casa. O objeto aparece em fotos publicadas nas redes sociais.