Uma jovem estudante de enfermagem, cheia de sonhos e que se preparava para ajudar a salvar vidas, foi descrita pelos familiares como Anne Caroline Nascimento Silva, de 23 anos, durante a visita ao Instituto Médico-Legal (IML) no domingo para a liberação do corpo. A jovem foi baleada durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na noite de sábado, na Rodovia Washington Luiz. Segundo uma tia da vítima, ela estava voltando de um restaurante com o marido, Alexandre Melo, quando foi atingida. Anne Caroline foi socorrida para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte, mas não resistiu.
“Era uma jovem cheia de sonhos”, disse Janete Bezerra do Nascimento, tia de Anne Caroline.
Ela acrescentou que, além de estudar enfermagem, a sobrinha também trabalhava em uma loja de venda de aparelhos telefônicos pertencente ao cunhado. Anne Caroline e o marido saíram de casa, no Parque das Missões, por volta das 19h de sábado. Eles foram a um restaurante para comemorar sete anos de relacionamento. Ao retornarem para casa em um Jeep Renegade, o veículo foi abordado por agentes da Polícia Rodoviária Federal.
Segundo o relato do marido de Anne Caroline à família, quando ele se preparava para parar o carro, o veículo foi alvejado por dez tiros. Apenas a jovem foi atingida. Alexandre trabalha coletando óleo de cozinha em restaurantes para reciclagem, de acordo com Janete.
Após ser atingida, Anne Caroline foi levada pelo marido, com a ajuda dos policiais, para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, mas chegou lá já sem vida. A abordagem ocorreu na Rodovia Washington Luiz, no sentido Baixada Fluminense, nas proximidades do quartel do Corpo de Fuzileiros Navais.
A tia da vítima expressou que toda a família está profundamente abalada e que sua irmã, mãe da jovem, está tomando calmantes. Os parentes só tomaram conhecimento do ocorrido na manhã de domingo.
“É muito triste. Minha irmã criou ela trabalhando como doméstica. Deu tudo de melhor a ela, para acontecer uma fatalidade dessa. É muito triste mesmo. A família está toda abalada. Minha irmã está à base de calmante. Ela só chora”, disse Janete.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os agentes estavam em uma perseguição tática a um veículo suspeito em fuga por volta das 22h, na altura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, quando a mulher foi atingida por um disparo que teria sido feito pela equipe da corporação.
O policial responsável pelo disparo foi preso e levado para a sede da Polícia Federal, no Centro do Rio, onde aguardava a audiência de custódia. No domingo, um dia após o incidente fatal, o policial foi liberado.
A direção do Hospital Estadual Getúlio Vargas (HEGV) informou que a paciente deu entrada na unidade às 22h48, recebeu atendimento, mas faleceu no domingo.
Em comunicado, a PRF afirmou que a Corregedoria foi acionada e está acompanhando as investigações do caso, que estão em andamento na Polícia Federal. Além disso, foi aberta uma investigação interna. A PRF lamentou “o desfecho da ocorrência” e se colocou “à disposição da família”.
A Polícia Federal informou ter iniciado um inquérito policial com base na prisão em flagrante.