O tio da jovem cigana Hyara Flor Santos Alves, Ricardo Silva Alves, tornou-se o pivô de uma suposta vingança que teria levado ao trágico assassinato dela.
Em entrevista ao GLOBO, ele revelou que mantinha um romance clandestino com Janaína Alves, mãe do marido da vítima, principal suspeito pelo homicídio. Essa relação proibida perdurou por aproximadamente seis anos e teve início antes mesmo do casamento.
No passado, o marido de Janaína descobriu a traição e ameaçou Ricardo de morte com “seis tiros na cara”. Acredita-se que a morte da jovem, ocorrida no último dia 6 com um tiro no pescoço, esteja vinculada a uma trama de vingança arquitetada desde tempos remotos.
“Eu e a Janaína tínhamos um caso há mais ou menos seis anos. Naquela época o marido dela descobriu, me encontrou e disse que ia me dar seis tiros na cara. Mas o tempo passou e agora quando soube que a minha sobrinha ia casar com o filho de Janaína, eu disse que era melhor pararmos de nos encontrar. Ficamos afastados e voltamos a nos falar há uns 90 dias. Até que aconteceu a tragédia”, relatou Ricardo.
Segundo o tio da vítima, o romance era conhecido na comunidade cigana de Guaratinga, onde ambas as famílias residiam. Ele revelou que Janaína costumava presenteá-lo com itens valiosos para mantê-lo ao seu lado, como uma pulseira de ouro e R$ 25 mil. Apesar de receber os agrados, ele tentava encerrar o relacionamento, porém, alega que Janaína já havia tentado se machucar seriamente, inclusive cortando os pulsos, quando tentou terminar o romance anteriormente.
“Ela me mandava fotos com vários remédios na mão falando que ia tomar. Já tentou se enforcar. Era uma situação muito complicada”, relatou ele, enfatizando que nunca imaginou que a situação pudesse culminar em uma tragédia.
Os amantes costumavam se encontrar em uma cidade vizinha
Conforme o relato de Ricardo, o relacionamento extraconjugal ocorria em motéis na cidade de Eunápolis, localizada a cerca de duas horas de Guaratinga. Para justificar os encontros com Ricardo, Janaína inventava a desculpa de que iria à costureira para confeccionar suas roupas típicas.
“Todo mundo desconfiava. Eu tentava não deixar na cara, mas a Janaína não conseguia. Ela me dizia que o marido batia muito nela”.
A família de Hyara suspeita de vingança
Em 6 de julho, a jovem cigana Hyara Flor Santos Alves, de 14 anos, foi morta a tiros em Guaratinga, Bahia. Seu marido, também de 14 anos, é apontado como principal suspeito do crime, segundo os familiares da vítima. O pai da jovem revelou ao GLOBO que acredita que o assassinato foi planejado pelo pai de seu genro, que não aceitava a traição de sua esposa com Ricardo, tio de Hyara. Vídeos mostram Júnior Silva Alves, pai do suspeito dos disparos, manipulando uma arma preta enquanto bebe.
“Ele sabia que minha filha era muito querida por todos da comunidade e principalmente pela família dela. Então, ele planejou casar o filho dele com a minha filha e mandou o menino matar a Hyara, porque achou que não fosse dar em nada”, afirma Hiago Alves, pai da vítima.
Os casamentos na comunidade cigana são arranjados e costumam acontecer quando os noivos ainda são bem jovens. Assim como Hyara, o marido, agora foragido, tem 14 anos. Para o pai de Hyara, a filha foi usada para a família do noivo se vingar do caso extraconjugal. A Polícia Civil da Bahia ainda não informou se Júnior tinha ou não posse de arma. Todos os integrantes da família do noivo, incluindo a mãe envolvida no romance, estão foragidos desde o assassinato.
Polícia investiga feminicídio
A morte da jovem, que possuía uma conta com 18 mil seguidores no TikTok, está sendo investigada como feminicídio pela Polícia Civil do estado. Procurada, a polícia informou que não divulgará detalhes sobre o caso.
De acordo com informações divulgadas pelo Fantástico neste domingo (16), o laudo da perícia revela que o tiro que atingiu a jovem no dia 6 de julho foi disparado por alguém que estava a, no máximo, 25 centímetros de distância. A bala penetrou pelo pescoço e ficou alojada na vértebra cervical da adolescente. O crime teria sido presenciado por uma testemunha ocular: o tio do noivo teria visto o momento em que ele manuseava a arma.
Ainda não há informações conclusivas sobre se o tiro foi intencional ou acidental, mas a polícia solicitou à Justiça a apreensão do marido de Hyara, uma vez que ele é menor de idade.