O cozinheiroRicardo Krause Esteves Najjar, pai acusado de matar sua filha Sophia Kissajikian Cancio Najja, de 4 anos, em 2015, foi condenado no dia 26 de maio a um ano, seis meses e 20 dias de prisão por homicídio culposo, o que significa que não houve intenção de matar.
O novo julgamento teve início em 24 de maio e foi concluído às 23h45 do dia 25 de maio. A primeira condenação de Ricardo ocorreu em 2018, quando recebeu uma sentença de 24 anos e 10 meses de prisão, porém esse veredito foi anulado após dois anos (veja os detalhes abaixo).
Em entrevista ao Programa Encontro, da TV Globo, Lígia Kissajikian Câncio, mãe da criança, expressou sua tristeza e informou que o Ministério Público já recorreu da nova decisão.
“Para a nossa família é uma intensa tristeza não sentir que a justiça tenha sido feita nesse caso. Não estamos satisfeitos com a decisão, já decidimos recorrer e gostaria de dizer que vou continuar lutando por justiça.”
Relembrando o caso
O crime ocorreu em dezembro de 2015, no bairro Jabaquara, Zona Sul de São Paulo. A criança foi encontrada asfixiada com um saco plástico na cabeça. Na época, a defesa do pai alegou que se tratava de um “acidente doméstico”, afirmando que a criança estava brincando com o saco plástico.
Ricardo foi preso durante o velório da menina e permaneceu detido por um ano. Foi posteriormente libertado antes do julgamento devido ao “excesso de tempo de prisão temporária”. Ele foi preso novamente em março de 2017.
Em 2018, Ricardo foi julgado e condenado a 24 anos e 10 meses de prisão por homicídio doloso, que implica intenção de matar, com dupla qualificação. Ele também foi condenado por fraude processual, sob a acusação de ter supostamente alterado a cena do crime. Naquela época, o cozinheiro estava detido na Penitenciária de Tremembé, no Vale do Paraíba.
Em setembro de 2020, o Tribunal de Justiça de São Paulo divulgou que o julgamento que condenou o réu em 2018 havia sido anulado devido à “contradição nos quesitos dos jurados”. Por decisão unânime, os desembargadores da 12ª Câmara Criminal entenderam que o veredito era nulo e determinaram a liberdade provisória do réu.
Na época, o advogado de defesa de Ricardo, Antonio Ruiz Filho, comemorou a decisão, afirmando que era “justa” após “ele esperar tanto tempo preso pelo julgamento” e devido à inconsistência na resposta dos jurados em relação à qualificadora do crime, que envolvia a execução cruel por asfixia. Segundo o advogado, um dos jurados mudou de opinião durante a votação dos quesitos.
Os desembargadores entenderam que, como Ricardo aguardou preso pelo julgamento, deveria ser colocado em liberdade até o novo julgamento.
O segundo julgamento foi adiado várias vezes devido à pandemia e também a pedido da defesa.
O crime
A menina morava com a mãe, mas passava alguns períodos com o pai. Foi no apartamento de Krause, localizado na Zona Sul de São Paulo, que ela foi encontrada asfixiada com um saco plástico na cabeça.
Peritos e investigadores vasculharam o apartamento, no primeiro andar de um prédio, no Jabaquara, por duas vezes e não encontraram indícios de que outra pessoa estivesse presente no local além da menina e do pai no dia do crime. Não havia sinais de arrombamento.
A namorada de Ricardo e sua irmã, que também moravam no apartamento, afirmaram à polícia que não estavam em casa no dia do crime. Ricardo foi preso dois dias depois, durante o velório da filha.
Os exames realizados pelo Instituto Médico Legal revelaram que a criança apresentava hematomas pelo corpo, ruptura do tímpano e uma lesão interna na boca. O pai de Sophia sempre se declarou inocente e contou à polícia que estava tomando banho e, ao sair, encontrou a filha com um saco plástico na cabeça, sem respirar.
Um ano após a prisão de Ricardo, em dezembro de 2016, o ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou sua soltura. Em sua decisão, ele considerou que houve “excesso de prazo” na prisão temporária, que é decretada antes da condenação para preservar as investigações ou evitar novos crimes.