Um pai de uma criança de 5 anos tomou medidas legais ao registrar um boletim de ocorrência para responsabilizar uma escola municipal de São Paulo pelo fato de seu filho ter saído do local de estudo sem que os seguranças, professores ou funcionários percebessem.
O incidente ocorreu no CEU Aricanduva, na zona leste de São Paulo, em 3 de abril.
A criança percorreu sozinha cerca de 1,2 km em vias movimentadas da região, como a Avenida dos Latinos e a Avenida Aricanduva. Por sorte, o menino sabia o caminho de volta para casa e nada de ruim aconteceu.
Procurada pelo R7, a Secretaria Municipal de Educação informou que foi aberto um processo administrativo para investigar o caso preliminarmente. “Serão providenciadas a expansão do alambrado e a instalação de câmeras no quintal da unidade para reforço da segurança”, afirmou a secretaria em comunicado.
Fernando Henrique de Paula relatou que estava trabalhando quando descobriu que a escola havia comunicado o desaparecimento de seu filho. “Minha prima estava em casa, mas até ela falar que ele já tinha chegado, minha alma saiu do corpo e voltou”, afirmou o pai ao R7.
Preocupado com o pior cenário, após receber a ligação da prima, Fernando imediatamente deixou o trabalho e foi para casa verificar o estado do filho. Ao constatar que a criança estava bem, dirigiu-se à escola em busca de explicações.
“Quando cheguei lá, o pessoal ainda estava procurando ele. Encontrei com a diretora, e ela veio tentar me acalmar, porque estava bem nervoso. Acabei até me alterando, falei que não se tratava de um animal, mas, sim, do meu filho, que tem 5 anos. Como assim ele saiu sem ninguém ver?”, questionou.
Segundo Fernando, a própria diretora da escola pediu que ele não levasse o caso à polícia. No entanto, o pai decidiu registrar um boletim de ocorrência e consultar um advogado para processar a escola, com o objetivo de evitar que outras famílias passem pelo mesmo desespero que ele enfrentou.
Para os advogados de Fernando, a criança correu risco de acidentes e até mesmo de perder a vida.
Após o incidente, o pai relata que a diretora passou a fazer mais perguntas sobre a criança e seu comportamento em casa. No entanto, ele acredita que a responsabilidade recai sobre a própria escola.
“A gente confia que nossos filhos aprendem e são supervisionados por lá, mas vemos cinco ou seis seguranças que ficam ao redor sempre com o celular na mão. É óbvio que ninguém vai perceber nada”, afirma.
Secretaria Municipal de Educação investiga a conduta da escola
Embora o incidente tenha ocorrido em 3 de abril, foi somente nesta terça-feira (6) de manhã, mais de dois meses depois, que Fernando foi convocado pela Secretaria Municipal de Educação de Itaquera para prestar esclarecimentos.
Ele relata ter fornecido todas as informações necessárias e recebeu a informação de que a secretaria está investigando o caso.
Veja a nota da Secretaria Municipal de Educação na íntegra:
“A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), esclarece que a Diretoria Regional de Educação (DRE), tão logo foi informada sobre o caso, abriu um processo administrativo para apuração preliminar.
A equipe gestora informa, ainda, que serão providenciadas a expansão do alambrado e a instalação de câmeras no quintal da Unidade para reforço da segurança. A supervisão escolar acompanha o caso, acolheu os familiares e acionou o Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem (NAAPA), composto de psicopedagogos e psicólogos, visando à garantia dos direitos e proteção dos estudantes.
Um Boletim de Ocorrência foi registrado pela família, e a pasta está à disposição dos familiares para quaisquer esclarecimentos.”